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The Good, The Bad and The Good-Hearted Father - Profound
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Walls - Ashford
91

Pitchfork

92

Após o seu primeiro álbum de estúdio \\\"ARCANGEL\\\", Ashford nos convida a conhecer sua mais sincera vulnerabilidade através do \\\"Walls\\\". Narrando suas complexidades em letras muito bem desenhadas à luz de um corpo coeso e visualmente agradável. Introduzindo o disco, \\\"Dreams Are Nightmares Too (INTRO)\\\" cumpre seu papel de forma exemplar. No decorrer da faixa, é possível sentir a angústia da artista em iniciar a narrativa do álbum e o cuidado em preparar o ouvinte para o que virá adiante. Uma faixa significativa e essencial no progresso lírico. Em \\\"Family\\\", é possível compreender mais intensamente os anseios da artista para com a temática abordada. Não poupando uma gota se quer de sentimentalismo, Ashford transborda viceralidade sob uma verdade plena e captada organicamente pelos seus versos. Relatos claros e recheados de referências internas que passaram a se exteriorizar espontaneamente pela evolução das causas na lírica. \\\"The Nightcrawler\\\" já trás uma dualidade super interessante e bem desenvolvida do eu-lírico, apesar de muito arriscada. Sabendo conversar com o ouvinte sobre suas atitudes e seus medos, a faixa carrega uma ideia de fuga da realidade ao mesmo tempo que se fixa cada vez mais nela. Representando uma tentativa falha de escapismo, que enriquece o enredo pela retratação dos anseios descritos. O segundo single \\\"Sharp Objects\\\" com participação de Victer Saint é espetacular. Detentora de um vocabulário brusco e pesado, a música mantém sua qualidade do início ao fim e os nuances da temática religiosa/familiar são arrepiantes. A participação do rapper é positiva e reforça o ideal apresentado, uma vez que tudo se encaixa entre os versos dos intérpretes. Em \\\"When We Violate\\\" a mesma história continua mas sob outro ponto de vista. Ashford agora encara o medo de se tornar aquilo que tanto crítica na sua família, mas que compreende a cultura e os processos educativos da mesma, inclusive os preceitos bíblicos. Sendo assim, tudo se torna evidente pela agressividade explícita nas palavras, que incorporam suas expressões e torna clara a proposta de continuidade. \\\"Bloodline\\\" traz uma relação perspicaz entre família e árvore, alimentada por conceitos de ambas as ideias. Analogia a questões de ancestralidade e seguimento do tradicionalismo são pontos fortes e questionáveis durante toda a faixa. É válido ressaltar o quão genuína a letra se mostra e em como ela transparece um desabafo de alguém que permeia pelos seus limites. \\\"Behind The Walls\\\" é o terceiro single do disco e o mais esclarecedor dele. A pureza da canção é o seu ponto mais forte. Se conhecer perante a realidade descrita e ainda sim apontar erros em si, além de terceiros, é mais um dos fatores que a torna única. Seus constantes questionamentos ganham vida e se vêem correspondidos pelos próprios versos, que se entrelaçam na sua narrativa. Em \\\"Open\\\", um eu-lírico angustiado se apresenta de forma tímida e melancólica. A metáfora em estar trancado a 7 chaves, representa o medo em - literalmente - se abrir a novas pessoas e experiências, uma vez que te? sua confiança abalada decorrente de uma realidade turbulenta. Os encaixes das figuras de linguagens tem sua maior força nessa faixa, explorados de maneira mais inteligente e de encontro certeiro com a ideia central da música. O primeiro single \\\"Trust Issues\\\" segue a frágil confiança levantada anteriormente. Numa visão mais densa e totalmente imersa nas relações familiares, aqui a instabilidade emocional de Ashford se mostra mais palpável. A lírica é o ponto mais forte da canção, mesmo que em alguns pontos (Verso 2) o uso de metáforas muito próximas tenha sido levemente prejudicial (tendo em vista que a faixa tem potencial suficiente para a utilização reduzida/pontuais desses recursos). Encerrando o álbum, \\\"Find Myself\\\" resume toda a narrativa contada em um momento \\\'atual\\\' do eu-lírico. É inteligente o método de resgate das demais canções, entretanto a organização das ideias não consegue andar nos mesmos trilhos das faixas anteriores. Não sendo um ponto muito negativo, visto que os versos que relataram a busca em se encontrar são bem estruturados e transbordam detalhes, todavia o encaixe do encerramento com tais \\\'colcha de retalhos\\\' não nos agradou tanto quanto. A coesão do disco é extraordinária. Foi possível passear por diversos temas e interpretações diferentes mas ainda sim manter o propósito da essência do álbum, não dando nenhum índice de fuga total ou parcial. O visual é elegante e cai como uma luva. É notável a utilização de referências claras às canções e trechos descritos no disco. Os detalhes minuciosos nas rachaduras pela pele - além das paredes -, quadros com imagens da família e a predominância das cores branco, preto e cinza são traços de um esforço positivo e condizente com a imagem que o \\\"Walls\\\" passa. Compreendemos também, que a proposta \\\'clean\\\' e natural do visual geral não soma negativamente para a obra. É perceptível quais são as intenções e quais foram os métodos utilizados. Sua criatividade é outro ponto que decorre do início ao fim. Desde o belo trabalho na edição dos instrumentais - ponto muito alto do projeto - e seus significados, até o tratamento da questão familiar como um assunto a se discutir. A abordagem do tema é sensível e extremamente pessoal. Não se cobra inovação de algo que vivemos e não se pode alterar. Aqui, a clareza da dor se transforma em arte é onde Ashford mostra seu poder criativo. Novos roteiros do mesmo tema que são contados, descritos e vividos por outra pessoa. Conseguimos sentir a sinceridade das histórias como se fossem nossa. Através de um vocabulário limpo, acessível e encantador. \\\"Walls\\\" é um enorme desabafo sobre sentimentos destrutivos que guardamos dentro de si e não sabemos como e onde exteriorizar, mas que se não colocarmos eles a fora, somos sufocados. Visual 23/27 — Composição 26/28 — Coesão 25/25 — Criatividade 18/20

