confessions of a survivor and other tales - Mari Boine

Pitchfork
Perturbador, corrosivo e arriscado, as três palavras que definem o seu primeiro álbum de estúdio ‘confessions of a survivor and other tales’, em doze faixas, Mari Boine sussurra da forma mais subversiva possível convidando o ouvinte a sentir na pele o seu trauma de infância e sem demais delongas e avisos de gatilho – que são explorados vigorosamente, ‘...Charlie’ introduz a peça com maestria e versos muito bem estruturados, direta e sem pudor, o lírico desabafa da forma mais agressiva e assustada possível, entrando como um destaque dentro do álbum, ‘R.I.P’ e ‘There’s Nothing To Do Know’ dão sequência ao trauma de Mari com outra perspectiva, a artista mostra uma inteligência em explorar bem o tema sem que ele fique cansativo, e sim intrigante e curioso batendo em contraste com ‘Narcotic Girl’ que abre um espaço maior para ser explorada, frisamos que não é uma faixa ruim, apenas se camufla dentro dos destaques que é a faixa anterior e sucessora dela. ‘Palms Up’ a canção que faz glorificar a pessoa que Mari se tornou, apesar de ser bem escrita e chamando bastante atenção no verso quatro – um dos melhores dentro da obra, acaba se tornando cansativo essa narrativa de abraçar o mal que se tornou, tendo um ponto negativo nas mesmas citações durante as outras faixas como ‘Unholy’ que traz uma sensação agridoce para o ouvinte, Mari veste a carnificina de ódio do atirador e dá continuidade nessa temática questionável até Torture, é importante frisar de que não são faixas ruins, mas dentro do contexto do álbum podem parecer um tanto repetitivas, apesar de bem escritas. ‘Fuck Me’ termina a segunda parte da narrativa com excelência, suas metáforas fazem o leitor sentir na pele os seus medos e a melhor parte é que Mari Boine entrega toda sua vulnerabilidade de uma forma diferente do que já vimos. Mesmo que seja um bloco previsível, é introduzida o encontro com a luz com ‘All My Tears’ que não nos chama a atenção enquanto é discorrida nos versos, podendo ser muito melhor aproveitada sem os temas que já vimos anteriormente, a faixa transparece uma versão ‘limpa’ do que já foi explorado. ‘Living In The Light’ encerra o álbum com lágrimas, é emotiva e sensível como Mari percorre pela faixa, mas ainda carregada de sinceridade e lucidez que nos faz querer mais dessa Boine que ‘viu a luz do dia’. O visual contempla as letras perturbadoras e a sensação desconfortável que o álbum traz, a página que mostra Mari encarando a cova é provavelmente a melhor do projeto. Apesar das letras bem escritas e estruturadas, seria interessante o uso de rimas dentro delas, explorar como o uso delas podem enriquecer e transformar as composições, sendo um dos pontos negativos do álbum. A história e o conceito como um todo, é bastante interessante e pesado, Mari não poupa o leitor de sentir sua dor em cada instante do álbum. Diante disso ‘confessions of a survivor and other tales’ coloca Mari dentro dos holofotes como uma das artistas mais ousadas e interessantes da indústria, nos deixando ansiosos para seus próximos lançamentos. COMPOSIÇÃO: 23 / CRIATIVIDADE: 22 / COESÃO: 18 / VISUAL: 23

Variety
“Confessions of a suvivor and other tales” é uma surpresa em todos os sentidos para quem senta e ouve o disco pela primeira vez, sua temática e lírica muitas vezes perturbadoras causam desconforto instantâneo durante a primeira vez que nos deparamos com o trabalho, mas de alguma forma na mesma proporção, desperta curiosidade para entender e compreender o que Mari Boine está nos propondo. Logo de início, a canção “Charlie...” já nos mostra com clareza o que está por vir, talvez seja uma daquelas canções que dividem quem ouve, como uma forma de escolher quem está disposto ou não a adentrar a fundo numa história obscura e pesada, não é muito comum se falar de morte, ainda mais quando se trata de crianças/adolescentes que estão no começo de suas vidas, em seguida com as excelentes “There’s Nothing To Do Now” e “Narcotic Girl”, a artista nos mostra que não consegue mais lutar e que se entrega as emoções e aos vícios para lidar com tamanho trauma vivenciado tão precocemente e sua vida. Seguindo com músicas que igualmente são capazes de arrepiar pela sua morbidez e consciência do que se trata a sua vida naquele momento temos “All My Tears” e a melhor de todo o disco, “Unholy”, nelas a cantora mostra como as consequências