Silent Ride - Guilherme Bhermes

DIY Magazine
Silent Ride, novo álbum do cantor Guilherme Bhermes nos chega com uma proposta já corriqueira em sua discografia, só que dessa vez de maneira mais concreta e coesa. Em sua primeira parte, o disco se mostra consistente e aponta numa crescente positiva no quesito de coesão e amarração das letras entre si. Os destaques da primeira parte do disco ficam com as faixas: Intervention e Fake. Já a parte negativa dessa primeira parcela fica com canção Tired. No geral, as primeiras 8 faixas do disco se constroem bem e deixam um bom alicerce para o que vem a seguir. Partimos para segunda metade do LP, e aqui é onde começam realmente os problemas mais graves. Bhermes muda ligeiramente a temática do disco, o que não seria um problema caso a parte lírica não tivesse uma queda em qualidade. Os melhores momentos dessas 8 últimas faixas do disco se encontram em Rio e He. Duas canções surpreendentes e muito bem compostas pelo cantor. É nelas em que ele mais brilha e mostra um lado artístico original dentre todas as outras do álbum. Mas como foi dito, é também nessa segunda metade que temos as canções mais medianas de todo o trabalho. Não chegam ser ruins, mas não conseguem manter o equilíbrio qualitativo lírico que nos foi apresentado na primeira metade. Dentre as 8 faixas dessa segunda parte podemos citar Blocked e Alcohol como as mais inferiores, não só dessa fatia do registro, mas dele como todo. Comparando as duas partes do álbum, a primeira ganha da segunda de maneira clara, tendo letras mais bem amarradas e coesas entre si. Já visualmente, o artista não apresenta uma grande evolução quando comparamos com trabalhos seus anteriores. Ele continua apostando numa paleta cinzenta, que até casa bem com o álbum em si, mas pelo uso dela em outros discos de sua carreira, se torna monótono. Existem alguns erros como sobreposição de partes das letras, que não conseguimos deixar passar desapercebida. Assim como o posicionamento das letras em relação as fotos escolhidas poderiam ser bem melhores. Evitando que elas cobrissem partes das imagens, como por exemplo a própria face do cantor. É algo que causa um certo incômodo quando analisado com mais atenção. Apesar de encontrarmos mais consistência na parte lírica do trabalho, o cantor peca por reciclar fórmulas que já vem utilizando e reutilizando ao longo de sua jornada. Em suma, Silent Ride consegue sim se firmar de boa maneira em sua proposta e execução, mas soa como mais do mesmo para o cantor. Esperamos que Bhermes consiga se arriscar no futuro e nos dê um trabalho digno da capacidade que ele transparece ter nos melhores momentos desse registro.

The A.V. Club
O mais novo álbum de Guilherme Bhermes é uma sequência de tudo o que já foi abordado no decorrer da carreira do cantor. Passando pelos relacionamentos amorosos, discursos de ódio e superação que o artista já viveu, \\\"Silent Ride\\\" mesmo com suas falhas, é a obra que conseguiu ser mais concreta e organizada realizada por ele até então. No aspecto lírico, a primeira parte do disco se mostra bem escrita, com letras melódicas e que apesar de terem temáticas similares com outras de sua discografia, conseguem construir uma narrativa única com uma ordem coesa, sendo os pontos altos até então \\\"Intervention\\\", \\\"Fake\\\", \\\"Tired\\\" e o single \\\"Dancin\\\' With The Sun\\\". Já na segunda parte, o trabalho possui um declínio e apresenta um compilado de canções românticas que criam um tom mais introspectivo e regressista em comparação ao tom positivo e de superação construídos no decorrer da primeira parte do disco. Mas não é por isso que o trabalho pode ser dito como fraco, e sim porque há um declínio no conteúdo das faixas, toda a busca por amadurecimento do artista se perde em faixas como \\\"Alcohol\\\", que beiram o problemático com uma abordagem não muito saudável do começo de uma suposta relação e \\\"Power On\\\" que é uma letra pouco construtiva e sem o menor propósito perto do resto do disco. Todavia, existem faixas muito boas nessa parte como a própria \\\"Rio\\\" e \\\"He\\\". No aspecto coesivo, a primeira parte do disco é praticamente perfeita, como já dito anteriormente, ela consegue manter uma narrativa fechada do começo ao fim. No entanto, isso não se repete no segundo disco, o qual possui algumas falhas que custaram o bom amarramento da trama que foi abordada, como a aparição de algumas pessoas aleatórias na narrativa nas faixas \\\"Silence\\\" e \\\"Blocked\\\", o que, se houvesse uma transição mais elaborada para mostrar que o disco a partir de certa faixa seria direcionado para uma relação, não ocorreria. Quanto ao visual, é um trabalho mais simples, trabalhado em sua maioria com fotos pouco editadas em preto e branco e nenhum recurso visual mais elaborado além das imagens. No que diz respeito a edição, existem alguns detalhes que passaram na revisão como a sobreposição da tipografia na primeira página do encarte e não foi feito nenhum uso de elemento estético que agregasse mais ao projeto, o que talvez seria uma boa saída para trazer algo ainda mais identitário ao álbum. Logo, Guilherme Bhermes mostra que está em um caminho muito construtivo para a sua arte e mal podemos esperar para vê-lo dando passos mais arrojados. Abordagem temática: 80 Coesão: 70 Conteúdo lírico: 79 (x2) Conteúdo visual: 75 Média: 77

