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Made In America - Teyana T
97

Pitchfork

96

Após o triunfante e icônico ‘Black Excellence’, Teyana T se mostra convicta sobre a sua posição e voz dentro da indústria, tem ciência do poder que os versos dela carrega e podemos dizer que a rapper firmou seu solo para que outros pudessem correr. Com seu primeiro Extended Play nomeado de ‘Made In America’, Teyana T leva o ouvinte em uma viagem histórica de documentação sobre a perspectiva de luta e confronto racial em um trabalho de quatro incríveis faixa, tendo o pontapé inicial em ‘1888©’, faixa representada pela Lei Áurea responsável pela libertação de 700 mil escravos na época, e como dito anteriormente, bruscamente Teyana nos surpreende com a sua capacidade de transformar história em músicas e levantamos o ponto em que a artista parafraseia a frase de efeito de Martin Luther King usada em 1963 durante uma marcha em Washington /’ We need a dream like Marthin Luther King’/, sem dúvidas 1888© é um dos grandes destaques do álbum e consideramos o refrão como um dos mais perspicazes da artista, é incrível. Com a Best New Track, ‘Harriet’ segue com a forte narrativa da escravidão, mas dessa vez na perspectiva da abolicionista e ativista americana Harriet Tubman, Teyana T rasga versos que evocam suas raízes autênticas e afrontosas em sua nova canção Harriet. Dando uma lição de história aos leigos, a rapper vangloria com maestria as linhas que são recheadas de referências bem colocadas e rimas inesperadas, como no verso /\\\"Rewriting the black american story when she fled the persecution of her glory/\\\". Harriet celebra a história de todas as mulheres negras e triunfa sobre o álbum como uma de suas melhores composições e sua força democrática se alinha nas duas últimas faixas do trabalho, ‘AmeriKKKa’ e ‘Legacy’, responsáveis pela visão presente e futurista de sua perspectiva, em ‘AmeriKKKa’ Teyana cospe versos imbuídos de poder, libertação e inteligência, coloca o ouvinte em sua posição de observar o atual cenário político que vivemos tendo isso como um destaque dentro do contexto do álbum, a forma que a rapper conseguiu viajar em diversos períodos históricos para trazer uma mensagem que perpetua há séculos. ‘Legacy’ é uma faixa linda, gostamos como a artista conseguiu trazer parte do seu pessoal dentro de toda turbulência e também uma visão para a nova geração, inclusive sua filha. Quando analisamos a composição, estrutura e forma que Teyana T transparece seus versos é magnífica, a artista consegue se posicionar dentro da indústria como uma das maiores compositoras dos últimos tempos. Apesar do visual ser algo que já vimos várias vezes dentro da indústria, gostamos do cenário ‘old-school’ que ele evoca, como se fosse cartazes políticos da época que conversam muito bem com o contexto geral do trabalho. ‘Made In America’ tem a capacidade de se destacar como um projeto além de um mero Extended Play, e sim como um trabalho político que reafirma a sagacidade da artista em trazer voz e liberdade para a comunidade negra. COMPOSIÇÃO: 27 / CRIATIVIDADE: 26 / COESÃO: 20 / VISUAL: 23