e sequelas agem no corpo e mente e fazem duvidar de si mesmo, do que socialmente é colocado como o certo e como ela está aprendendo a lidar com tudo isso dentro de sua própria visão. Talvez Mari tenha tido um dos debuts mais tímidos da indústria, mas conseguiu trilhar seu caminho e se tornar uma artista que apresentou um trabalho que pode deixar surpreso até a si mesma, com visuais únicos e sua própria narrativa, a cantora criou sua própria indústria e moldou uma parcela do que pode ser a forma mais vulnerável que já vimos passar durante todo esse tempo, mesmo que tudo seja de forma fictícia. É capaz de estarmos diante do álbum mais sombrio e assustador da indústria até o momento, mas isso nos anima pois só mostra o enorme potencial da artista, ele prova que apesar de nova, Mari Boine consegue sabe muito bem onde e como pisar em terrenos ainda não explorados e ser diferença quando entra em lugares que outras pessoas já foram, dando sua identidade e forma única de ver seu próprio mundo interno e externo. Composição: 23/25 – Coesão: 24/25 – Visual: 28/30 – Criatividade: 20/20

Rolling Stone
Mari Boine entra na indústria de forma chocante com o álbum \\\'confession of a survivor and other tales\\\'. Através de doze faixas, a artista irá trazer os contos de sua adolescência de forma linear, desde o momento onde seus amigos são fuzilados em um trágico massacre, passando por problemas como culpa, depressão, ansiedade e drogas, até chegar no momento de luz, onde a mesma é salva pela música. O conceito deste álbum é único e inovador, é incrível como a artista conseguiu trazer este tema para suas composições, narrando detalhes dos acontecimentos e trazendo uma ótica real aos fatos, desta forma, há um grande êxito em nos fazer mergulhar na cabeça e nos pensamentos sombrios da garota. As melhores composições são as que carregam maior teor de melancolia, dor e raiva, tendo descrições minimalistas, no qual fazem o ouvinte embarcar na jornada de forma crua e nua. \\\'Charlie...\\\', \\\'R.I.P\\\', \\\'There\\\'s Nothing To Do Now\\\' e \\\'Fuck Me\\\' são os grandes destaques do disco, esta última, em especial, é a melhor de todo o projeto, \\\'Fuck Me\\\' é o retorno da aura sádica do disco, neste momento já estamos conectados com Mari e suas histórias, a forma como são descritos os versos e as sensações da cantora nesta faixa são incríveis e nos fazem sofrer juntamente da autora, destaque para o trecho \\\'Todos os dias, a ansiedade me arrasta para a minha cama/Mas a insônia tem essa brincadeira boba de martelar minha cabeça\\\'. \\\'Palm\\\'s Up\\\' é o ponto mais fraco do álbum, ela não é uma faixa ruim, mas o nível das outras é bastante superior, fazendo com que ela se perca no meio da tracklist, passando despercebida. Devemos pontuar ainda que em nenhum momento o trabalho perde sua linearidade e coesão, perante a história que está sendo contada, todas as faixas, mesmo contando com alguns pontos mais fracos, como a já mencionada \\\'Palm\\\'s Up\\\', agregam à narrativa. Quanto ao visual, ele foi bem trabalhado e acerta ao trazer tons escuros e sombrios para o encarte, casando com os temas do álbum, no qual traz solidão, dor e culpa como temas principais. Enfim, Mari Boine realiza seu debut de forma potente e única no mercado, com composições cruas, cheias de verdades sinceras e sentimentos conflitantes, a artista conseguiu arrancar as mais diversas sensações com este álbum, impressionando pela imensa criatividade. COMPOSIÇÃO: 30 / CRIATIVIDADE: 26 / COESÃO: 22 / VISUAL: 17

Billboard
Após um grande tempo desde o lançamento do seu lead single, Mari Boine finalmente disponibiliza o seu debut álbum, o “confessions of a survivor and other tales”. O disco apresenta letras que são baseadas em um massacre ocorrido na escola onde a artista estudava em sua adolescência. Além disso, narra também suas experiências de perder seu melhor amigo e de ser a única sobrevivente do crime e ainda ser culpada por isso. Apresentando um som psicodélico e obscuro em seus instrumentais, as letras acompanham o mesmo ritmo ao focar em relatos da forma mais crua e nua possível. A afirmação anterior não se torna algo negativo aqui, visto que a artista soube explorar bem suas letras, trazendo composições ótimas. Destacamos principalmente aquelas letras mais melancólicas, como “There’s Nothing To Do Now”, “Fuck Me” e “My Friends”. Algumas letras presentes no álbum, apenas