Prodigal Tragedy - MOE
TIME
Após seu segundo álbum de estúdio extremamente bem feito e coeso, MOE retorna com seu terceiro disco, intitulado \"Prodigal Tragedy\", que traz uma mistura de Rock e Dance e trazendo dez faixas em sua raiz. A primeira faixa do disco, intitulada \"Rebellion\" fala sobre a sensação de seguir os desejos do coração e enfrentar pressões, usando a metáfora de uma rebelião no banco de trás, Moe sugere uma resistência contra as convenções impostas pela sociedade atual, onde traz uma letra extremamente bem feita e refinada, trazendo uma linguagem doce mas ao mesmo tempo forte em geral. \"Whenever I Get Married\" traz MOE querendo proteger seu parceiro de experiências passadas e prometendo não repetir erros cometidos por outras pessoas, é uma faixa muito bem feita e construída em sua raiz por inteiro. \"Unravel\" fala como a artista se sente ao observar o céu e refletir seu futuro e o desconhecido que está a chegar, mesmo com algumas expectativas que podem ser frustradas, os versos da canção são pequenos, mas conseguem passar bem a sua mensagem, com uma estrutura ótima. \"The Next Worst American Record\" é uma faixa que crítica a tendência de muitas músicas atuais ficarem em temas melancólicos, questionando se é necessário ser tão dramático a ponto de expor todas as suas fragilidades para ser relevante e popular, com uma lírica bastante impactante e expressiva, a faixa sem dúvidas é um destaque enorme no disco até aqui. \"Backstabber\" parceria com LaShae, reflete um relacionamento onde existe muitos conflitos, ambas a artistas fazem uma mistura entre o amor e o ódio, onde se sentem dispostas a perdoar e permitir se machucar novamente, mesmo que isso soe estranho e de certa forma não saudável, a letra da canção é muito refinada, marca registrada de ambas as artistas. \"What Do I Have To Do?\" sexta faixa do disco, retrata uma intensa atração de ambas pessoas, onde a artista sente sua incapacidade de resistir os desejos de estar com seu amado, mesmo que isso de certa forma signifique perder o controle de si mesma e de suas emoções, o refrão da música é sem dúvidas seu ponto forte, com atenção centrada em suas primeiras linhas que são as mais impactantes da canção. \"Sticky Shoes\" fala sobre como a artista se sente presa em uma rotina \"tediosa\" e que não consegue escapar dela, usando a metáfora de \"sapatos pegajosos\", as linhas da faixa decorrem bem ao longo da música, onde a impotência é marca registrada por não conseguir se libertar dessas dores, a música é bastante expressiva e direta, sendo totalmente diferente de outras faixas do disco até aqui. \"Repulsive Poetry\" nona faixa do disco marca novamente uma crítica os costumes da indústria atual, onde Moe faz alusão a falta de originalidade e qualidade de alguns, onde sente desprezo pelos poetas que descrevem os mesmos temas repetidamente, sem oferecer nada de novo, com ênfase na falta de profundidade de obras, o refrão da música sem dúvidas é seu ponto forte, linhas como \"Poesia Repulsiva, tão amadora / Em um piscar de olhos, você sabe que é ela / Porque ela se arrasta sobre você / Morrendo por atenção isso é verdade / Procurando a outra parte para afundar\" elevem a canção. \"Smelly Cat\", penúltima faixa do Long Play traz um aspecto mais emocional do disco, onde a artista retrata uma história de um gato que é abandonado por seus donos e acaba enfrentando dificuldades de sobrevivência, mas no qual, podemos também interpretar esse gato como uma \"pessoa\" em que de certa forma acabou sendo abandonada por seus amigos que tanto confiava e acabou sozinho. \"Shut Up and Go Home\" última faixa do álbum traz a indecisão como seu ponto alvo, onde Moe passa entre uma linha dupla de permanecer onde está ou retornar as suas origens, apesar das dificuldades que possam vir, a canção em si é muito bem construída e pensada, sem nenhum defeito, como podemos dizer. O visual do álbum é muito bem construído e bem feito, a sua capa passa extremamente limpa e conectada com o conteúdo das canções, com ênfase para seu encarte, que é muito bem feito também. Em geral, \"Prodigal Tragedy\" é um álbum muito bem feito e construído, marcado por críticas a sociedade atual e pensamentos de Moe acerca de tudo, as faixas do disco casam muito bem entre si.

