Rolling Stone

O caminho seguido por Alexxxia com o lançamento do EP \\\"Fim de Tarde\\\" é claro: Uma pequena amostra de si dentro de seu contexto, agora mais real e centralizado. Entre o divertimento temporário até cada dor sentida por ela, somos guiados a perspectivas que a mesma viveu, e decidiu compartilhar com seu público. Começando com o agridoce contraponto da introdutória \\\"Fim de Tarde\\\", a realidade dura por trás de todo o festejo celebrado por ela ali não é nada distante de muitos, mesmo que seja impossível negá-los, Alexxxia entre seu som esquece-o por um breve momento, e como ela mesma conta-nos, encontrar seu lugar naquele momento é seu único objetivo. Seguindo suas vivências através do álbum, \\\"Negão\\\" é como avistar alguém em uma festa e ficar deslumbrado com a visão, o desejo e a admiração presentes unidos tornam \\\"Negão\\\" algo comparável a uma ode, não apenas ao desejo, mas o que também aquela visão representa. Em uma sequência nada incomum, \\\"Me Samba\\\" e \\\"Fera Mansa\\\" bebem do contraste entre um bom momento e a desilusão que infelizmente o sucede. Alexxxia entrega-se completamente em \\\"Me Samba\\\", o apelo sexual mesmo que nítido é diluído sem dificuldades entre suas metáforas com instrumentos, aqui o sexo é como criar uma canção, onde Alexxxia que dará vida a ela. Seguida da quebra de expectativa narrada por \\\"Fera Mansa\\\", \\\"Negão\\\" e \\\"Me Samba\\\" se transformam em lembranças dolorosas para ela, largada após uma noite banhada por promessas, \\\"Fera Mansa\\\" é o tipo de canção sempre presente em cronologias amorosas que termina em tragédia, e aqui Alexxxia revive o que ela define como uma verdadeira fera mansa, chegando suave como uma pena, para depois mostrar-se a fera que escondia. Algo que não funciona bem em alguns momentos são as tentativas de fazer o \\\"Fim de Tarde\\\" soar excessivamente caseiro e espontâneo. \\\"Fera Mansa\\\" especialmente, está dentro de algo que Alexxxia gosta explorar desde seus primeiros trabalhos, seu vocabulário e o jogo com palavras, o que é de fato encantador, mas neste caso torna o som um pouco mais engessado quando comparado a canções anteriores. \\\"Só Posso Estar Ficando Louca\\\" única parceria presente no EP, trás ZOE para iluminar novamente o dia – agora mais triste – de Alexxxia, um momento entre duas amigas compartilhando vivências e transformando uma desilusão em uma escada para resiliência e amor próprio, a presença de ZOE aqui torna a canção em algo maior, sua espontaneidade trouxe a atmosfera ideal para todo o trabalho. Fechando o ciclo com \\\"Fica com Deus\\\", Alexxxia se vê novamente sozinha em outro fim de tarde, um outro momento, mas não decepcionada como antes, apenas vivendo plenamente consigo, seu entendimento sobre suas breves experiências relatadas em um fim de tarde agora são novamente isso, experiências, que tornaram-na ainda mais livre. Dentro de seu visual – assim como em diversos momentos das canções – as referências definem ele, mas algo já presenciado em produções anteriores deixam admiração visual prejudicada, a saturação excessiva que tornam o visual gritante. Além do preenchimento com textos – que pressupõe-se serem letras ou até mesmo a ficha técnica das canções – mas que são apenas artifícios para tornar o booklet menos vazio, ao menos é essa a sensação transmitida, talvez um cuidado maior com pontos como esse, tornariam a experiência visual totalmente afável. \\\"Fim de Tarde\\\" é um momento de Alexxxia com seus ouvintes, ouvir seus trabalhos anteriores e ouvir esse EP é como ver alguém mostrar-se mais ousado, só que explorando sons mais leves e fácil identificáveis. VISUAL: 9 CRIATIVIDADE: 23 COESÃO: 19 COMPOSIÇÃO: 30

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Trazendo o seu primeiro extended play experimental, repercutindo gêneros clássicos da música brasileira — como: o samba e o pagode. “Fim de Tarde” projeto pertencente à ilustre Alexxxia, é aclamativo pela sua proposta do aprofundamento da brasilidade da cantora (o que retomaremos na conclusão da avaliação). O convite que a letrista faz ao ouvinte para subir no topo do Corcovado, não só prestigiar, mas se permitir a conhecer a musicalidade nacional, merece uma atenção maior daqueles que são especializados da música. Introduzindo aprofundadamente a premissas do disco, “Fim de Tarde” narra contos de uma mulher em torno de suas desventuras amorosas, visa que no final após a tempestade de conflitos dentro do