The Guardian
“Silent Ride” é o mais novo lançamento de Guilherme Bhermes, após a elaboração um tanto confusa de “Happiness”. Inicialmente abordando temáticas amorosas, Guilherme parece fugir para uma direção mais favorável, mesmo fugindo dela em alguns momentos como em “Tired” e “Fake”; o cantor apoia-se em histórias trágico-românticas e age de uma forma mais intimista do que anteriormente nesta obra. No meio da jornada, nos deparamos com o mesmo Guilherme dos álbuns anteriores, como uma persona vívida que não foi apagada, mesmo com sua afirmação de que o seu álbum antecessor fecharia um ciclo, nos soa como se ele quisesse a todo momento expressar perseguição ou como se sempre estivesse envolto por pessoas falsas; ele não está errado em expressar essas ocasiões, mas é repetitivo sempre voltarmos a mesma estaca em todos os projetos, nos perguntamos se isso se perpetuará por mais tempo. Apesar disso, ainda há canções interessantes nesse percurso, como “Rio”, que de uma forma bem interessante aborda a sensação de liberdade e felicidade entre ser feliz com alguém, sobre não ter medo de sair pela cidade e demonstrar afeto ao seu companheiro. A partir daí o álbum toma um caminho mais sexual, com canções cheias de conotações que as vezes funcionam bem e outras não. No geral o projeto inicia com um amor trágico, logo após a busca por um relacionamento e por fim o encontro desse sujeito, que ainda nos pareceu um tanto distante; Infelizmente a obra é extremamente extensa, o conceito não precisaria de tantas faixas para ser sucinto e demonstrar com excelência no que ele pretendia, há vários fillers, essas são as canções mais genéricas e desnecessárias da obra, “Power On” é exemplo claro, tanto em lirismo quanto em temática ela não acrescenta em absolutamente nada, se unem a ela “Whose Fault” e “Alcohol” que pouco tem a somar na conjuntura completa. O lirismo parece ter alcançado um meio termo interessante entre a linguagem direta e a mais subjetiva, por diversas vezes sendo mais eficiente em relacionar essas duas esferas, mesmo que ainda perpetue a supervalorização de versos repetitivos e estrofes menores. A produção melódica é Pop/Dance, mas possuem diversos elementos de outros gêneros que parecem mais justapostas ao contexto geral, mas poderiam ter sido trocadas. Para nós as melhores canções foram “Silent Ride” e “Rio”, com ênfase na segunda. Os visuais estão melhor aprimorados, com novos recursos chamativos, uma uniformidade nos efeitos em B&W, os shoots escolhidos ainda não são lineares e alguns deles pouco nos remetem ao conteúdo, porém gostamos de como a página de “Silence” foi elaborada, essa sim se mostrou coerente e nos relembrou do conteúdo, a questão fundamental é saber como realocar as fotos certas nas páginas corretas, para que não haja uma discordância brutal, como já houve. Diante disso, Guilherme Bhermes permanece em uma jornada vagarosa para algo linear, conciso e intimista tal como vimos brevemente em outros de seus projetos; “Silent Ride” foi o primeiro passo para que isso aconteça, esperamos que ele possa sempre crescer como artista e estamos no aguardo de seus novos projetos.

