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Cacophonies From a Damaged HD - Serina Fujikoso
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Exclaim!

91

Após longos anos viajando em sua órbita espacial, a superstar japonesa Serina Fujikoso nos introduz a um lado mais vulnerável e carnal da sua persona. “Cacophonies From a Damaged HD” é o segundo álbum de estúdio com uma proposta dividida em dois discos, debilitada e agressivamente sexual. Poderia se dizer que a contextualização é um tiro no escuro porque a artista se expõe a um leque de assuntos que acometem seu ser, mas o ponto bom disso é que mesmo abordando uma sexualidade vista em Boku No Universe, aqui ela maneja evocar uma outra aproximação. “Désespoir et le Fidèle Serviteur” ou “/Desespero e o servo fiel/” é responsável por introduzir o ouvinte ao primeiro disco Corrupted Files, onde vemos Serina acorrentada ao seu desespero, o único lugar onde podia se segurar para manter a força, uma incrível faixa para abrir um projeto como esse, Serina envolve o ouvinte de questionamentos e cospe tudo que está preso em sua garganta como “I have become a living corpse trapped along my own despair”, a liricidade da canção é flua, mesmo que carregue um sentimento imbuído em tristeza. “Audrey” poderia ser mais intrigante, acaba cometendo deslizes como a grande repetição de refrões com versos curtos que impossibilita a imersão completa do ouvinte, mas apesar disso, atribui a coesão da narrativa que Serina está dissolvendo. “Serina, It\\\'s Over” pelo outro lado, evoca a criatividade como compositora, é interessante como durante o refrão sentimos que há uma voz /’lecionando’/ o lírico, “Serina, Serina, rise from the ashes, You have, you have already overcome this tragedy” é o mandato final para se apegar as coisas boas e se livrar do desespero corroído. Somos levados a “Soap Bubbles” vemos que o lírico está enfrentando o seus problemas cara-a-cara e não colocando a culpa em si mesmo, colocando os pingos nos is, a canção é ótima e elevada, desde a boa metáfora com bolhas de sabão até a aproximação um tanto agressiva que propõe. “Everlasting. True love. I am yours.” É um tanto agridoce após a suposta superação de Serina, aqui vemos ela entregue novamente com seus sentimentos aflorados, sendo sustentada por coisas boas, o que é interessante, porém a forma em que é abordada é um tanto genérica com metáforas previsíveis e uma aproximação rasa. Com “So You Don\\\'t Realize...” temos Serina se despedindo da sua vulnerabilidade com chave de ouro, o lírico deixa claro que nós vamos enfrentar um novo caminho assim como ela e destacamos a linha “I\\\'ll cherish all the joy and sorrow inside my memories” como a manifestação mais poderosa dela dentro do projeto. Teatral, lasciva e um pouco questionável, Serina se despede de si mesma para virar uma “máquina de sexo”, o que é um tanto aleatório ver que seu /’renascimento’ é um ser entregue ao sexo e luxúria. “My 3 Holes” é incrível, gostamos como Serina consegue compor com maestria sobre depressão e sexo no mesmo nível, aqui temos um lírico caótico e exacerbadamente sexual, chamando nossa atenção pelas incríveis metáforas das criaturas beirando o fantasioso, uma ótima abertura para seu novo /’lado’/. “Garter of Seduction” é a mais fraca do álbum por apresentar algo que já vimos mais de uma vez, Serina está entregue e isso não é mais surpreendente. “The Door to Heaven Opens After the 3rd Knock” é provocativa e intrigante, vemos Fujikoso em seu element e mais perversa que nunca, é uma boa canção que nos leva a “Eros\\\' Trigger” que evoca o misticismo do deus grego Eros e metaforiza com uma bala do amor, temos uma aproximação diferente da sexual, mas ainda falha em atingir o epitome vulneravelmente promíscuo de Fujikoso, seria mais interessante que fosse aprofundada mais no romantismo do que no sexo. “Paradichlorobenzene” é intrigante, mas segue uma linha paralela sem altos nem baixos, é neutra diante do álbum, apesar dessa transformação em súcubo seja bastante divertida. Após uma imensa viagem dentro de sua HD, de sua profanidade temos “Sore Loser\\\'s Congratulations”, a canção que encerra o projeto com chave de ouro, dando um banho de maturidade e uma composição interessante. “Cacophonies From a Damaged HD” é ousado, intrigante e reflexivo, mas a característica que chama mais a nossa atenção é a intensidade que recheia todas as músicas com um toque que apenas Fujikoso consegue dar, há alguns deslizes de coesão como um todo, como lírico repetido, porém o ponto positivo do álbum é que não para de ser interessante, cada canção há um viés de criatividade aflorado da japonesa. Gostaríamos que o visual estivesse ao mesmo nível das composições, não há nada que chame a atenção ao nível do álbum, mas não deixa de ser bonito. As fotografias emolduradas e os papeis queimados são interessantes, apesar de que gostaríamos que tivéssemos acesso a sua HD. “Cacophonies From a Damaged HD” emana criatividade e boas referências, há deslizes em algumas partes do álbum como a superficialidade de assuntos que poderiam ser melhor elaborados como um todo. COMPOSIÇÃO: 32/35 | CRIATIVIDADE: 20/20 | COESÃO: 13/15 | VISUAL: 26/30