All Music

100

Com seu novo material, Teyana T não decepciona ao entregar um dos seus melhores trabalhos, que mesmo em poucas faixas, se destaca pelas composições marcantes e bastante expressivas, elevando ainda mais seu nome como uma das melhores compositoras da indústria musical. O EP carrega a proposta de demonstrar o passado, presente e a perspectiva de um futuro melhor em relação a questão racial, que desde dos tempos mórbidos, é uma causa que parece não ter fim; porém com as músicas de Teyana sob a mesa, soa como um tapa na cara de como a sociedade esteve morta e podre por cerca de 2 mil anos. Em ‘1888’, não tem outras palavras que descrevam a facilidade Teyana T de fazer uma composição tão nua e crua soar como um grito de guerra: perfeição. A faixa é intensa do seu começo ao seu fim, totalmente detalhada pela dor do seu povo, e cada verso é incrivelmente pesado, porém necessário. A faixa demonstra não só o talento da rapper como compositora, mas também como contadora de histórias, sendo uma faixa de introdução que sem exagerar, é o mais perto da perfeição possível. (Destaque para seu refrão). Já em ‘Harriet’, tem a composição mais incrível e crua sobre o assunto já visto pela revista. A artista tem uma facilidade gigantesca de comover o público com os seus versos grandiosos, e ‘Harriet’ é uma homenagem perfeita pela forma que a rapper utiliza das palavras de dor para enaltecer. Em seus versos, podem ser notados seus dias de pesquisas, seu interesse na cultura e seu empenho em ser a porta voz da comunidade negra na indústria musical. Com ‘Harriet’, Teyana mostra que não é apenas mais uma artista preta na música, e sim a voz que a comunidade precisa. ‘Amerikkka’ não é a melhor faixa do álbum, mas contém versos tão grandiosos quanto. Fica atrás das duas primeiras músicas em questão de impacto e qualidade sonora, mas assim como as outras, atinge a nota máxima pela comunicação clara com o ouvinte, trazendo a verdade nua e crua para as suas músicas sem precisar molda-la para o público alvo. Em ‘Legacy’, é interessante ver outro lado de Teyana T no mesmo projeto que demonstrou letras tão marcantes. A letra é mais pessoal, direcionada a sua filha, e como o seu amor pela criança tem impacto nas suas ações e talvez esse seja o real motivo das suas músicas: criar um mundo melhor através das canções para a sua filha. É lindo de ver como o EP termina com uma grande canção, emotiva e sentimental, dando um plot twist para o final do trabalho. Seu visual contém efeitos sépia, talvez para dar uma sensação nostálgica dos anos citados no projeto e dar uma sensação de ser mais antigo, o que caiu maravilhosamente bem. Seu visual é limpo, um pouco simples porém cumpre seu propósito; sem citar a sua capa, que por si só já contém um impacto necessário visualmente. Diante todos os seus projetos lançados, acreditamos que não tenha uma música relativamente ruim no catálogo de Teyana, onde a artista mostra que seu primeiro álbum de estúdio ganhar ‘album do ano’ não foi por sorte ou coincidência, mas na verdade reflete todo o seu talento como compositora e artista; e não poderíamos ficar mais excitados com o lançamento do segundo álbum da rapper, já que o ‘Made in America’ para ser uma boa introdução do que vem por aí. Composição: 33 / Criatividade: 20 / Coesão: 22 / Visual: 25

Rolling Stone

97

A capacidade de criar músicas extremamente detalhadas e visuais é elevada ao nível máximo em \\\'Made In America\\\', novo extended play de Teyana T. A rapper atinge um novo nível de excelência ao trazer os assuntos do seu primeiro álbum de estúdio com ainda mais habilidade, cada composição é como se fosse uma pequena narrativa, onde Teyana, com suas habilidades intrínsecas de composição, envolve o ouvinte de forma incrível na música, realmente nos colocando no corpo e na ótica do qual a história está sendo contada. O projeto abre em alto nível com a faixa \\\'1888 ©\\\', Teyana T atinge um patamar insano de detalhamentos e construção narrativa nesta faixa, é como se o ouvinte sentasse com a artista na de um bar e escutasse as confissões que a artista tem a dizer, destaque para os versos que embora grande e detalhados, em nenhum momento se tornam cansativos e contam com bastante melodia e rimas, essenciais em músicas de rap. A melhor faixa do projeto vem logo em seguida, \\\'Harriet\\\' conta com trechos muito bem colocados e pensados, exalando criatividade e qualidade nas composições, utilizando de recursos avançados de composição, coesão e melodia. \\\'She was as black as the night, for whites a threat, for black the light\\\'. \\\'Born Araminta, but immortalized like Harriet\\\'. \\\'Amerikka\\\' é a canção que mais se conecta com o tema central do disco, ainda traz uma alusão perspicaz e inteligente, trazendo uma forte crítica política à América, tudo isso com ótima estrutura lírica. \\\'Legacy\\\' é um momento de \\\"quebra\\\" no projeto, mesmo assim, a rapper não perde sua coesão, apenas escolhe abordar o tema de forma mais afetiva, entregando a composição mais emocionante e pessoal da sua carreira, fechando o projeto muito bem e nos lembrando qual o objetivo de Teyana: Deixar para trás uma América melhor para sua filha. Na parte visual, o projeto executa um ótimo trabalho, as páginas lembram jornais antigos, como se a artista estivesse com todas as suas opiniões estampadas dentre os tablóides. Apesar de muito bem editado, seria melhor se alguns detalhes da narrativa fossem inseridos no encarte, deixando a narrativa do projeto ainda mais rica e consoante com o que está sendo contado. Por fim, Teyana T reafirma seu posto como uma das maiores compositores da atualidade, trazendo músicas inteligentes como \\\'Harriet\\\' e \\\'AmeriKKKa\\\', a artista conseguiu elevar o nível de seu trabalho, entregando um projeto muito bem planejado e executado. COMPOSIÇÃO: 32 / CRIATIVIDADE: 25 / COESÃO: 22 / VISUAL: 18