Billboard
Em um período de distanciamento da indústria, MOE logo concebeu e rapidamente disponibilizou ao público o seu terceiro disco; “Prodigal Tragedy” chegou às lojas com a premissa de ser um projeto ainda mais ousado e para “tirar um pouco do padrão”, como citado pela artista na carta de anúncio do projeto. Com isso em mente, “Rebellion” inicia o projeto com uma produção agressiva e intensivamente ardilosa e forte, aqui com Hikari entonando suas emoções sobre uma relação com projeções que mexem com os nossos sentidos mais fortes e fracos com uma ambivalência intensa, sendo uma faixa ambiciosa para o início do disco. “Whenever I Get Married” parece projetar uma forte lembrança de infância da artista com uma esperança da não-repetição de hábitos as quais ela cresceu observando. A faixa pode ser aberta a interpretações diversas, principalmente pela falta de um track-by-track como uma forma de fazer o consumidor mais desatento ou o mais feroz se debruçarem sob suas sensações. “Unravel” por si só causa uma grande intriga pela sua lírica mais metafórica, mas aqui a canção parece servir como a caracterização de um drama (a bola de tecido) e como ele pode ser visto sendo desenvolvido e vivido sob os olhos de outras pessoas, mas com uma esperança de uma nova perspectiva ao seu final. “The Next Worst American Record” é uma crítica direta à glamourização da depressão e suas subsequências, além da previsibilidade de canções e projetos que parecem “apertar a mesma tecla” constantemente. Por mais que aqui a faixa possa soar um pouco fora do que é desenvolvido, talvez a estranheza citada possa ser usada como algo para a síntese geral das mensagens trazidas pelo disco. “Backstabber”, em parceria com LASHAE, basicamente traz um fingimento consciente do eu-lírico diante as mentiras proferidas e insistidas por inimigos, mas aqui as artistas fazem disso um poder e sabedoria sob o que se é sentido e aceito nas suas vidas; e todas as intenções disso. “What Do I Have To Do” é a canção mais literal e sexy do projeto, aqui com a artista sendo mais livre sobre o prazer que um parceiro seu a traz e todas as camadas das relações mantidas. Diga-se de passagem, essa canção parece servir de prelúdio para canções vistas no seu projeto mais recente, “Interrupted Musiqué”, principalmente com a sua carga mais sensual; algo interessante e positivo a ser pontuado. “Sticky Shoes” parece verbalizar uma questão relacionada a ciclos viciosos num geral, mostrando um certo “conforto” em estar em certas situações, mas não tanto até que o julgamento externo é sentido. É uma faixa ousada, que faz o uso de seu mistério para fazer seu conteúdo lírico ainda mais chamativo. “Repulsive Poetry” traz uma especificidade extremamente ácida ao disco com um tom mais forte; é uma canção que aponta o dedo para a hipocrisia e egocentrismo exacerbado de alguém, podendo ser algo mais geral, e intensifica uma mensagem de sobreposição da artista diante tais desagrados vistos. “Smelly Cat” parece continuar uma linha de pensamento parecida com a anterior, mas com uma abordagem menos literal. A nona canção do long-play mostra a submissão e cegues emocional de uma pessoa que está inserida perto de pessoas que não são boas, e a submissão é extrema ao nível disso não ser percebido. “Shut Up And Go Home” traz uma certa abertura da artista ao seu rumo, aqui provando de um caminho mais misterioso. O que é inferido com certeza absoluta é que todas as suas escolhas diante disso será feita da sua forma em particular, independentemente se isso fizer bem ou mal a alguém. Seu visual é, como o disco, complexo e artístico, com usos intensos da Pop Art e de edições e recortes mais ousados e não habituais, ainda mais na época de seu lançamento. Portanto, “Prodigal Tragedy” pode ser nomeado o magnum opus de MOE. O motivo? Aqui, o projeto reúne sua revolta, sensualidade, expressividade e ousadia diante tudo que é sentido, sendo característico de fragmentos dos seus outros discos. Mas nesse projeto, tudo é uma contribuição para uma imagem artística invejosa e autêntica; seja pelas suas estruturas líricas que fogem do esperado, seja pela sua forma de se expressar… ou seja pela forma com que sua imagem é construída.