se tornam inferiores diante de outras composições incríveis. E sinceramente, esse é o único erro nesse quesito. Agora, quando analisamos a coesão do disco, nós percebemos uma tracklist bem linear, mas que, apresenta alguns deslizes. Como por exemplo as canções “Palms Up” e “Unholy” que - são voltados mais ao sexo e em como ele foi a chave encontrada pela artista para esquecer a dor – deveriam estar juntas (seguidas) na tracklist. Acredito que a faixa “Reaper” deveria ter sido colocada acima da faixa “Palms Up”, não atrapalhando assim, a linha tênue do projeto. Outro deslize perceptível, é falta de uma interlude para marcar a transição das faixas “Unholy” e “Torture”, visto que as canções narram “temas distintos” e essa mudança repentina acaba soando agressiva. O quesito criatividade, foi onde a artista alcançou a nota máxima. O tema escolhido e toda a ideia que o envolve, foi algo perspicaz e muito bem pensado e trabalhado. Seguindo ao visual, nós também estamos bem servidos, com um encarte digno e muito bem trabalho e que também apresenta parte do conceito geral. Mari Boine vem crescendo cada vez mais em seu gênero principal, como também mundo afora. Seu álbum apenas serviu para deixar as portas abertas para ela e sem pretensão de fechá-las. Seu talento é inegável e seus números também são fatos, a artista apenas está mostrando cada vez mais seu potencial e, assim, esperamos ansiosamente seus próximos passos no mundo da música. COMPOSIÇÃO: 27 / COESÃO: 20 / CRIATIVIDADE: 20 / VISUAL: 25

All Music
Em seu primeiro álbum de estúdio, Mari Boine mostra como entrar com o pé direito na indústria musical, trazendo um debut álbum com personalidade, criatividade e letras intensamente insanas. Seu conceito é um pouco perturbador, mas deve ser interpretado como um ato gigantesco de criatividade: Mari criou todo um universo, uma história, que apesar de mórbida para ser contada em um álbum, é totalmente fora da caixa e fugiu do clichê de forma absurda. O álbum conta a história da uma sobrevivente de um atentado contra amigos e a si mesma, onde ela foi a única sobrevivente e todo seu processo é contado a partir disso, e na sua primeira faixa, iniciamos com uma composição muito forte, e como dita pela própria cantora, crua. ‘Charlie...’ dá início a história de horror, onde pelos seus versos podemos sentir seu sofrimento e sentir a terrível tragédia. Porém, sua letra é tão ‘forte’ que sentimos a sensação leve de ‘será que precisamos ouvir tudo isso em uma música?’, de forma intrigante. ‘R.I.P’ mantém o nível alto de composição, assim como a sua anterior, transmitindo não só emoções, mas também a história. ‘Theres Nothing To Do Now’ é uma faixa necessária não só para a suas sucessoras, mas tem um ar de encerramento, podendo ser a faixa perfeita para o fim da história: Mari assumindo a culpa; mas pelo fato de ser tão importante para as que vem a seguir, pode ser relevado. ‘Narcotic Girl’ é diferente, porque apesar da letra ser tão complexa quanto as anteriores, Boine transformou em um ar diferente para quebrar toda a energia negativa que as letras pesadas poderiam trazer, sendo assim o ponto chave do álbum. ‘Palms Up’ é uma faixa interessante pela sua história, mas é uma faca de dois gumes: relatar a vida intima de uma garota de 16 anos parece ser um pouco problemático quando é contada de forma tão crua e tão direta, mas isso não tira o ar de superioridade que a faixa tem em relação aos outros, precisa apenas tomar cuidado para não ser um problema na sua carreira, e essa faixa soa desnecessária. ‘Reaper’ se junta com as duas primeiras faixas do álbum como as melhores do projeto, pelos seus versos inteligentes e intensivos, prendendo atenção de quem escuta. ‘Unholy’ é a faixa mais fraca, não é tão ruim, mas também não contém a qualidade esperada já que as anteriores são tão maiores, acaba um pouco ofuscada, junto com ‘All My Tears’. ‘Fuck Me’ é uma letra medonha, no bom sentido: contém versos estranhos que são interessantes, e seu refrão é absurdamente bom. ‘Torture’ encerra o álbum de forma intensa e dramática. Seu fator coesivo não peca em quase nada, todas parecem conectadas, com exceção de ‘Palms Up’ que em nossa opinião, não era tão necessária assim. Seu visual contém referências, na sua capa e assim no seu encarte, do filme ‘Coraline’. Esse tipo de visual encaixou perfeitamente no álbum, que apesar de parecer que precisa de uns toques finais, é muito bem trabalhado para parecer tão macabro quanto a história que é passada no álbum. Em um todo, Mari apostou alto nesse álbum sem medo de cair, e pode-se dizer que sua coragem foi recompensada; acreditamos que a ousadia presente nesse álbum pode levar a cantora muito longe e seu caminho parece muito promissor. Por fim, ‘confessions of a survivor and other tales’ é um álbum criativo, coeso, inesperado e complexo, e todos esses fatores fazem que ele sem dúvidas seja um dos destaque positivos não só entre os novatos, mas também entre os veteranos. Composição: 30 / Criatividade: 20 / Coesão: 21 / Visual: 24