crepúsculo, ela consegue compreender a necessidade dos fatos, e os transforma em boas histórias a se contar. Após apresentar o seu conceito do álbum e partindo para sua leitura, a faixa-título traz uma narrativa mais despreocupada e refrescante, para a ambientação do material. Interligar a apreensão que se encontra no cotidiano, mas que há um momento como válvula de escape desta realidade fria, foi-se de excelente armação. Ajustar uma composição de maneira positivista, embora soe fácil no discurso, em sua prática não é, e com o dissecar do enredo sambista Alexxxia propôs uma ótima abertura, é válido observar a menção de grandes nomes do cenário que a artista se encontra, é envolvente em toda sua estrutura. Sucedendo, em “Negão” já é de se analisar o real motivo das decepções da personagem, esta faixa por si só é robusta e encorporada. O esbaldar da melanina mais retinta, em conjuntura da hipérbole dos anseios almejados, assim como a primeira, “Negão” é polida—como dizem os sambistas: “Um verdadeiro esculacho”, realmente faz jus o reconhecimento que recebeu do público. Prosseguindo a jornada, em “Me Samba” é perceptível a utilização de uma conotação mais erótica, com abrangimento do gênero, inserindo termologias subliminares dentro dos instrumentos. O protótipo do single oficializado é bem despojado, tem uma boa estruturação e na potência das palavras. No entanto, o seu refrão não acompanha o ritmo desejado, não se trata de quantidade de palavras, e sim de busca meios mais qualificativos e vorazes, para desinibir as vontades da protagonista. Retomando o roteiro, em “Fera Mansa” é um samba mais dolente do projeto, embora que não seja citado ou não haja pretensões, sentimos também uma encenação folclórica com o descrever dessa faixa, especificamente boto-cor-de-rosa. Não se sabe se esta foi a real intenção da compositora, porém essa é nossa impressão, e isso atuou de maneira benéfica. Usufruindo da fala articulada para conseguir o que almeja, e no dia seguinte abadona a intérprete em ruínas, sem contato ou outro meio de comunicação. \\\\\\\'Que felicidade é essa que só deixou cicatriz\\\'/, sem parecer de dúvidas a canção doma sua posição como melhor faixa disponibilizada do disco. A ambiguidade lírica apresentada é surrealista, algo limpo e sem ruído da complexidade, para dificultar o entendimento da obra. Aproximando do fim do álbum, “Só posso estar ficando louca” é uma composição com a majestosa Zoe, sendo intrigante a junção dos dois nomes latinos, em um só projeto. A letra é ambientada após o desdenhar da faixa anterior, atuando como uma melodia de autoajuda e de companheirismo. Ouvir essa projeto nos retoma, um pagode nostálgico, entrosado e inspirador. O ultimato dessa colaboração honrosa foi-se seu refrão, os versos de Alexxxia e Zoe são cruciais. Todavia, o refrão é como surgisse uma libertação da personagem do pudor, ela é ressuscitada e retoma de si, uma cooperação digna ambas em outro estilo, não só musical, mas lírico. Por fim, encerrando o CD “Fica com Deus”, encerra de maneira menos tumultuosa para o projeto. A mensagem de suficiência é ótima, a introdução junto do refrão são sinais de cumprimento de dever da eu-lírica. Ainda assim, há leves deslizes na melodia. Contudo, nada que prejudique de fato a experiência, era preciso uma faixa leve dentre gigantes. “Fim de Tarde” é um CD de curta duração, mas de experiências vastas. É agradável e esplendoroso, a compositora Alexxxia esboça um material com execução pontual, não permitindo que leves falhas lhe atrapalhem, ou sejam perceptíveis. Novamente, é crucial vermos os traços nacionais na obra, a ambientação da escrita, a instrumentalidade selecionada, gírias e ditados populares e dentre os demais aspectos. Em relação ao procedimento estético, foi-se inserida uma tipografia chamativa e bem destacada, a inserção das paletas em tons mais amarelados, com mesclagem de um certo nível de verde escurecido, arquitetou na fluidez imersiva do cenário do Rio de Janeiro, algo mais tropical e ameno, sendo bem consumido visivelmente. Todavia, a produtora brasileira deve se atentar com os saturamentos, pois pode levar um desconforto visual, dentro das páginas de visualização, é recomendável para a artista espelhar-se no futuro na quarta página, considere como um conselho. Portanto, Alexxxia prova novamente ao mundo que ela não surgiu para ser mais uma qualquer, a mesma busca barganhar didáticas em seus materiais, isso é visível em sua trajetória — se pudéssemos defini-la em palavras com exatidão, seria: autêntica e diversa. NOTAS: Composição: 31/36 Visual: 17/22 Coesão: 20/20 Criatividade: 22/22