Pitchfork
Após lançar seu ilustre segundo álbum de estúdio \"METALHEAD\", a cantora e compositora MOE exibe para o mundo mais de seus dotes líricos com \"Prodigal Tragedy\", um disco com 10 faixas que mistura Rock com música Eletrônica. MOE inicia o álbum com a instigante \"Rebellion\". A faixa introduz o ouvinte à ambientação escolhida pela cantora para retratar o universo desse disco, descrito de forma assertiva como \"camp\". A lírica nessa faixa, por mais simples, cria uma enorme vontade de destrinchar cada metáfora e elaborar sua perspectiva, visto que essa canção pode ser interpretada não apenas de uma única forma. De maneira superficial, ela fala sobre um relacionamento rebelde, onde os parceiros apenas querem curtir a companhia um do outro sem se preocupar com opiniões alheias. Porém, muito pode-se tirar das várias entrelinhas nessa canção, levando o ouvinte para entendimentos ainda mais pessoais. A segunda faixa, \"Whenever I Get Married\", abraça um tom bem mais melancólico ao falar sobre um relacionamento verdadeiramente tóxico. O eu-lírico parece conversar com alguém especial que foi \"apagado\" por atitudes tóxicas de seu parceiro. O álcool e a raiva parecem ser traços presentes nesse relacionamento, e MOE enfatiza que isso é algo que ela não toleraria caso estivesse no lugar dessa pessoa a qual a faixa é direcionada. Em \"Unravel\", MOE assume que gosta de brincar com metáforas e cria uma lírica desafiadora. A faixa é bastante criativa, mas o refrão deixa um pouco a desejar, podendo trazer mais nuances para acrescentar uma maior profundidade à faixa. Partindo para a quarta faixa, intitulada \"The Next Worst American Record\", MOE surge de uma forma ácida falando sobre uma grande leva de letristas que apenas escrevem sobre tristezas e amarguras. A cantora se mostra entediada e cansada dos mesmos assuntos sendo discutidos nas letras e questiona se isso aconteceria apenas para manter seus nomes relevantes. MOE abre a pergunta de se é necessário ser melancólico para estar em alta e finaliza a faixa jogando a areia em cima dos compositores que não se aprofundam em temas novos, apenas optando por seguir a mesmice. A lírica nessa música é bem construída, cheia de metáforas e frases que conduzem bem os questionamentos que a cantora quer fazer. Em seguida, temos \"Backstabber\", faixa em colaboração com a cantora LASHAE. Aqui temos uma narrativa simples, dois inimigos que acabam criando laços sexuais. Essa é uma velha história, porém as cantoras conseguem revitalizá-la, construindo uma estrutura lírica bem descontraída. O verso da LASHAE abre a faixa, logo de cara temos uma apresentação do que a letra irá seguir; \"mantenha seus inimigos mais próximos\". Toda a letra consegue prender o ouvinte, criando uma história que possui início, clímax e final. Foi uma ótima escolha para carro-chefe do disco. Na sexta faixa, \"What Do I Have To Do\", vemos uma MOE apaixonada. Diferente da faixa anterior, nessa temos um instinto bastante sexual. A letra é bastante simples, mas a construção das frases a deixa bastante singular. \"Sticky Shoes\" segue a linha metafórica do álbum, trazendo uma narrativa cheia de mistérios em suas entrelinhas. MOE usa o sapato com um chiclete rosa preso à sua sola como uma metáfora para uma situação onde o eu-lírico se vê preso, sem poder se livrar de um conflito. A estrutura dessa faixa segue a linha da grande maioria do álbum, um único verso e refrões repetidos e curtos. Porém, isso não torna a faixa repetitiva ou rasa, a cantora consegue passar sua mensagem com apenas curtas passagens. Após trazer uma faixa altamente metafórica, MOE desponta com \"Repulsive Poetry\", uma faixa bem que possui um destinatário bem direto. A cantora exala agressividade em uma \"diss\" que exagera em frases ácidas. Nessa faixa, MOE claramente deixou todos os seus medos trancados para o lado de fora e resolveu colocar tudo a