Los Angeles Time

96

Há dois anos atrás, Teyana T se tornava a primeira mulher a vencer a categoria de álbum do ano no Grammy. Com um dos trabalhos mais importantes e audaciosos da indústria. O poder e influência do “Black Excellence”, marcou toda uma geração. Nunca vimos antes com tanta maestria e sensibilidade, um orgulho negro transcendendo a música. Se por um lado, o seu debut “Black Excellence”, vencedor do grammy de álbum do ano, trouxe as maravilhas e reverência a comunidade negra, em uma exaltação à toda uma comunidade que vem sofrendo há séculos. O “Made In America”, segue outra linha, onde demonstra exatamente as dificuldades vividas não somente pelas mulheres negras, mas sobre toda a população negra que vive nos Estados Unidos. Os brancos europeus podem até terem “descoberto” as américas, mas quem ergueu e construiu os Estados Unidos, foram os negros africanos. E quando pensamos na simples ideia de ter uma pessoa negra estampado uma nota simples de 20 dólares, vira comoção e deboche nacional. Teyana T faz o público refletir não somente sobre o racismo explícito, mas sobre toda a construção racista muito bem desenvolvida na América. Será que o sonho americano realmente vale para todos? As gerações futuras da comunidade negra, terão os mesmos acessos que um homem branco possui hoje? Esse questionamento a rapper deixa em aberto, na qual a construção do futuro, só depende de nós mesmos. É com essa mensagem questionadora e reflexiva que o segundo trabalho de estúdio da primeira mulher a ganhar o AOTY , traz em seu projeto “Made In America”. “Eu tenho que fazer 2 vezes mais, para obter 4 vezes menos”, é assim que “Made In America”, com as vozes de mulheres negras fazendo suas preces a um Deus branco - Confie em Jesus e façam suas orações -. 1888 é uma poderosa faixa, onde mais uma vez demonstra todas as habilidades de composição da rapper. A letra é muito bem estruturada, cheia de referências e com rimas brilhantes. 888 é um dos números da sorte dos escravos norte-americanos, e coincidentemente em 1888 o Brasil, libertou os escravos após a lei áurea. Com muito orgulho e empoderamento, mostrando a história de forma nua e crua, Teyana mostra ao público que está apenas começando. Na segunda faixa, somos apresentados à Harriet Tubman, uma das mulheres que marcaram a história dos Estados Unidos, ao ajudar mais de 300 escravos, a conseguirem a liberdade. Vemos que Miss T, trouxe um conjunto quase enciclopédico, oferecendo mais que um extended play, mas um documento musical muito bem escrito e coeso. A terceira faixa do disco fica por conta de ameriKKKa, a qual faz referência ao grupo Ku Klux Klan. Conhecidos por suas ideologias extremistas e por seus atos criminosos contra a comunidade negra. Nessa faixa, Teyana expõe de forma surpreendente a hipocrisia e a divida histórica dos Estados Unidos, com a comunidade afro. Isso se intensifica, quando a cantora cita a 13º emenda, fazendo um paralelo dos anos escravagistas com a atualidade. E por fim, somos apresentados a track “Legacy”, um dueto da rapper com sua pequena filha, Unique. A faixa fala sobre o legado de Teyana, em tentar fazer o mundo um lugar melhor para sua pequena filha. Onde Teyana, como mulher e mãe, não deseja que sua filha cometa os mesmos erros ou passe pelos mesmos problemas que obteve anos atrás. É uma faixa linda, que encerra o disco em verdadeira maestria. Através de apenas quatro canções, vimos o nascimento de outro clássico do gênero. Esteticamente o “Made In America”, se demonstra menos interessante que o Black Excellence, com exceção de sua capa. O visual do álbum é muito completo e bem desenvolvido, com encartes polidos em um formato que remete a um jornal. No entanto, a sua arte não se demonstra tão empoderada e poderosa como a parte lírica aqui presente. O disco se torna muito mais atrativo por sua musicalidade do que por sua arte. O que não é um problema, mas certamente a estética do ep, não será o seu ponto forte. Teyana sabe usar suas habilidades ao seu favor, isso juntamente com sua poderosa voz ativista, lhe tornou uma das maiores artistas da indústria musical. Não há o que falar sobre suas influências, a veterana não comete erros. Aguardamos ansiosamente o próximo passo da cantora. NOTAS: [COMPOSIÇÃO 35/35] – [VISUAL 26/30] – [COESÃO 20/20] – [CRIATIVIDADE 15/15].

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