BEDROOM DRAMA - Noan Ray

American Songwriter
Entregando uma qualidade interessante já em seu primeiro trabalho de estúdio, Noan Ray lança BEDROOM DRAMA e consegue nos prender em todos os âmbitos necessários. O álbum consegue ser interessante de forma visual e lírica, servindo como uma ótima porta de entrada para mostrar o talento e criatividade do artista. / As composições rodeiam o dia-a-dia adolescente vivido por ele, e de uma forma curiosa e interessante, nos abraçando e colocando no mundo sob a visão de Noan. É possível sentir os conflitos psicológicos nas composições, como em /caution/, faixa promocional do álbum, ou em /california/, onde também vemos o teor emocional romântico na composição. No geral, o álbum entrega ótimas letras, embora cometa alguns deslizes leves e comuns em trabalhos extensos, como em /married to the ocean/, que não é tão interessante quanto as demais faixas, ou em /vintage guy with the leather jacket/, que poderia alcançar uma profundidade maior, visto a proposta da faixa. Como dito antes, não são faixas ruins, e sim músicas menos fortes como as demais faixas. Este acontecimento é bem comum em álbuns, pois exige um trabalho grande que envolve repertório lírico e criatividade. Destacamos /kaleidoscope/ das demais faixas, onde Noan fala sobre a relação sensível entre o artista e sua família. É uma faixa interessante, que nos coloca dentro do âmbito familiar dele, que consegue nos passar os sentimentos mistos de culpa e dúvida, além de conseguir implantar, na gente, uma positividade sobre o assunto. / Na parte visual do álbum, começamos com a capa de BEDROOM DRAMA, que consegue nos inserir e guiar neste mundo quase fantasioso que utiliza do azul, uma das cores que retratam o psicológico, para nos envolver e mostrar já no começo que o álbum trata-se de uma série de pensamentos e reflexões do artista sobre os acontecimentos do dia-a-dia. Vemos o azul contrastar com o branco de forma confortável e harmoniosa, mantendo o tema de forma leve e sem chamar mais atenção que a faixa, na página. É um equilíbrio perfeito entre visual e lírico, pois um não sobrepõe o outro, criando e mantendo uma ótima experiência de consumo. As texturas são colocadas de forma espetacular, casando todo o álbum com a temática escolhida, além de conseguir encaixar todas as imagens de Noan sem criar nenhuma espécie de ruído gráfico. As capas de /caution/ e /even the love/ conseguem, também, manter a identidade visual do álbum e seguram a era de forma excepcional, trazendo uma curiosidade necessária para atrair pessoas para consumirem o álbum.
Los Angeles Time
Estreando com seu álbum de estúdio Bedroom Drama, Noan Ray traça uma narrativa acerca da efervescência de sua fase adolescente e os dilemas por ela implicados. Ao longo das quatorze faixas, o compositor canadense (com suporte de Alex Fleming) se lança de peito aberto sobre as complexidades desse período, o que torna a sua escrita relacionável e despretensiosa. Numa primeira impressão, o trabalho visual executado para o disco é adorável. Aqui, o artista (que o produziu junto com outtathisworld e Tammy) não corre muitos riscos, e essa simplicidade proporciona o trunfo de um material polido, limpo e agradável, algo que vai na contramão de certas tendências da indústria. É difícil apontar um defeito de qualidade nesse aspecto do projeto - no entanto; a capa se mostra como seu ponto mais insípido, e, tratando-se do cartão-postal do álbum, peca em sua função de atrair os ouvintes. Liricamente, como já foi posto, Noan Ray opta por uma abordagem leve, que oscila em picos de energia como alguém vivendo a adolescência. O long-play abre com \"overloaded\", que já expõe conflitos internos: \"I haven\'t checked my messages in a long time / I\'m not in the mood to face a screen\". Esse trecho evidencia um primor de Noan em aplicar pequenos detalhes, de certo ângulo banais, que enriquecem muito suas canções. A faixa, no entanto, se perde um pouco com o excesso de informações principalmente em seu refrão, em que as ideias poderiam ter sido resumidas e, assim, transmitidas de forma melhor. Essa prolixidade infelizmente permeia quase todo o disco, sendo o maior defeito de sua composição. Como pontos altos da tracklist, evidenciam-se \"titled and hidden\" (mesmo sendo a mais sacarosa do projeto), \"caution\" (que lida brilhantemente com a aspereza do fim da adolescência), \"good god\" (esta é a melhor de todo o conjunto, tendo \"I\'ve been told I have voices in my head/but I never heard them say yes\" como um dos melhores momentos de todo o álbum - aqui, Noan é exitoso ao encontrar um balanço entre sua experiência pessoal e uma questão tão maior que ele como o embate entre imposições religiosas e juventude, de modo que a canção não se torna enfadonha) e \"even the love\". Com \"happy ending\", Noan promete não ser um final feliz para suas investidas amorosas. Porém, para aqueles se deparam com Bedroom Drama pela primeira vez, esse é um final mais do que feliz: é um final que deixa um gosto de quero mais. Os defeitos desse disco não podem ser despercebidos, mas os deslizes de um adolescente podem ser superados, ainda mais quando eles não fazem frente ao empolgante amadurecimento de um artista promissor.