limpo. A construção lírica é muito boa, fugindo da habitual do álbum que carrega apenas um ou dois versos. Aqui temos 4 versos extensos e bem agressivos. Seguindo a tracklist, \"Smelly Cat\" se apresenta de forma mais suave em relação às últimas faixas. A canção possui um sample de uma canção de mesmo nome presente no seriado americano \"FRIENDS\". O eu-lírico escreve acerca de um \"gato fedido\" que é largado pelos seus amigos e agora precisa seguir seu rumo sozinho. Em uma clara metáfora sobre seguir em frente após ter laços rompidos, MOE entrega uma ótima construção lírica, trazendo uma faixa bastante reflexiva. Abordando novamente sua relação familiar, MOE finaliza o álbum com a ótima \"Shut Up and Go Home\". A cantora divaga sobre ter saído de casa após inúmeras cicatrizes marcarem sua pele. O seu ego parece falar mais alto que a vontade de voltar para aquele que era seu antigo lar. A construção lírica se assemelha com a grande maioria das faixas desse álbum, e embora o verso seja único e curto, o brilho e a emoção da letra não se perdem. MOE consegue criar alegorias que demonstram seus sentimentos de uma forma poética, abrilhantando as curtas letras presentes no álbum. Visualmente, o disco é bem consistente. O estilo segue a temática do álbum, vindo com formas brutas, sujas e que passam um sentimento de aspereza. O encarte do álbum é bem trabalhado, com uma tipografia bastante singular e que leva a marca do álbum. MOE trilha ainda mais seu caminho como uma artista que consegue se destacar sem precisar utilizar grandes divulgações e visuais exagerados.

Billboard
Sem aviso prévio, MOE nos presenteia com seu terceiro álbum de estúdio batizado como \'Prodigal Tragedy\'. Trazendo influências do rock e com todo jeito MOE de ser (artisticamente falando), o álbum inicia com a \'Rebellion\', entretanto para iniciar toda essas tragédia extravagante não poderia ter canção melhor, conduzida de forma muito bem articulada, em seus versos MOE fala sobre como ela e seu parceiro iniciram uma rebelião, o que pode ser encarado como um grande \"bait\" se for melhor analisado, visto que MOE é sempre uma artista de se posicionar e poderíamos esperar isso em seus versos, o que acabou indo pelo contrário sem haver quebra de expectativas. Em \'Whenever I Get Married\' temos uma faixa que funciona como uma carta de amor, sincera, de um amante distante mas ao mesmo tempo não tão distante que quer proteger, cremos que MOE utilizou das metáforas para dizer que você pode estar sendo protegido por quem você menos imagina. \'Unravel\' é como uma montanha russa, começa de forma mais amena e após seu primeiro refrão há uma explosão lírica, mostrando como a artista consegue brincar com seu lírico tão singular. \'The Next Worst American Record\' é o primeiro destaque do disco, como a cantora consegue emular seu possível descontentamento em como a indústria se tornou uma máquina de contar tragédias, e como as pessoas linkaram a isso a qualidade ou até mesmo como única e boa música, a cantora chega até a dizer que nem sempre precisa que seja na mesma narrativa ou tão traumático e finaliza a as duas últimas frases do refrão como a cereja do bolo, dizendo o seguinte: \"E é por isso que você culpa o oposto como O Pior Disco Americano / Embora eu não saiba se é americano\". Na colaboração \'Backstabber\' de MOE e LASHAE temos aqui outro ponto positivo do disco, fervorosa e divertida são os principais adjetivos que conseguimos adquirir a canção, cantando sobre um traídor (ou inimigo) que mesmo assim satisfaz os prazes das cantoras, elas não tem medo de sentir o prazer, por isso em seus versos são tão excêntricas e exageradas nas rimas, o que engradece o poder da música, deixando a colaboração ainda mais bem feita. \'What Do I Have To Do?