TIME
Mari mostra seu coração e desinibe seus traumas em doze faixas, esse é \\\"CONFESSIONS OF A SURVIVOR AND OTHER TALES\\\". Com cautela, nos aprofundamos nas confissões de Boine, logo fomos introduzidos a \\\"CHARLIE\\\", a faixa mais melancólica possível, tão poderosa que nos causou um certo desconforto. Algo na canção parece um pouco desconexo, durante o verso três, onde a cantora aborda algumas questões sociais que não pareceram se coligar com a narrativa inicial. Prosseguimos com \\\"R.I.P\\\", onde a artista começa a despir seu trauma de forma mais evidente e de forma mais passiva, desenvolvendo a sua culpa. O que agrega mais qualidade ainda, levando-a se tornar uma das melhores dessa metade do disco. \\\"THERE\\\'S NOTHING TO DO NOW\\\" se aprofunda mais na ultima pauta, onde nos versos, a eu-lírico assume a culpa e ao mesmo tempo, desabafa sobre seu estado mental — Mari continua acima da média em suas composições super bem trabalhadas — de forma poética. \\\"NARCOTIC GIRL\\\" é a mais fraca de toda obra, mesmo ainda possuindo bastante qualidade, ela se mostra mais imatura e mais pobre (liricamente) do que as outras. Os versos iniciais de \\\"PALMS UP\\\" funcionam — de forma genial — como uma síntese das ultimas faixas do álbum. De forma agressiva, a cantora explora sua sexualidade, o que acaba sendo um tempero interessante. Mas, o sexo que ela queria descrever, poderia ter sido mais explicito e menos ofuscada por sua raiva. As palavras iniciais do quarto verso chegam a ser cômicas de tão inteligentes que são: \\\"Ouvi alguém me chamar de profana, mas isso é algo para uma próxima música\\\". \\\"TORTURE\\\" é uma música extremamente triste (e ponto final). Seguimos — depois de termos ficado um tempo em silencio, tentando se recuperar da ultima faixa — para \\\"UNHOLY\\\" que adiciona algo novo, deixando o conjunto diverso, ainda de forma coesa, algo raro e que muitos deveriam aprender com Boine. \\\"FUCK ME\\\" é uma daquelas canções que causam arrepios na espinha, nenhum problema de composição, a mensagem foi introduzida e compreendida de imediato, o que nos causando desconforto. Quando chega em \\\"ALL MY TEARS\\\", toda a tensão posta no ouvinte é extraída, aqui a artista mostra estar superando seus traumas, e tendo empatia pelos que contribuíram neles, em versos perfeitamente articulados e que mais uma vez conseguem expressar tudo de forma clara. Com certeza uma das maiores e melhores de todo trabalho. \\\"MY FRIENDS\\\" e \\\"LIVING IN THE NIGHT\\\" fecham o álbum com a melhor sequencia possível e de forma satisfatória. A escolha de se inspirar na animação \\\"CORALINE\\\" para o visual, pode não ter caído tão bem quanto poderia, se a cantora tivesse seguido algo mais explícito com o seu tema, soou um pouco desconexo, pessoas que não conhecem o filme provavelmente não vão entender a relação. A capa também não é uma das mais interessantes que temos no mercado. \\\"CONFESSIONS OF A SURVIVOR AND OTHER TALES\\\" não é um álbum fácil ou leve, pelo contrário, ele causa arrepios e uma mistura de emoções que podem ser perigosas. Talvez, a maior crítica (negativa) à obra seja o fato dela ser muito sufocante, tivemos que fazer uma breve pausa entre algumas faixas pelo seu conteúdo ser muito pesado. Tudo seria um completo desastre, se a artista não tivesse incluído o ultimo ato, das faixas dez á doze, onde ela vence seu trauma e cura suas cicatrizes de um modo libertador. Foi o melhor e mais importante momento. Mari Boine é definitivamente o maior nome da sua atual gravadora e uma das maiores revelações que tivemos em anos! Indicamos lenços de papel ao ouvir esse álbum, muita coragem e força também. Esperamos que a cantora esteja bem e livre de seus monstros. Composição: 27 | Visual: 16 | Coesão: 23 | Criatividade: 21