The Playwright - Hurrance Evans

The Boston Globe
The Playwright, terceiro álbum de estúdio de Hurrance Evans, é mais conceitual do que seus discos anteriores e representa um passo da cantora em direção à sonoridade pop. Ao nos depararmos com o álbum, o maior destaque é a sua produção visual: a capa pouco revela da qualidade do encarte, que possui uma estética muito irreverente tanto para a artista quanto para Kaleb, seu produtor responsável. Todos os detalhes, desde a letra até suas ilustrações, foram postos com extrema minuciosidade, o que resultou em algo polido e bem executado. Liricamente, o álbum abre com sua faixa-título, que é muito bem escrita - então somos levados a \\\'Broadway Avenue\\\', carro-chefe da era, uma grande canção carregada de apelo pop que também traz referências pessoais da trajetória de Hurrance. Isso a coloca no extremo oposto de \\\'Spotlight\\\' que, mesmo bem construída, postula uma relação frágil entre a carreira da intérprete e a de Julie Andrews, sendo a mais fraca do álbum. Já \\\'Persona\\\', mesmo tendo uma letra menos complexa, se mostra muito mais relacionável com a artista. \\\'Blue Blood\\\' e \\\'Bohemian\\\' se assemelham muito, pois ambas possuem um toque de romance desapegado mais envolvente do que o retratado em \\\'Little Dreamers\\\'. \\\'Hello Neighbor!\\\' acrescenta um ar de pureza e é a canção mais íntima da tracklist, enquanto \\\'Avant-Garde (a new polis)\\\' veicula uma mensagem de progresso através da arte, encerrando The Playwright num tom menos despreocupado. Como apontamos em outras análises, seccionar álbuns geralmente é prejudicial - neste caso, a divisão em atos não atrapalha sua compreensão, porém se mostra desnecessária e até sem sentido a partir do ato II. Neste disco, Hurrance Evans mostra novamente seu primor para compor letras ricas e inteligentes, destacando-se nesse segmento como uma das melhores na indústria. Mesmo sofrendo com alguns deslizes em sua execução, The Playwright supera o lançamento anterior de Evans e é um dos melhores do ano atual até então. APRESENTAÇÃO DO CONCEITO: 90 APLICAÇÃO DO CONCEITO & COESÃO GERAL: 85 PRODUÇÃO LÍRICA: 92 PRODUÇÃO VISUAL (×0,5): 96 NOTA FINAL= TOTAL/3,5: 90

Billboard
Hurrance Evans se mostra novamente uma artista que não podemos dizer com certeza o que esperar em projetos futuros, por constantemente tentar renovar suas ideias e sonoridade; mas uma coisa nunca muda, o quesito qualidade. Hurrance se apoia em um conceito criativo e a divisão em três atos poderia tornar o show de Evans em um grande show de horrores, porém não é o caso do “The Playwright”. O álbum começa com “The Playwright”, uma faixa que engloba o conceito principal do álbum e como ele vai ser abordado, podendo ser visto no verso “...i will let the playwright inside of me, transport us to narratives where we can finally feel free”, e então começa “Broadway Avenue” como uma faixa livre e espontânea, exaltando o exagero descrito pela cantora na introdução do álbum. “Spotlight” e “Persona” são boas faixas e demonstram o talento de Hurrance como compositoras, com “Persona” sendo uma das melhores faixas do projeto por demonstrar sinceridade ao extremo em seus versos e de Tessa Reimels; também a faixa perfeita para encerrar a primeira parte do álbum. Iniciando a segunda parte do álbum, Hurrance aparece com “Blue Blood” sendo sem sombra de dúvidas, a melhor faixa presente no álbum, com uma vulnerabilidade lírica necessária; o que não é o caso de “Bohemian”. “Bohemian” é a mais fraca do álbum e não tem o mesmo nível das outras faixas, soando como uma “filler” que poderia facilmente ser retirada e continuado ao som das duas outras faixas. “Hello Neighbor!” e “Little Dreamers” são faixas incrivelmente bem compostas, onde a artista demonstra total consciência da vulnerabilidade como artista/pessoa e sinceridade com os seus sentimentos, usando novamente de referências para adicionar positividade no seu trabalho. Acreditamos que mesmo com “Blue Blood” sendo uma boa introdução para a segunda parte, a faixa “Hello Neighbor!” se encaixaria melhor vindo antes da mesma pela sonoridade mais calma e pelo tema proposto na música. Finalizando todos os ciclos do projeto, é mostrado “Avant-Garde (a new polis) como faixa de encerramento, sendo uma boa faixa para o fim do álbum, mesmo que esteja um pouco longe de ser uma das melhores do álbum. Em questão de sonoridade, Hurrance acerta em cada música e envolve o ouvinte com instrumentais bem selecionados e condizentes com a faixas. Seu visual é inexplicavelmente coeso, bem produzido e é sem dúvidas, o melhor e maior acerto nesse álbum; tudo se encaixa, é conexo ao tema principal de forma impecável. Sendo assim, Hurrance Evans entrega uma obra incrível, com quase todos os detalhes bem encaixados, mas sem ferir muito na coesão geral. De fato, o projeto foi feito para ser visto como um grande espetáculo, onde suas composições são as grandes estrelas do show, como de costume.