\' é digamos, indagadora e apaixonante, MOE está encontrando o amor, e se deixando levar, sem saber o que fazer, ela está se entregando para esse amor sem medo. \'Sticky Shoes\' é a mais metafórica do disco, é bastante densa e sua mensagem é subtendida, e música é arte e está sempre aberta para varias interpretações, entendemos que o ciclo vicioso que MOE destrincha em seus versos pode ser facilmente parafraseado a sua aposentadoria repentina causada pós \'METALHEAD\', mesmo a cantora querendo estar longe, ainda pensa, trabalha e faz com que ela volte novamente para onde estamos. \'Repulsive Poetry\', certamente não estavamos preparados para essa, ácida e litéral! Em versos quentes sobre como uma pessoa mediana aje, a cantora está fúriosa, a artista que costuma ser bastante metafórica, ora não perdeu tempo batendo a cabeça, como costumam dizer \"foi direto ao recheio\", sem papas na língua ou limites, trazendo então mais uma faixa destaque de toda a narrativa. \'Smelly Cat\' pode ser facilmente linkada a aquele ditado popular brasileiro \"quem se mistura com porco, farelo come\", aqui vemos que há alguém que tenta se encaixar em um grupo, sem muito sucesso e com amizades fingidas, enquanto na faixa a cantora alerta, mesmo de forma bastante singular, como todo o lírico da mesma. \'Shut Up and Go Home\' finaliza o disco da melhor forma possível, trazendo novamente a narrativa de se estar em um lugar que não pertence mas que não consegue sair, a escolha dessa musica para finalizar a narrativa é radiante, de uma simbologia enorme com tudo que a artista prega em seu viver, \'Shut Up and Go Home\' é melancólica, mas não beira o tediante, é fervorosa, reflexiva e cativante. \'Prodigal Tragedy\' é como um compilado, mas não de um livro infantil que é gradual, é uma enchurrada de informações, como a vida é, como a vida de MOE deve ser, metafórico e muito expressivo, MOE não cai líricamente, ela se entrega totalmente ao trabalho proposto. \'Prodigal Tragedy\' funciona muito bem, mesmo sem um storyteller definido, as faixas se linkam mesmo que as vezes sejam bem distantes umas das outras. MOE é uma artista que consegue trabalhar sua estética de forma muito pontual, em \'Prodigal Tragedy\' não poderia ser diferente com um visual avassalador, é esteticamente muito bem construído, trazendo uma releitura de suas referências, mas de forma atual, sem beirar o data ou ultrapassado. \'Prodigal Tragedy\' é um álbum assim como os outros da cantora que merece os aplausos que ganha, ela não deixa por sequer o seu lado artístico decair, ela entrega toda suas verdades nas suas músicas, sendo ácida, precisa, muito metafórica e principalmente estética, o que faz seus trabalhos serem ainda mais invejados.

Rolling Stone
Desde sua estreia com o já conhecido EP Modern Times, até seu mais recente álbum de estúdio Metalhead, MOE sempre mostrou-se competente o suficiente para entrar em narrativas das mais íntimas até mais abertas possíveis, sendo sem dúvidas um dos maiores nomes de sua geração, ainda que hajam opiniões que a tornem uma presença que divide o público. Com o sumiço repentino de suas redes e também o anúncio de um suposto aposento do mundo da música, durante boa parte do último ano não tivemos muitas notícias, MOE então aparece anunciando seu terceiro álbum de estúdio – e segundo em menos de um ano – o Prodigal Tragedy. Um pouco mais retraído se comparado ao seu antecessor Metalhead, mas ainda trazendo questões assonantes em alguns pontos, aqui conhecemos algo mais intrínseco escondido entre suas letras. Introduzindo-nos a uma amostra sobre suas relações mais profundas temos \\\"Whenever I Get Married\\\". Soando como um diálogo gritante mas cuidadoso, ela vê alguém sofrer e procura formas de acabar com tudo o que já presenciou. Quase como um desejo, ela escreve sobre querer fazer alguém feliz (\\\"Vou iluminar o céu mesmo durante a noite, vou pintar o nascer do sol de rosa\\\"). O frenesi de \\\"Backstabber\\\" parceria com Lashae, duas situações são expostas aqui, MOE odeia alguém, mas também se sente estranhamente atraída por ela, talvez MOE pareça arrependida eventualmente, mas isso não parece afetá-la no momento, até mesmo para ela, suas vontades às vezes sobressaem os sentimentos. Assim como visto em \\\"What Do I Have To Do?