Naïve Letters - Alex Fleming
Los Angeles Times
Alex Fleming, após ter grande apelo do público em suas canções como estreante, lança o debut album \'Naive Letters\' contando sobre suas emoções, sentimentos e consequências de seus relacionamentos. Um dos favoritos para a nova temporada de \"New Artists\" abre seu compilado musical com a primeira parte, de quatro, de sua trajetória num momento de desamor. Abrindo com \'Ally\'s Song (To Be Broken)\' ele transforma sua narrativa de maneira decrescente, contando primeiramente sobre o resultado de um relacionamento tóxico e posteriormente a partir de \'The Lies He Told\' o significado de tudo isso. As duas primeiras faixas não são grandes coisas, são bonitas, mas ainda seguem o clichê da temática, mas a estrela do lado de Ally é \'Punished\'. A canção é bem poderosa, principalmente quando chegamos ao seu curto e preciso refrão com o trecho marcante: \"Eu não conseguia ter a coragem de fugir de suas garras / Porque você sabia como manipular minhas atitudes\". A colaboração com Stelar \"Heaven Was You\" fecha esse lado com o aspecto da ingenuidade de Fleming. Promessas cercadas de meras ilusões são o ponto chave das quatro primeiras faixas do álbum, que se complementam não tão coerentemente entre si, mas dá pra entender o que está acontecendo. Agora, o lado de Ronan carrega uma carga sentimental muito mais interessante que a anterior, aparentemente menos cansativa e monótona e muito mais coerente. Entre as quatro faixas, \"First Day\" e \"Forever Mine\" servem como uma canção de longa duração, uma começa e outra termina. é interessante visualizar em cada uma a bagagem lírica que ambas carregam, muito detalhe e riqueza nas escolhas das palavras. Mas o grande ápice do disco se encontra no lado mais intimista e individual, sendo o lado de \"Alex\", este que diz muitos, mas muito sobre ele e da forma mais crua, sem apelar para metáforas e deixando tudo ao pé da letra. \"When I Was Younger\" é tão clara e difícil de ser consumida, estávamos lendo sobre o quão Fleming acordava numa compulsão alimentícia e como ele estava condenado a isso, onde ele conta detalhadamente como se sentia vivenciando essa fase difícil e delicada de sua vida... Não é comum vermos tracks nesse contexto na indústria. \"Father\" também segue nessa estética e traz um trecho doloroso: \"Eu não sei se isso é algo que é minha culpa / Mas você nunca me perguntou sobre\". Porém, o mais bonito é que nesta faixa ele não culpa seu pai diretamente por essa falta de presença e proximidade, mas também entende que as sequelas do passado permanecem em sua relação, o que é uma pena, mas há persuasão de Fleming sobre o assunto. O encerramento com \"Letter\" é obviamente conclusivo, com versos que referenciam cada \"side\" do álbum e mostra a composição como as lições que ele tomou pra si após cada crônica cantada. Numa análise geral das letras, é possível entender que todas são muito bem escritas, mas sem dúvidas o conglomerado de faixas mais perspicazes se encontra em \"Alex\' Side\". Que maestria, que parte polida e que momento delicado do disco: um acerto. Em contraponto, mesmo boa, as 4 primeiras faixas do disco são as mais fracas quando chegamos ao final das 13 faixas. \"Ally\'s Side\" não é tão coerente e a narrativa não tão bem estrutura quanto as outras, e os conceitos presentes nelas não expõe nada além do óbvio de relações interpessoais amorosas. Analisando o lado da produção, a assinatura conta com RAWAK e é claramente algo que simula a estética de seus trabalhos anteriores, visualizando \"grain textures\" e outros artefatos típicos de suas capas e encartes, porém aqui tudo é mais limpo e segue uma linha mais simples a ser conduzida. A cor verde parece remeter a esperança e constatou bem com a fotografia P&B, porém é tão simples que nesse ponto não há nada a se destacar. Quanto a estrutura e a coerência do todo, nota-se três partes, três narrativas diferentes, três roteiros e tudo isso mostra que nem só de canções de amor vive Alex Fleming. É uma boa construção, mas claramente se não fosse dessa forma e se fosse estruturado como um álbum clássico, o patamar nesse critério seria totalmente diferente, talvez ainda melhor. Portanto, claramente o disco de música country entrega majoritariamente muitos tipos de sentimentos, também em sua maioria com uma lírica bem detalhista e sua estruturação quase perfeita, com uma produção \"ok\" e uma harmonia do conjunto da obra que fecha de forma louvável. Melhores Faixas: When I Was Younger, First Day e Punished Pior faixa: The Lies He Told

Spin
Explorando o country de uma forma pop e formidável, Alex Fleming lança o esperado e curioso Naïve Letters, nos surpreendendo de uma forma positiva. O novato conseguiu entregar, em uma obra multi-narrada, uma construção e destruição amorosa que cativa e nos deixa curiosos para ver mais sobre o triângulo narrativo formado. Que Alex é um bom compositor, já sabemos — isso desde Strong, o single que iniciou sua era. Então, viemos com sede ao pote e conseguimos dizer que demos um gole fresco e que bastou para nos encher. Claro que, como todo álbum, existem pontos menos fortes que outros, mas a divisão tripla do álbum consegue dar destaque até as faixas mais escondidas. Alex, Ally e Ronan são três divisões curiosas e que nomeiam, direcionam e apontam o sentido do álbum, nos guiando pela experiência amorosa. Devemos dizer que é algo para sentar-se e ler com atenção, tornando o álbum mais lírico-experiencial do que somente uma obra, de fato. Como dito antes, o álbum conta sim com partes mais fracas, como em /The Last Time/, que sentimos uma certa neutralidade que incomoda, tirando a emoção que a faixa poderia passar. Além disso, também sentimos este nó mais frouxo em /Letter/, onde Alex narra uma carta onde disserta mais sobre os relacionamentos abordados nas outras partes. Nesta faixa, sentimos que o artista preferiu apaziguar as dores do que as explorar mais ao fundo, de fato, e tirar o melhor, liricamente falando. Porém, essas faixas são facilmente esquecidas quando escutamos /Heaven Was You/, por exemplo. A música, que conta com os vocais de Stelar, conta sobre o esforço contínuo com alguém que não se dedica na mesma quantidade. Ambos artistas brincam com a ingenuidade, com o amor platônico e com a decepção de forma satisfatória e curiosa, nos transmitindo a emoção que é necessária para sentir-se como Alex neste relacionamento. Analisando, agora, o lado visual do álbum, nos deparamos com uma superficialidade e simplicidade que beira o decepcionante. Entendemos que a proposta era entregar uma experiência totalmente pessoal e íntima, para nos colocar ainda mais dentro do lírico de Fleming mas, infelizmente, não consegue cumprir de forma objetiva a sua função. É um erro leve, pois a composição visual, edição e distribuição de textos não é ruim, só necessita de um maior esforço e criatividade, para entregar um ambiente que beire um diário, onde Alex despeja seu coração, mente e sensações. Para seu primeiro álbum, Alex Fleming acerta em cheio no lírico, nos deixando ansiosos para os próximos passos não somente da era mas, também, de sua carreira, evoluindo nos pontos em que citamos acima.