The Guardian
Hurrance Evans incorpora vários papéis em seu mais novo álbum intitulado “The Playwright”. Com uma temática interessante, Hurrance adentra em uma narrativa concisa, que apesar de bem solidificada em tempo e espaço ela ainda dá muitas voltas por assuntos que não cabem dentro da narrativa, dependendo do contexto torna-se cansativo. O álbum é estruturado sob a e confuso. A estética ou a atmosfera é a base da ótica de espetáculos teatrais, a vida em frente aos palcos, talvez não de forma literal, mas ele conduz a perspectiva do ouvinte a enxergar isso como um pano de fundo para o que realmente se passa nas letras, isso é algo a se parabenizar, muitas das canções abordam o amor além de todo o amplo sentido entre a disparidade entre o personagem versus o ser humano que o interpreta, este último observado na canção “Persona” uma das melhores do projeto. As canções que mais se destoam de todo o resto são “Bue Blood” e “Bohemian” que mesmo se conectando entre si e trazerem a tona um assunto interessante, o que é um ponto muito positivo, elas destoam da proposta inicial do projeto, se sustentando apenas na base mais retrô ou clássica em que a obra está inserida, o que dificulta a linearidade narrativa e falham em iniciar o segundo ato com uma mesma abordagem que as outras duas. O lirismo está excelente, como esperaríamos de uma cantora do porte de Hurrance Evans, repleto de referências literárias e clássicas, até mesmo temporais, as canções foram bem construídas e bem estruturadas. A parte melódica foi bem solidificada, tendo ccomo base o Pop e o SynthPop, com características que se aproximam da atmosfera visual e clássica, com uso de instrumentais orgânicos em alguns momentos. A melhor canção da obra está no último ato, onde de forma concreta e sutil, a artista entoa uma mensagem que envolve toda a base da tracklist, em utilizar a arte como forma de mudar algo ou alguém, tendo conhecimento de que a vida nos palcos pode ser determinante para a mudança ou um impacto. Os visuais são incríveis, além de trazer toda uma estética interessante e criativa, possui referências as canções da tracklist e um encarte mais cartográfico que está longe de ser algo simples. De modo geral Hurrance mantém seu posto de grande artista na indústria, “The Playwright” é emocionante, quase que como uma saga literária, apesar de pecar em alguns momentos, sua estrutura foi bem elaborada e firmada em sua ampla visão de qualidade.

The A.V. Club
Em seu terceiro álbum de estúdio, Hurrance Evans propôs o que seria o ato mais arriscado de sua carreira até então, uma dramaturgia baseada em 9 faixas e três atos. Afinal, querer montar uma dramaturgia em um disco já é audacioso, querer fazê-la nas condições ditas anteriormente é um desafio artístico ainda maior. Entretanto, todas essas questões sequer pareceram difíceis para a artista, haja vista a construção narrativa de excelência por parte dela. Quanto às letras do disco, elas são metafóricas, referenciais e de uma inteligência absurda e fazem isso seguindo a risca toda a proposta por trás do conceito. \\\"The Playwright\\\" é a faixa título mais funcional possível, pois introduz o ouvinte na ambientação teatral proposta e deixa bem evidente tudo o que vai ser achado no decorrer do projeto. Já em \\\"Broadway Avenue\\\" e \\\"Spotlight\\\" vemos uma ambientação do eu lírico no cenário artístico estadunidense, na primeira inclusive há diversas brincadeiras e uso de metáforas com o fato da cantora ser britânica. Já em \\\"Persona\\\", há uma busca da humanização do eu lírico ao mostrar que mesmo estando em cima de um palco, é tão ser humano quanto quem o assiste. Já no segundo ato do disco, há uma visão muito mais humanizada do eu lírico em aspectos românticos explorada pelas faixas \\\"Blue Blood\\\" e \\\"Bohemian\\\", as quais possuem uma conversação temática enorme entre si. Mas também existem abordagens pessoais nas faixas \\\"Hello Neighbor!\\\" e \\\"Little Dreamers\\\", as quais também conversam muito bem entre elas. Já no último ato, o qual possui uma visão mais política acerca do mundo, só existe \\\"Avant-Garde (a new polis)\\\" o que é uma decepção, pois esse aspecto poderia ser muito melhor explorado, mesmo que a letra tenha sido extremamente referencial e cumprido seu papel. Em suma, Hurrance entregou um material lírico digno de perfeição por conseguir unir ideias e metáforas de forma melódica e cativante. No aspecto coesivo, o trabalho possui uma transição ligeiramente brusca do primeiro para o segundo ato, haja vista a quebra de expectativa ao falar da pessoa por trás do dramaturgo de uma forma romântica, porém é inegável que as transições existem por mais radicais que sejam. Todavia, é necessário ressaltar que talvez as faixas do segundo ato funcionassem melhor se \\\"Hello Neighbor!\\\" e \\\"Little Dreamers\\\" viessem antes das românticas \\\"Blue Blood\\\" e \\\"Bohemian\\\". Quanto ao visual do disco, o material completamente desenhado e ambientado em esboços de teatros é fantástico, sem dúvidas é uma das coisas mais inovadoras e diferentes que já existiram até dado momento. Logo, Hurrance indubitavelmente entregou o seu melhor disco até aqui, podendo até mesmo deixá-lo marcado na história. Abordagem temática: 100 Coesão: 95 Conteúdo lírico: 100 (x2) Conteúdo visual: 100 Média: 99