\\\" trazendo novamente o fato de não saber resistir aos desejos, MOE talvez não odeie a pessoa em questão, mas ainda sente-se totalmente perdida em algo que não compreende, algo incontrolável até para ela. Em \\\"Rebellion\\\" MOE está furiosa, mesmo que não pareça, suas palavras aqui permeiam a sensação que sua presença causa (ou já causou), não é como se ela quisesse parecer incompreendida, sua noção sobre tudo aqui é clara, assim como o peso de suas palavras e presença (\\\"Minhas palavras já começaram uma rebelião\\\") mas ela não está dando a mínima para isso. Moe poderia escrever sobre qualquer coisa, na verdade ela quer escrever sobre qualquer coisa, mesmo que pareça não compreender muito bem o outro lado, \\\"The Next Worst American Record\\\" surge como uma crítica a canções e a trabalhos excessivamente melancólicos. MOE enxerga a qualidade como algo plural, e realmente é, talvez ela só esteja cansada de ouvir canções que querem te deixar triste. Ainda seguindo suas pequenas observações dentro da indústria, \\\"Repulsive Poetry\\\" olha mais adiante ao criticar a superficialidade de canções, algumas que talvez nascem apenas para estarem ali, e gerar números, assim como também a percepção da cantora a cerca das intenções por trás de criações rasas dentro da indústria fonográfica. Algumas outras reflexões são jogadas até nós também. \\\"Unravel\\\" ainda que pareça enigmática, é um espelho do amanhã, imagine-se apenas olhando para o infinito, depois de um longo (realmente longo) dia, \\\"Unravel\\\" é interessante, porque parece levar-nos até algo que está escondido ali mesmo que esqueçamos por vezes, o amanhã que sempre chega. \\\"Sticky Shoes\\\" assim como \\\"Unravel\\\" pode ser o que chamamos de \\\'viagem bem sucedida\\\', dois momentos peculiares dentro do Prodigal Tragedy, escondida em uma metáfora MOE se vê perdida, seus sapatos pegajosos parecem trazê-la de volta a tudo que ela tenta fugir, entre momentos já conhecidos até os desconhecidos, ela continua andando e andando em busca de compreender porque ela sempre volta até ali. Dentre a sua grande variedade de estudos ao longo do LP, ainda surge o questionamento sobre quem mantemos ao nosso lado, \\\"Smelly Cat\\\" busca a questão que às vezes não enxergamos mas ela está lá, seu inimigo pode estar do seu lado. Não é como um simples aviso, \\\"Smelly Cat\\\" entra em questões tão abrangentes que pode ser vista de diversas formas a cada ouvida, talvez essa seja uma das canções mais inteligentes que MOE já escreveu. Em todo seu processo, nada poderia finalizá-lo de forma mais singela e agridoce, \\\"Shut Up And Go Home\\\" trilha um caminho talvez confuso para MOE, a sua decisão de voltar a criar músicas, independente das decisões, \\\"Shut Up And Go Home\\\" transmite a sensação de \\\"estou de volta mas não sei se essa foi a decisão certa a ser tomada\\\", pode ser simplesmente algo envolto de encontrar-se voltando a caminhos que um dia dissemos não voltar novamente, afinal, alguns acontecimentos em nossas vidas fazemos e depois pensamos nas consequências. Trazendo referências de encher os olhos em seu visual, MOE trouxe inspirações que unem a extravagância com a delicadeza, algo magnífico, e o esperado para uma produtora como ela, Prodigal Tragedy por vezes soa como uma extensão de seu antecessor Metalhead, canções que poderiam entrar em uma versão estendida, ainda que seus caminhos sejam distintos em determinado momento, o impacto de MOE como compositora é inegável, e seus questionamentos ainda que nem sempre desconhecidos, se mostram presentes em seus trabalhos. VISUAL: 15* CRIATIVIDADE: 25 COESÃO: 18 COMPOSIÇÃO: 31