TIME
O talentoso cantor, produtor e compositor canadense Noan Ray deixa no passado o mediano \'Profane World\' e a belíssima mixtape \'HEAVEN\' para ingressar de vez em sua primeira era de trabalho intenso, intitulada \'BEDROOM DRAMA\', sendo seu álbum de estreia onde aproveitou para contar de suas experiências quanto à descobertas, amores e desavenças do seu período de adolescência. Partindo pro lado lírico temos algumas obras primas assinadas por Ray como a belíssima \'married to the ocean\'. Um hino romântico, ambientado numa vibração muito positiva, como um amor platônico por uma estrela do rock e que esse amor ritmado à guitarras leva a canção a outro patamar, com versos individuais muito bem desenvolvidos, fazendo-a uma das melhores tracks do álbum. Mais a frente encontramos a melancolia exacerbada que Noan já nos entregou na maravilhosa \'wtf is the neon lights in the dark?\', dessa vez aplicada em \'crashed\'. É uma faixa perfeita, cujo primeiro verso carrega uma bagagem extensa mas muito bem elaborada, como se contasse uma história com riqueza de detalhes, isso é bem preciso no trecho: \"as lembranças do quarto iluminado pelas pequenas lascas de luzes / entrando pelas venezianas empoeiradas do seu apartamento\". Até aqui o disco perâmbula entre momentos de amor e pura melancolia, mas a partir da majestosa \'nikes, yikes, flirts\', Noan Ray entrega-se a uma melodia mais escrachada, típico da vibe teen, com versos icônicos muito parecidos a estética reggae, como nos trechos: \"todos querem me achar, estou procurado, estou chapado / é uma droga estar sobre a areia e desejar estar nas nuvens. É uma canção muito divertida, com momentos bem descolados e com versos de tirar o fôlego. O disco começa a ganhar um peso de superação e evolução, as o que parecia ser um momento de solitude ao artista, ele novamente se coloca em condição de dar lugar ao amor na faixa \'vintage guy with the leather jacket\'. Logo após ela, o pré-refrão de \'young and free\', uma das melhores do álbum, define o que o \"BEDROOM DRAMA\" é em suma \"me diga por que, por que, por que eu prefiro montanhas russas?\". Logo, ele encerra o disco com mais uma assinatura muito bem detalhada em \'happy endings\'. Áspera e feroz, como uma diss-track a si mesmo ele grita: \"não projete suas expectativas sobre mim / eu não sou um final feliz\" e transforma o refrão dessa canção no melhor refrão do álbum. A canção poderia facilmente ser um rock, mas a melodia alternativa e folk provoca essa estranheza que se torna eficaz, já que mesmo cantando pra ele mesmo se olhando no espelho, sua letra serve como calmante, refletindo a calmaria do instrumental. Após a experiência de leitura do disco, notamos que ele não é clássico, ou seja, não possui uma narrativa concreta entre começo, meio e fim, porém, mesmo se baseando em compilados de faixas sobre várias temáticas, não é possível compreender a existência de faixas de término, paixão, término novamente, mensagem social, religião e novamente término respectivamente. Além do ciclo vicioso que se gera, o ambiente torna-se bagunçado e talvez a melhor forma de tapar esses buracos seria transformando-o num álbum clássico, o que utilizando as faixas presentes neste LP faria mais sentido. Porém, mesmo com esse adendo, a bagunça autorizada que o todo pode se tornar pode ser proposital levando-se em conta que a vida adolescente é cercada acontecimentos repentinos, hormônios à flor da pele e insuficiências de características que defina um momento tão delicado e difícil de compreender. O visual entrega uma estética característica de Noan Ray, sempre isolando uma cor específica em contra ponto com o branco e o preto. Dessa vez o azul foi o escolhido da vez, contribuindo pra índole melancólica que o álbum traz em sua maioria, junto com avatares sorrateiramente recortados para servirem de contrastes as paisagens e fundos que complementam o booklet. É um encarte típico de artista independente, mais simples, mas muito bonito, porém tem seus momentos de erros de execução como na página de \'kaleidoscope\', a página mais fraca, com um retângulo aleatório sob sua imagem dentro de um espelho. Como num veredito final, podemos definir que Noan Ray entrega um álbum que é a perfeita definição do que é ser um adolescente que transborda sentimento e incertezas, contribuindo muito para a sua discografia, mesmo tendo uma coerência controversa, é um ótimo álbum de estreia e sustenta sua força como compositor no gênero alternativo, já que por aqui não há se quer uma canção ruim. Nota: (Composição: (9+8+10+8+8+9+7+10+8+10+8+10+7+10)/14=87) + (Coerência: 67) + (Criatividade: 85) + (Visual: 80) = 80.