Rolling Stone
Um dos maiores nomes do cenário pop, Hurrance Evans, retorna com um álbum arriscado mas repleto de conceitos que se entrelaçam, uns aos outros, criando uma obra que faz jus a bravura da cantora. “The Playwright” começa simplesmente nos introduzindo a perspectiva de dramaturgia do eu-lírico da cantora. O conceito é magnificamente coeso e sólido, nada está ali por puro caso. Hurrance sabe bem de qual argumento está tratando, e faz transparecer isso como um mestre das artes ensinando seus discípulos, as normas da dramaturgia antiga e contemporânea. A divisão em atos do álbum, remetem às peças teatrais; uma escolha genial da cantora que dividiu detalhadamente cada faixa em cada local de fala. Começando pela parte lírica, o álbum nos apresenta nove faixas, sendo a faixa título do álbum, a primeira a abrir a obra. “The Playwright” é como um prelúdio latim, onde o criador da obra explicava um pouco mais, cada detalhe daquilo que futuramente o publico irá ver. A forma como Hurrance soube medir cada palavra com “conta-gotas” para que nada soasse demais para a compreensão de quem está lendo, é incrível. As rimas são auto postas, fazendo com que o complexo geral da faixa, seja um grandioso começo. Continuando com o single, “Broadway Avenue”, onde o eu-lírico da cantora nos vem apresentado de maneira discorsiva a tal ponto, da nos sentirmos mais próximos da nova realidade que a própria está vivenciando em sua própria pele; aquela de mudar completamente realidade, se transferindo para um novo país com novas oportunidades e possibilidades. Isso requer bastante estudos culturais e conhecimento que Hurrance tem pra dar e vender. “Spotlight”, menciona a ascensão de um dos maiores nomes artísticos dos anos 50, a grandiosa Julie Andrews; a qual inspirou o eu-lírico de Hurrance, para a composição da faixa, através de sua perspectiva de “o que é ser famoso” e como algumas pessoas chegaram a ter o tão merecido estrelato. “Persona”, faixa em parceria com a cantora Tessa Reimels, encerra o primeiro ato do álbum de uma maneira retumbante. Desconstruindo seu personagem e demonstrando mais humanidade, Hurrance e Tessa, expressam a verdadeira “face por trás da máscara fictícia” criada na base dos gostos da indústria. Com “Blue Blood”, começa o segundo ato do álbum. A faixa é meiga, repleta de amor verdadeiro; um amor que poucos amantes sentem de verdade um pelo outro. Um amor que não precisa de algo a mais como joias ou roupas caras porque “não é o sangue azul que flui nas veias” deles, então não precisam ser nobres, só deixar fluir a paixão mais pura que eles têm no coração, um pelo outro. Referindo-se à cultura dos artistas do século 19, que amavam ser completamente afastados dos conceitos socioculturais e convencionais, o eu-lírico de Hurrance nos introduz “Bohemien”, uma incrível faixa sobre estar bem longe da sociedade, ao lado de sua cara-metade. Continuando com “Hello Neighbor!”, vemos assim um lado mais descontraído, melancólico e amável da mesma medalha, onde o eu-lírico da cantora repesca uma sua antiga paixão de infância. Passando tais sentimentos também para “Little Dreamers”, faixa conclusiva do segundo ato do álbum que se relaciona ao amor de dois amantes que desejam trilhar seus caminhos unidos; tudo isso através da pureza e a inocência das antecedentes faixas. E para concluir essa viagem lírica através da mais pura forma artística, temos “Avant-Garde (a New polis)”, faixa conclusiva do álbum que alude a visão tradicional grega das artes, onde priorizavam o “milagre metafísico” da música, sem o qual o mundo não teria alguma expressão sentimentalista. “Porque é através das artes que o caos do mundo tem uma valência simbólica” - Nietzsche. A parte visual do álbum é impecável. Um dos melhores já vistos por esse humilde crítico no Famous. É arte pura! A maneira em que Hurrance, ao lado do produtor Kaleb, conseguiu expressar todo o conteúdo lírico do álbum nas folhas do encarte, é genial. Tudo ali, remete o conceito do álbum e das faixas. A coesão da inteira obra soa perfeita em todos os aspectos. Hurrance, criou sim, um dos melhores álbuns já vistos no Famous. Não temos conselhos para a cantora, e torcemos muito para ver essa obra de arte visual e lírica nas próximas premiações.