All Music

90

Em seu segundo álbum de estúdio, Ashford abre as portas da sua casa quebrada para seu público, entregando um álbum bastante coeso e enxuto, contando uma história de quebra de confiança, dores internas e ódio durante as faixas do ‘Walls’. Sua composição melhorou bastante desde o seu primeiro álbum de estúdio, e aqui vemos uma artista que não tínhamos conhecido antes: uma artista totalmente disposta a abrir seu coração em composição puras, com tons reais e recheadas de sentimentos. O álbum inicia com ‘Nightmares Are Dreams Too’, que apesar da lógica, soa como uma faixa criativa para dar início a experiência dolorosa de Ashford. Dito isso, em alguns momentos a faixa não soa como uma introdução para a história, não parece estar de fato introduzindo uma narrativa, apenas dando sequência a uma. O contrário disso pode ser vista na estrofe final, que é bem colocada. ‘Family’ dá iniciativa real a narrativa do ‘Walls’ e mostra o lado mais vulnerável de Ashford, de uma forma que nunca tivemos a oportunidade de ver. A música relata seu relacionamento não tanto saudável com a sua família e como isso lhe prejudicou de uma forma agressiva, levando pontos por compor a letra de forma intensa e sincera, onde podemos sentir a experiência da cantora através dos versos. A ideia do segundo refrão talvez tenha sido equivocada, já que o primeiro é bem melhor do que o segundo e não consegue balancear a qualidade entre ambos, fazendo que o mesmo fique com menos brilho. ‘The Nightcrawler’ é uma música que deixa um clima agridoce por ter um enorme diferencial, mas que tinha tudo para a música acabar parecendo confusa, e foi o que aconteceu. A ideia de misturar duas ideias de diferentes significados é um pouco arriscada, já que a música pode acabar parecendo um pouco bagunçada em relação as duas propostas. Por outra parte, as composições de ambas partes da música são muito boas, mas juntas não parecem ter dado certo por serem temas bastante distintos. Embora a música tenha dois significados, talvez seguir com uma delas fosse a melhor opção, provavelmente a segunda parte da música. ‘Sharps Objects’ ganha pontos por sua agressividade necessária, e os versos de Victer Saint caíram como uma luva para aumentar a qualidade da música. Junto com ‘Sharps Objects’ e ‘Family’, ‘Bloodline’ é uma das melhores músicas do álbum. Ashford faz referência a tentativa de desvinculo com a sua família através de uma arvore genealógica, e esse é o diferencial da música em relação a todo o resto. A artista colocou a música de uma forma criativa, liricamente bem apresentada e cheia de intensidade. ‘Behind The Walls’ é um questionamento necessário para o álbum, se não a faixa mais importante de todo o álbum para dar sentido a todo o álbum. É um dos destaques positivos do álbum, por englobar toda a ideia do projeto e ter uma letra precisa, bem composta e que transmite emoção em quase todos os versos. Quando a artista questiona quem somos através das paredes, faz com que além de se conectar com o ouvinte, faz com que o álbum ganhe um sentido geral. Em ‘Open’, Ashford fala sobre suas barreiras emocionais e com um refrão incrível, conta é difícil estar na sua própria pele ao não conseguir se abrir de forma verdadeira, com uma introdução de duplo sentido fazendo com que a música cresça em qualidade. Finalizando o álbum com ‘Find Myself’, Ashford cria referências para o próximo álbum, criando uma faixa de encerramento englobando todos os acontecimentos do projeto a caminho de encontrar a si mesma. É uma faixa de encerramento mais do que ok, está bastante bem elaborada em suas referências que só deixaram a música melhor. Seu visual é coeso com a proposta do álbum, uma aparência simples com rachaduras fazendo referência uma casa é o que poderia ser esperado para o seu visual, que estaticamente está bonito; porém como observação, algo que incomoda é que os textos do encarte não estejam totalmente visíveis, onde embora não seja necessário para avaliação, é algo que é levado em conta como apresentação visual do trabalho como um todo. Outro ponto forte no álbum, são os áudios editados pela artista para dar ênfase no conceito do seu trabalho, tendo colocado introduções variadas nas músicas que acabaram fazendo toda a diferença para a interpretação da mensagem, nisso podemos dizer que foi o ponto crucial para o álbum. Ashford se mostrou ser uma artista completa em diversos pontos com o ‘Walls’, aprimorando seu talento como compositora ao contar sua história através da sua música de uma forma que realmente transparecesse sua verdadeira forma, e dentre acertos e pouquíssimos defeitos, ‘Walls’ pode ser uma grande aposta para a indústria musical em um futuro não tão distante. Composição: 30 / Visual: 21 / Coesão: 20 / Criatividade: 19