American Songwriter

80

A estrela nipônica Serina Fujikoso retorna à indústria com o tão esperado segundo disco, “Cacophonies From a Damaged HD”, pertencente aos gêneros Pop, Dance e JPop. O álbum inicia-se com “désespoir et le fidèle serviteur”, que é basicamente um desabafo do eu lírico acerca de suas relações sociais que ruíram, culminando em uma raiva misturada com melancolia e desapontamento. A letra é bem elaborada, com rimas bem posicionadas, além de uma coesão temática e lírica. Em seguida, a canção “Audrey” executa uma homenagem à uma das maiores atrizes de Hollywood ao fazer uma brincadeira com a profissão e o fingimento que o eu lírico tanto preza - novamente há uma lírica bem estabelecida, mas algumas linhas são prolixas e poderiam ter sido sintetizadas. Em “Serina, It’s Over”, Serina se auto-martiriza e expõe uma discussão pessoal em uma letra boa e dinâmica, com refrões diferentes entre si mas que fazem sentido dentro da temática e abordagem selecionada pela compositora. Há um desabafo sincero, mas certas vezes beira a mitificação da imagem do artista, entrelaçando-se com sua vida privada. A quarta e melhor faixa até então, “Soap Bubbles” é uma canção divertida e com a melhor composição até aqui. A música tem um refrão muitíssimo bom e todos outros versos seguem na mesma estética lírica, culminando em um trabalho de altíssima qualidade e muito interessante. É sincera e ao mesmo tempo pessoal e agressiva, dosando todos sentimentos muito bem na composição. A faixa seguinte é “Everlasting. True love. I am yours”, tão boa quanto sua antecessora e a mais pessoal até então. Uma carta de amor aos seus amigos mais próximos, como a própria Serina nos diz na página do álbum, a música é excelente e universal - qualquer um que ler provavelmente vai criar empatia com o eu lírico e enxergar seus amigos em sua própria vida. A letra é sucinta, dinâmica, objetiva e muito bem estabelecida. A última canção do primeiro disco, “So You Don\\\'t Realize…”, é a culminação de todas faixas anteriores, resultando em um eu lírico que já aceitou seu passado e está pronto para seguir em frente com um novo começo. Novamente Serina acerta em cheio na composição, provando que atrás de seu rostinho digital japonês, há sem dúvidas uma ótima liricista. A canção é relativamente curta quando comparada às demais, e isso está longe de ser um problema - os versos são muito bons e bem escritos, tudo é bem amarrado e coeso. A segunda parte de Cacophonies inicia-se com “My 3 Holes”. A música é boa, mas a temática sexual aparece aleatoriamente e não combina com as referências de monstros construídas até o refrão, apontando uma falha na coesão. Ao retirar algumas linhas do refrão e o sexto verso, a canção poderia ter sido melhor. Apesar disso, “My 3 Holes” é tecnicamente bem escrita. “Garter of Seduction” segue com a temática sexual, descrevendo uma relação sexual do eu lírico, a qual veio a acontecer com o namorado de sua melhor amiga. A letra é bacana e sintética, mas alguns versos explícitos poderiam ter sido retrabalhados para gerar duplos sentidos e afastar-se da vulgaridade - menos é mais. A música nº9 no disco é “The Door to Heaven Opens After the 3rd Knock”, talvez com um título que faz uma referência à famosa música de Guns N’ Roses. Com uma narrativa lírica, em “The Door…” Serina rejeita a emoção e abraça integralmente os prazeres da carne, vide “We can skip it and go straight to the emotion // And move our bodies in a harmonic motion // Love is always an illusion”. Aqui os versos são mais implícitos e fogem da baixaria explícita nas faixas anteriores, sendo melhor trabalhada e com uma métrica agradável. “Eros\\\' Trigger” é a reafirmação daquilo que foi dito em “The Door…”, com o eu lírico renegando o amor e entregando-se unica e exclusivamente ao sexo, vide “You can never say you love me, you know the rules // If you do, my instincts will pull the trigger // Shooting you Eros\\\' bullet Yes, I shoot you!”, explorando, ainda que superficialmente, a mitologia grega. Os versos são bem escritos mas poderia ter tido um aprofundamento maior para não parecer tão superficial e semelhante às faixas anteriores. Aproximando-se do fim, “Paradichlorobenzene” é uma boa canção, mas com algumas linhas esdrúxulas que poderiam ser retrabalhadas para dar à composição uma maior dinamicidade. Em geral os versos são bons, a única decepção aqui é o refrão, que acaba sendo simples demais e caindo no esquecimento, quando seu papel deveria ser o de maior e melhor parte da música. A referência química é feita de boa maneira e combina estranhamento com a temática sexual, dando sequência ao tema geral do segundo disco. Cacophonies se conclui com “Sore Loser\\\'s Congratulations”, uma visão sóbria do eu lírico acerca de todas as faixas anteriores. Sentimental e sincera, a canção arranha a superfície de um desabafo e tem bons versos, alguns superficiais e outros bem elaborados. Não é a melhor representante da composição de Serina, mas ainda sim é bacana. Voltando-se agora para o visual, determina-se que ele é simples e fofo, refletindo a divergência entre ambas partes de Cacophonies e com imagens agradáveis de Serina. A capa é a melhor parte do visual, sendo mais complexa mas sem fugir da estética central. A coesão é um ponto óbvio no disco, presente em toda sua continuidade, com exceção de alguns problemas pontuais descritos na análise de faixas. O visual é coeso e permanece na mesma sintonia em todo trabalho, enquanto as composições, em geral, conversam com as companheiras de seu mesmo disco. A criatividade está presente em alguns momentos e ausentes em outros, com algumas faixas utilizando-se de metalinguagens, referências sexuais e cultura pop muito bem, e outras sendo superficiais em certos episódios ao haver uma repetição intermitente da mesma abordagem sexual na segunda parte, o que revela certa monotonia criativa - mas em geral, Cacophonies é um álbum criativo. Em linhas finais, “Cacophonies From a Damaged HD” é um ótimo álbum que mostra Serina Fujikoso não só como uma cantora atrelada ao sexo, mas também às emoções e sentimentos humanos. || Composição: 32/40 || Visual: 21/25 || Coesão: 17/20 || Criatividade: 10/15 || Nota=32+21+17+10=80.