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‘Fim de Tarde’ se mostra como o primeiro projeto musical de Alexxxia envolvendo as sonoridades de pagode e samba, e pode-se ser concluído que a cantora é uma cantora versátil e está disposta a mostrar seu talento em diversas áreas. A forma que a artista adapta suas canções para o gênero deve ser admirado, já que o ‘Releitura’ é bom por si só envolvendo toda a história da cantora, e no ‘Fim de Tarde’, a cantora mostra uma história redonda sobre a vida de uma mulher desiludida após ser ‘enganada’ por um homem que conheceu em um fim de tarde. É admirável o amor de Alexxia por uma reviravolta em seus trabalhos, e aqui não foi diferente, notável na faixa ‘Fera Mansa’, onde o inesperado acontece; dando crédito para a criatividade da mesma. Diferente do ‘Releitura’, as suas composições aqui são mais atrevidas, mais carnal e mais comerciais, digamos assim, ela está mais aberta para novas experiências carnais e usa isso ao seu favor, de forma explicita ou não, as composições acabam ficando reais o suficiente para contar a história de forma que o ouvinte se conecte com cada letra. Começando com ‘Fim de Tarde’, Alexxxia mostra sua versatilidade como artista compondo uma boa música de pagode/samba, com uma letra auto astral, descontraída e leve, mas que ainda contém assuntos importantes sobre o cotidiano de um sambista raiz. É uma boa composição para o gênero, mostrando apenas como a artista é afiada em diversos gêneros, seja qual for, Alexxxia terá uma boa composição para apresentar. ‘Negão’ chega com uma boa energia, também descontraída como a anterior, mas agora com uma pegada mais sensual, enaltecendo a melanina e inspirada em ‘Meu Ébano’ de Alcione. A música é rica em referência ao hino do samba, e faz bastante jus a sua origem, com uma letra que contagia o ouvinte e dá vontade de dançar, e sentir o samba fluir pelas veias. De forma criativa, ‘Me Samba’ chega usando o trocadilho como parte do crescimento da música, o que faz o ouvinte ficar interessado na música de certa forma, pela sua sensualidade e leveza, mas ao mesmo tempo feroz em alguns versos mais explícitos. É uma faixa interessante, principalmente por apresentar uma sonoridade mais calma para combinar com o momento a dois, com um refrão simples, porém bem pensado, destaque também para o pré refrão. ‘Fera Mansa’ é a melhor faixa do álbum e entra em destaques entre uma das melhores lançadas no ano. A letra é envolvente, emocionante, retrata uma reviravolta dentro do EP e conta uma história de desilusão que faz o ouvinte se encontrar dentro das letras, com versos quentes e tristes ao mesmo tempo, onde cada rima se conecta com a outra de forma absurdamente inteligente, dando foco para o refrão e pré refrão que são espetaculares, já que neles a cantora mostra como se faz uma música intensa, com rimas bem colocadas e sem exagero. Em ‘Eu Só Posso Estar Ficando Louca’, Alexxxia continua a narrativa da desilusão sobre o seu amante da última noite, dessa vez com uma amiga para lhe dar um choque de realidade; mas os versos de Zoe são um pouco rasos em alguns momentos, são mais ‘usuais’ que não encaixaram com a excentricidade dos versos de Alexxxia. Mas ainda assim, a colaboração se encaixa no álbum como uma boa música, a observação seria apenas dar uma complexidade maior no verso da colaboração. ‘Fica Com Deus’ finaliza de forma morna, não podemos sentir o verdadeiro gingado de Alexxxia nos versos e acaba deixando a desejar em alguns versos, mas nada que a afete o projeto como um todo. Seu visual lembra um pouco do visual do seu álbum anterior, que tem a mesma estética visual, mas que ainda assim é um visual polido, muito bonito e muito bem feito, provando também seu talento como produtora visual, mas acaba perdendo um pouco dos pontos pela criatividade já que os visuais são um pouco semelhantes. Em seu visual, podemos ver referências ao Rio de Janeiro no fundo, e as cores favoreceram para parecer mais regional. ‘Fim de Tarde’ é um EP coeso, que tem composições que representam bem o gênero raiz do samba e pagode, e só nos mostra mais uma vez que Alexxxia é uma das artistas mais subestimadas da indústria quando colocamos seu talento de compositora e criativo na mesa, e ‘Fim de Tarde’ é a prova da força da sua versatilidade sonora. Composição: 31 / Visual: 25 / Criatividade: 17 / Coesão: 22