Rolling Stone

91

Desde o lead single \\\"Trust Issues\\\" era esperado algo de cunho pessoal pela cantora, a canção que fala de problemas de confiança gerados pelo pai foi um pontapé inicial perfeito para toda essa narrativa, logo após o lançamento da gloriosa \\\"Sharp Objects\\\", que se formos parar para analisar a canção como um todo, é uma das canções que mais impactaram o último ano e uma das canções mais bem feitas do álbum \\\"Walls\\\". Seguindo a temática proposta pela cantora, vemos um álbum frágil, um verdadeiro desabafo, mas não de qualquer forma, é muito sincero, é sentimental, e passa as sensações que a cantora sentiu no momento de escrever cada canção, a sua lírica não perde a excelência nem sequer por uma faixa durante o álbum, encaixando tudo perfeitamente, como se cada faixa fosse um tijolo até que o conjunto construa as paredes. Ashford trouxe um álbum que é muito difícil trazer qual canção se destacou mais entre as outras, é difícil empilhar o sentimento de uma pessoa como ranking. Entretanto, as canções que mais nos identificamos no projeto são \\\"The Nightcrawler\\\", \\\"Sharp Objects\\\" e \\\"Family\\\", a cantora não poupou esforços nessas composições para entregar o sentimento que é ser vigiado, sentir a palavra de Deus lhe ferir e sentir que sua família pode te machucar tanto quanto qualquer pessoa desconhecida. Esse álbum é sobre você compreender que você não faz parte de uma família de comercial de margarina, mas sim que os defeitos e submissões, e outras atitudes podem te causar danos permanentes e traumas irreparáveis, como a cantora diz na explicação da última canção, não é sobre um final feliz, esse álbum é sobre observar tudo que aconteceu e tentar se encontrar no meio disso tudo. Não é fácil, para ninguém será e para cantora não foi diferente. O visual do álbum assinado por Sia Rosa, é peculiar e casa bastante com a proposta insinuada pela cantora, a parede estar intacta e ela cheia de rachaduras, mostra que para todos que olham de fora, está tudo perfeitamente no lugar, mas por trás das paredes há bastante rachaduras e locais para reparos. Ashford entregou um diário, confissões em forma de música, gatilhos e momentos de dor para que ela observe tudo e consiga compreender quem ela é e quem ela quer se tornar, esse álbum para muitos pode significar nada, mas sabemos que para a cantora simboliza retirar a dor de um momento e alivia-la em suas músicas. COMPOSIÇÃO 32 / CRIATIVIDADE 16 / COESÃO 19 / VISUAL 24

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