The Boston Globe
O álbum Silent Ride de Guilherme Bhermes tem uma proposta bastante íntima para o cantor. Dividido em dois segmentos, o disco tem um lado mais pessoal e outro mais amoroso, nos quais o artista relata diversos conflitos e vivências particulares. Apesar de guardar algumas semelhanças com Happiness, lançamento anterior de Bhermes, este álbum apresenta uma singela - porém notável - melhora em sua produção visual. O encarte não possui um design tão elaborado nem com elementos muito chamativos, mas o consideramos mais rico do que o do álbum já citado, além de ter uma escolha fotográfica superior. Entretanto, gostaríamos de ter visto uma mudança estética maior, visto que a paleta de cores permanece a mesma aqui. No campo lírico, logo na letra de \\\'Heartline\\\', o cantor começa uma autorreflexão sobre suas atitudes, o que futuramente se reflete em \\\'Silent Ride\\\', onde o mesmo chega a novas conclusões sobre si. Em \\\'You Can\\\'t Do It Through Me\\\', o disco já dá sinais de um problema perceptível logo no início: seu excesso de faixas. Esta é a primeira que soa como um filler (outros casos evidentes são \\\'Dedicated To You\\\' e \\\'Power On\\\', na parte 2), pois não acrescenta nenhuma ideia nova. \\\'Whose Fault\\\', porém, apesar de manter a mesma temática, consegue soar mais fresca e interessante, assim como \\\'Tired\\\' e \\\'Fake\\\', nas quais Guilherme se mostra com uma voz mais ativa contra as represálias que sofre. \\\'Dancin\\\' With The Sun\\\' parece deslocada encerrando o primeiro disco - que vem a ser melhor do que o segundo - papel que poderia ter sido melhor executado por sua faixa-título. \\\'Rio\\\' abre a segunda parte com uma aura melancólica mas ao mesmo tempo jovial. \\\'Blocked\\\' se mostra como uma das letras mais fracas do álbum, ao passo que \\\'Boy Next Door\\\' trabalha com a sensualidade de modo mais interessante e cativante do que \\\'Alcohol\\\'. Encerrando, \\\'He\\\' retoma valores de \\\'Silent Ride\\\', mas é menos envolvente que a anterior. De modo geral, Guilherme Bhermes aparenta ter aprimorado também o seu traço enquanto compositor, mas parte de suas músicas ainda possui estruturas e narrativas pouco elaboradas. Silent Ride chega à indústria com faixas enérgicas e reflexivas, que poderiam ser muito mais valorizadas em uma tracklist reduzida. O principal marco do álbum é demonstrar a evolução artística de Bhermes, que ainda tem muito a percorer, mas se mostra disposto a evoluir. APRESENTAÇÃO DO CONCEITO: 78 APLICAÇÃO DO CONCEITO & COESÃO GERAL: 68 PRODUÇÃO LÍRICA: 74 PRODUÇÃO VISUAL (×0,5): 74 NOTA FINAL= TOTAL/3,5: 73

Billboard
Em um álbum que é introduzido como seu projeto mais sincero, Bhermes comenta que conseguiu “toda sua expressividade” nas suas faixas; isso poderia ser um pouco pretensioso de se falar, porém o artista consegue se expressar bem em algumas das faixas do LP. Começando pela divisória em dois cds em um só e tendo uma linha um pouco plana sobre o assunto do cd (assuntos amorosos e pessoais), acaba ficando um pouco extenso e isso pode não fazer muito bem ao álbum como um todo, acreditamos que Guilherme devesse optar por álbums menores para uma conexão maior entre as faixas e não fazer com que ele sofra com excesso de conteúdo, já que isso foi feito no “Happiness”. “Heartline” é uma faixa de introdução, se destaca pela boa composição e sua conexão com “You Can’t Do It Through Me” é explicita pelo seguimento e pela letra da música onde na primeira faixa é questionado se está no seu coração, com a resposta vindo na sua segunda música. ‘Whose Fault’ em seguida, é uma música excelente e os versos de Bronx fazem muito bem na música, assim como em “Fake”. “Silent Ride” é a faixa que carrega o nome do disco e é muito bem composta, ela engloba todo o conceito do álbum e o que ele propõe como um todo, mas talvez colocando a faixa para abrir o álbum poderia também ser uma boa opção. Em seguida, temos “Intervention” com um tema que é bastante forte, porém a composição deixa um pouco a desejar e um pouco repetitiva. “Dancing with the Sun” é a sua divertida parceria com Cammile, onde mais uma vez Bhermes mostra que acertou em escolher suas parcerias; porque a artista adiciona muito e faz a faixa soar leve. Bhermes começa a segunda parte do álbum, onde soa totalmente diferente da primeira e isso faz pensar que a ideia de Bhermes seguir criando álbums duplos pode não ser uma ideia tão boa quando os conteúdos batem de frente. Em termos de composição, a sua primeira parte estava seguindo uma boa linha e quando chega na segunda parte, não soa tão “sincero” e tão “frescas” quando as da primeira parte, sendo vítima do conteúdo demasiado do álbum. Na segunda parte, “He” é a melhor faixa do seguimento, mesmo sendo inspirada até “demais” na música base, isso não tira a sinceridade da música e como ela se encaixa no álbum. Em seu visual, Guilherme continua sendo um artista que demonstra ter medo de arriscar e sair da sua zona de conforto, assim como em conteúdo, o “Silent Ride” tem uma estética parecida com o seu antigo álbum, até mesmo em cores e padrões, não tendo muito avanço no seu visual. Em termos gerais, Guilherme tem composições boas e medianas, um visual morno e um conceito aceitável, mas com o avanço da indústria, o “Silent Ride” fica atrás de outros lançamentos por causa do medo de Bhermes em pensar fora da caixinha.