Billboard

82

“Cacophonies from a Damaged HD” poderia ser considerado como o disco dos dois lados de Serina Fujikoso, mas se mostra muito mais do que um projeto dúbio. O retorno/despedida da idol nipônica representa uma ruptura distinta de amadurecimento e coesão desde o seu último lançamento. “Désespoir Et Le Fidèle Serviteur” é uma sombria canção e serve como a abertura não só do compilado como também do primeiro lado do álbum. Com seu título em francês, Serina abre um confessionário em sua lírica, onde o eu-lírico se encontra em seu pior estado. Ela consegue filtrar muito bem os sentimentos, fazendo desta música uma das mais honestas do projeto. Em “Audrey”, uma provável ode à Audrey Hepburn, a artista se vê como um fracasso por não saber controlar suas emoções. Ela enxerga em Audrey um modelo a ser seguido, desejando o tempo todo ser como ela não só pela sua beleza, mas pela inteligência emocional e comportamental. É uma faixa muito interessante e acompanha o trajeto do disco sem dificuldades e com leveza. “Serina, It\\\'s Over”, terceira canção do primeiro lado, é uma espécie de ‘wake-up call’ (chamada para acordar) para si mesma. Enquanto negatividade rodeia a vida e saúde mental de Serina, há uma voz que a chama para acordar e sacudir de seu arredor o que lhe assombra tanto. É bem escrita e estruturada, mostrando que coesão não é um problema para a artista em nenhum aspecto. “Soap Bubbles” canaliza a raiva ao invés da tristeza. A melancolia que as três canções anteriores apresentaram agora soa nervosa sobre um amor frustrado e efêmero como bolhas de sabão. É divertida e bem mais encorpada que as anteriores igualmente. Pode-se definir como uma música onde personalidade não é um problema; Serina a esbanja nessa faixa. “Everlasting. True love. I am yours” é uma bonita balada que conta sobre um amor que fez as cores do universo do eu-lírico tomarem uma nova tonalidade, que renova o espirituoso sentimento que a confiança proporciona. É uma canção bem formulada e foge de clichês do gênero sem dificuldades, mas também representa uma mudança brusca da que se antecedeu nos ruidosos sons do HD de Serina. “So You Don\\\'t Realize...” retoma alguns pontos que “Serina, It\\\'s Over” levanta, principalmente na parte de se livrar da corrente pesada de emoções e frustrações que Serina acumulou. Aqui ela se levanta disposta a caminhar até um novo lado, referenciando o clássico ‘Alice no País das Maravilhas’, onde usa o lugar como o plano de fundo para se libertar e ser quem era no passado. Uma ruptura não só do lado “Corrupted Files” como de um sentimentalismo e melancolia ímpares, que Serina soube retratar com maestria. Começa então o lado “Data Recovery” com “My 3 Holes”. Cheia de luxúria e explorando a sexualidade, esta é uma daquelas canções que podemos considerar como um futuro clássico de Serina Fujikoso, que traduz a essência da idol com lembranças interessantes de trabalhos passados. A canção faz um contraste muito interessante com o outro lado e inicia os trabalhos do seguinte com dois pés na porta. Na liga de sedução narrada na oitava faixa do álbum, a jornada sexual tem continuidade em um retrato promíscuo onde o eu-lírico conta de uma relação com o namorado de sua melhor amiga. O prazer inebria e ela se esquece da traição, pedindo para ser o seu brinquedo de prazer. É mais homogênea que a anterior, e deixa o ouvinte ouriçado com a imagem que a artista constrói no ambiente da música. Se antes, Serina construía cenários para as suas canções simplesmente por suas referências, \\\"The Door to Heaven Opens After the 3rd Knock\\\" é literalmente a representação de um local afastado do convencional, seja na localização como na sua estrutura. Possivelmente a melhor música do projeto inteiro, nos seus dois lados. Extremamente bem escrita, encorporando ótimas referências e que sai do óbvio. “Eros\\\' Trigger” já decai lentamente em uma canção onde a dominação é uma via de mão dupla, mas com uma inclinação óbvia ao eu-lírico. Não é ruim, mas bem mais fraca e um pouco sem graça mesmo referenciando o deus Eros e o poder que Fujikoso carrega quando se trata de sensualidade. “Paradichlorobenzene” se encaixa nesta mesma categoria. A música que trata do inseticida, que, usado de maneira errada pode ser tóxico. Mistura o teor das drogas com a questão do erotismo, o que deixa tudo mais confuso na direção onde ela quer ir. Talvez essa possa ser considerada a mais fraca do álbum. Em “Sore Loser\\\'s Congratulations”, esse cenário se inverte; aqui, a artista faz as alusões ao que o álbum representa, com a questão das memórias e a forma como elas são conservadas consigo, através da lembrança de alguém especial. É uma canção boa, e justa para finalizar o disco de maneira coerente. Visualmente, o álbum se mantém muito fiel ao que propõe com um design arrojado. A artista se mostrou muito respeitosa ao conceito que modelou e o seguiu durante todo o processo, seja no visual como nas canções, até as mais fracas. Com isso, também se mostra arrojada e criativa. A ideia de representar os ruídos de sua memória danificada e a sua reparação obscura foi inegavelmente bem executada. Se esse é o seu último projeto, é uma pena; Serina Fujikoso é uma ímpar artista que tem muito para mostrar e surpreender os seus ouvintes, até os mais assíduos. Composição: 39/45 | Criatividade: 8/10 | Coesão: 18/25 | Visual: 17/20

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