Who Killed Macbeth? - Anneliese

American Songwriter
“Who Killed Macbeth?” é o novo EP de Anneliese, marcando o retorno da artista à indústria após algum tempo. “Dead Purpose’s Creation” abre o projeto, com uma sonoridade Rock muito agradável. A canção é boa, com um agradável jogo de rimas em alguns momentos e versos criativos, mas que aparentam estar desconexos. Não aparenta ter uma coesão intrínseca à faixa, que apesar de linhas bem escritas, peca em ter uma unidade própria. Há certa dificuldade para transmissão da mensagem, mas um bom trabalho com metáforas, entretanto, algumas poderiam ser deixadas de lado para tratar especificamente da temática, e depois oferecer à ela novas camadas mais poéticas. “Fashion Hallelujah”, por outro lado, é muito melhor e bem estruturada. Há uma narrativa, não necessariamente linear, que trabalha com o universo de ícones religiosos de forma muito sagaz, aparentemente também realizando críticas, que apesar de implícitas, são bastante inteligentes, vide \\\"You teach us how to pray / As long I don\\\'t disagree / As long you keep touching me\\\". Há também uma maior musicalidade aqui, com uma forte repetição de fonemas, não só nas rimas mas também na construção íntima das linhas. A terceira canção, “Blame”, dá sequência à qualidade da anterior, novamente forjando críticas à sociedade com versos inteligentes, sintetizados, dinâmicos e divertidos de se ler. É fácil cair no clichê com faixas assim, mas Anneliese contorna esse problema com proeza e entrega uma faixa inteligente e de extrema qualidade, mostrando novamente uma forte musicalidade nos versos. A quarta e última canção é “Crumbled & Dissolved”. Aqui, Anneliese analisa a si mesma ao invés dos outros, tratando de seus sentimentos íntimos em relação àqueles que a cercam. A faixa é boa e bem estruturada, mas poderia ter algumas passagens sintetizadas, apesar de bacanas. Apesar de tudo, ao lado de Fashion Hallelujah, é a melhor do EP. Novamente a inteligência e sagacidade ficam explícitas na composição, entregando um bom trabalho. Voltando-se para o visual - que pode ser sintetizado em fotografias distorcidas da artista com objetos metálicos - determina-se que ele é bom e simples, mas poderia ser melhor polido. As imagens da artista distribuídas pelo encarte são bonitas, mas poderiam ser tratadas superiormente. As fontes distorcidas são agradáveis e criativas, mas em algumas partes poderia haver um espaçamento maior entre as linhas, principalmente na seção “About The EP” - frisamos que isso não é um erro grave ou coisa do tipo, apenas um toque para tornar a leitura mais agradável e fácil. A criatividade está presente tanto na composição quanto no encarte, mas poderia ter sido melhor usada na produção das imagens, sem dúvidas. A coesão é impecável, já que todas as 4 faixas conversam entre si e o visual dialoga consigo mesmo em toda sua extensão. Em linhas gerais, “Who Killed Macbeth?” é um projeto inteligente e com uma intertextualidade com Shakespeare que ocorre de maneira natural, sem ser forçada, forjando um EP coeso e interessantíssimo, oferecendo críticas sociais em relação à figura da mulher que são pertinentes e extremamente válidas. || Composição: 33/40 || Criatividade: 12/15 || Coesão: 20/20 || Visual: 18/25 || Nota=33+12+20+18=83.
Billboard
“Who Killed Macbeth?” é um desses trabalhos que nos pegam de surpresa em muitos aspectos. Não só pelo fato de ter sido lançado sem qualquer aviso prévio, mas também mostra que a mente por trás deste extended play é extremamente criativa. Nas quatro faixas do mini-disco, Anneliese convida o ouvinte a subverter junto a ela a posição em que o clássico sempre delegou a mulher, como o núcleo do caos e onde todo o desejo masculino é despejado, de maneira negativa e opressora. Mas, mesmo com esta missão, ainda seria possível uma brecha para um trabalho que caísse em previsibilidade ou clichês datados. E é exatamente esse o maior triunfo do novo trabalho da cantora e compositora; além de nos deixar com esta sede por mais e mais - afinal, as quatro faixas são tão igualmente bem compostas e planejadas, que chega a ser um crime a falta de mais duas ou até quatro faixas a mais -, Anneliese sabe como dosar perfeitamente suas medidas. Ela traz algo muito pessoal para a tela onde pinta o seu retrato, mas adiciona a criatividade e renova um material por inteiro. O teor literário que a artista absorve trazendo um clássico como o texto shakespeariano ao qual faz referência é brilhante. “Dead\\\'s Purpose Creation”, “Fashion Hallelujah”, “Blame” e “Crumbled & Dissolved”; todas as quatro canções são bem escritas, originais e imprevisíveis. É quase impossível tecer uma crítica negativa ou um ponto a questionar dentre as faixas. Anneliese mostra que caminha lado a lado com uma lírica rica, carregada de emoções, contextos e pontas afiadas. Seu visual é moderno, robusto, e complementa de maneira perfeita em todos os sentidos. Nos últimos tempos, alguns álbuns que flertam com a literatura saíram, e de fato, mostram que há uma tendência que pode evoluir dentro da indústria musical. Enquanto isso não sai da hipótese, “Who Killed Macbeth?” já se consagra como um EP gigantesco em sua magnitude e poder. Nos deixa com este sabor de quero-mais e mostra os caprichos de uma artista que respira excelência. Um dos melhores trabalhos dos últimos tempos. Composição: 45/45 | Criatividade: 10/10 | Coesão: 23/25 | Visual: 20/20

Exclaim!
Em homenagem a renomada peça de Shakespeare “Macbeth”, Anneliese volta com um novo projeto adaptando suas experiências de vida em forma de desabafo em seu extended play “Who Killed Macbeth?” Uma obra semeada pelo ódio, raiva e decepções em quatro faixas. “Dead Purpose’s Creation”, a faixa pontapé do álbum que abre de forma incrível e consciente, Anneliese consegue trazer uma nova narrativa sobre sexismo dentro da indústria com essa canção, e distingue de tudo que já vimos abordando o mesmo tema, é de tirar o folego os versos carregados de amargura e ódio como em “The Sound of your rotting soul is my voice, your destructive words will be my mind” a tornam singularmente boa. “Fashion Hallelujah” é a segunda canção que procede dentro do álbum, com uma narrativa questionadora e dessa vez, Anne decide despejar linhas de raiva sobre o sexismo dentro da religião, novamente é uma canção que exsuda tudo aquilo que gostaríamos de ver com mais frequência, Anne está com punhado de questões para serem respondidas, destacamos o verso “You teach us how to pray, as long i don’t disagree” como a chave da canção que pode ser vista muitas vezes como sexual, mas há camadas de revolta em cada verso que é escrito. Ao final do projeto temos “Blame” e “Crumbled & Dissolved” como as melhores canções do ‘Who Killed Macbeth”, a incógnita que “Blame” carrega é de puxar os fios do cabelo, é aquele tipo de música que você consegue deseja se teletransportar para o tempo em que aconteceu para senti-la na pele e ter uma noção de tudo que estava passando naquele momento, noutra instancia “Crumbled & Dissolved” é como se realmente nós tivéssemos nos teletransportados para o cenário em que aconteceu, destacando as metáforas e a forma que Anneliese redige suas dores e trazendo um ponto positivo para todas as rimas do projeto, a artista consegue manter o lírico poético e ornar com rimas fortes e bem colocadas. Quando analisamos “Who Killed Macbeth?”, vemos que Anne apenas evolui em sua maestria de compor canções sórdidas e carregadas de emoções, que muitas vezes podem soar complexas demais para olhos comuns, mas é só um aperitivo das inúmeras camadas que a artista tem como compositora. Visualmente é coeso e o melhor disso tudo é que cada imagem representa de forma fascinante as canções, Anneliese está distorcida, em meio a metais cromados, largada, despedaçada por todo o lado, apesar de não ser nada gigantesco ou que tire nossos fôlegos, é um bom projeto visual e a capa é insana. COMPOSIÇÃO: 35/35 | CRIATIVIDADE: 15/20 | COESÃO: 15/15 | VISUAL: 25/30

All Music
Em ‘Who Killed Macbeth?’, Anneliese incorpora uma de suas melhores narrativas líricas para fazer um desabafo emocional acerca de acontecimentos que lhe deixaram extremamente raivosa e com vontade de expressar isso em letras. Em 4 faixas, o EP se mostra bastante coeso com a sua proposta, mas isso não é uma novidade pra Anneliese; que sempre manteve uma linha reta em seus trabalhos. A forma que o conceito é aplicado na história é realmente interessante, de forma criativa, fazendo com que as faixas se pareçam tão distintas, mas que acabam se conectando por um elo em comum: a raiva de Anneliese. Não seguir uma estrutura de uma música convencional não parece ser um problema para Anneliese, onde ‘Dead Purporse’s Creation’ soa como um verdadeiro desabafo em meio a raiva e perseverança, onde a artista usa da metáfora para enriquecer sua arte e transformar em algo maravilhoso. A letra de ‘Dead Purporse’s Creation’ é expressiva, criativa e libertadora, sendo uma faixa maravilhosa para introdução por sentirmos a raiva crua de Anneliese. ‘Fashion Hallelujah’ é uma faixa extraordinária e é onde a cantora atingir seu ápice de criatividade e composição dentro do projeto. Anneliese expressa sua dor da forma mais crua possível, em versos incrivelmente deliciosos e podemos sentir a raiva da cantora ao citar versos como ‘you teach me how to pray as long i don’t disagree, as long you keep touching me’ / ‘the preacher just like me when nobody can’t see’. A faixa tem uma história bastante pesada por trás, e Anneliese consegue expressar cada momento dela com sanidade das palavras que está cantando. ‘Blame’ é uma faixa não convencional – pela história inspirada, onde deve ser considerada no mínimo uma faixa criativa. ‘Crumbled & Dissolved’ encerra o disco em ótima forma, sendo mais calma durante um percurso que lhe faz crescer, sendo uma composição mais reflexiva e densa que as outras, sendo um acerto para encerramento. Em seu visual podemos ver que Anneliese se mantém como a artista mais exótica da indústria atual, sempre trazendo novidades em seu visual, e dessa vez não foi diferente. O encarte contém uma beleza diferenciada do convencional, mas também não é o seu melhor trabalho visual, soando um pouco confuso em certas páginas, mas também expressivo o bastante para combinar com o ‘Who Killed Macbeth?’. Mais uma vez, Anneliese se mostra uma artista que está pronta para nos apresentar qualquer tipo de trabalho, e de certa forma, acaba impressionando em todas as tentativas de um projeto experimental, onde o rock/alternativo agressivo encaixou como uma luva na artista que Anneliese está caminhando para ser: criativa, coesa e uma compositora de mão cheia. Composição: 32 / Visual: 20 / Criatividade: 20 / Coesão: 22