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No Racism - Alicia Pieters ft. DAHLIA
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My Chemical Romance - Suzy
75

Los Angeles Times

82

My Chemical Romance é o novo álbum da cantora sul-coreana Suzy, e a verdade é que poucas obras recentes carregam tanta coragem de se expor. O disco é praticamente uma carta aberta sobre a dor de perder alguém que era tudo, e sobre como lidar (ou não lidar) com isso. São dez faixas que transitam entre K-Pop, rock alternativo e pop melódico, costuradas por uma narrativa que mistura fragilidade e esperança. Desde a primeira faixa, Rage in the Eyes, fica claro que essa é uma história pessoal. Quando Suzy canta “I’ll break every mirror so I can’t remember your face”, dá para sentir a revolta que antecede o luto. É uma introdução forte, meio teatral, que define o clima pesado que vai se estender por quase todo o álbum. Logo depois, Heart Crash soa como o primeiro suspiro de confissão pura. É mais direta e menos metafórica, e talvez por isso seja tão fácil de se conectar. A letra “You left pieces of me scattered across your bed” não tem floreio: é só alguém tentando juntar o que sobrou de si mesma depois de um relacionamento que virou pó. Half-Empty Girl aprofunda esse vazio, transformando a tristeza em raiva contida. Quando ela diz “half of me still stuck in your hands”, você entende que não existe um recomeço fácil. A música cresce aos poucos e vai ficando cada vez mais tensa. É uma canção poderosa, mas já aqui o disco começa a mostrar que sua intensidade pode cansar quem ouve tudo de uma vez. O single Poison vem depois como uma pausa melódica, mas não menos dolorida. “Your love tastes sweet as cyanide” resume bem o contraste entre o desejo e o veneno que pode ser amar a pessoa errada. É provavelmente a faixa mais grudenta e acessível e isso também faz com que ela se destaque um pouco demais do restante. Hearts Are Breaking mantém o tema da dor, mas começa a esbarrar em uma certa repetição. É bonita, tem versos sinceros (“I gave you everything and you gave me wounds”), mas não traz muito de novo no enredo. No meio do álbum, Elizabeth Was a Dark Queen chega como um ponto de virada. Aqui, Suzy cria quase uma personagem mítica para ilustrar o quanto a protagonista se deixou corromper pela falta de amor. “Crowned with thorns of memory / I’m the queen of what’s left behind” é provavelmente uma das melhores imagens de todo o projeto. Essa música reacende a curiosidade pelo que vai acontecer depois. Em Caught by the Shadows, ela se entrega completamente ao autodestrutivo. É uma das mais pesadas, com versos como “If I can’t have you, I’ll dissolve myself into nothing.” Nessa altura, fica claro que o álbum é para ser sentido, não só ouvido. Mas também é nessa faixa que ele pode soar sufocante para alguns. A antepenúltima, Details, aposta numa viagem mais abstrata e poética: “I walk through golden fields I can’t touch.” É linda, bem escrita, mas parece um pouco deslocada dentro da narrativa. Já What’s Really Matter, a colaboração com Junggaram, é quase um alívio depois de tanta escuridão. “I found all the pieces I needed in me” resume o ponto de virada: depois de tanto buscar fora, o eu-lírico finalmente olha para dentro. É inspiradora, embora soe meio apressada na transição de tom. Por fim, Spell Me a Song encerra tudo com uma nota mais suave e cheia de esperança contida. O pedido “Sing me a spell that keeps my heart from turning stone” fecha a jornada de forma delicada e bonita. A produção de Penelope merece elogios: tudo está muito lindo, com visuais misturando ícones sagrados e estética religiosa é simplesmente belíssima e combina com o tema de transformação. Absolutamente uma dádiva visual, muito bem produzido. No geral, My Chemical Romance é um álbum cativante, com músicas muito bem compostas e que conseguem tocar fundo quem já sentiu essa dor. Ao mesmo tempo, sua intensidade constante e o clima denso podem cansar em uma audição completa. Talvez fosse ainda mais forte se tivesse momentos de pausa mais claros, ou se não insistisse tanto nos mesmos sentimentos, mas em geral, é um álbum sólido que cumpre o que prometeu. É impossível negar o talento da Suzy como compositora e intérprete. Ela entrega aqui um trabalho corajoso, capaz de fazer quem escuta se sentir menos sozinho no luto e também na superação. É um disco bonito, emocionalmente generoso e artisticamente consistente. Mesmo quando se torna exaustivo, ainda vale a pena ser vivido.

American Songwriter

67

Com seu quarto álbum de estúdio, intitulado “My Chemical Romance”, a cantora Suzy adverte seus ouvintes de uma jornada de autoconhecimento perpassada por relacionamentos românticos que deixam marcas em seu coração, mas que a preparam melhor para a vida à frente. “Rage in the Eyes”, tida como uma faixa de introdução dentro do álbum e co-escrita com ZANE, enfatiza a espetacularização de suas dores e suas indignações consigo mesma e com o mundo, sendo uma intro satisfatória para seus propósitos ditos. “Heart Crash” segue a tracklist e nos apresenta uma faceta diferente da cantora, disposta a tudo para viver um sentimento avassalador por um interesse romântico que parece corresponder aos seus desejos mais radicais; aqui, ela tem em mãos uma composição assertiva, mas que em nada lembra a personalidade da faixa anterior. “Half-Empty Girl” mistura rock e k-pop para descrever o processo de Suzy sentindo seu coração se partir dentro de um relacionamento marcado por afastamentos contínuos e que só a fazem mal emocionalmente; há um toque de carência exasperado nos versos que torna as mensagens repetitivas conforme a música progride, soando mais como uma regressão emocional em relação ao que foi apresentado antes. “Poison” se utiliza de um envenenamento lírico assim como seu título sugere, com Suzy agindo de forma passivo-agressiva com um parceiro que se tornou ruim para suas emoções após a fase das flores e das boas-vindas em um relacionamento; aqui, embora a progressão dos versos esteja mais amarrada em seus ideais, ainda apresenta uma profundidade menor do que a sugerida. Entretanto, nem tudo é amarrado da mesma maneira no álbum; faixas como “Elizabeth Was a Dark Queen”, por exemplo, soam tão desconectadas do propósito principal que, ainda que esta seja bem desenvolvida e um dos maiores destaques do projeto de longe por mostrar uma personalidade diferente e ainda mais interessante por trás de sua intérprete, parece ter sido criada em outro momento e apenas inclusa aqui sem uma nuance que justifique sua presença dentro da história contada. Já em “What’s Really Matter”, colaboração com o cantor Junggaram, ambos os artistas detalham sobre como se encontravam em momentos sombrios de suas vidas e se reergueram por acreditar mais em seus próprios potenciais. A faixa segue uma linha mais desenvolvida que as primeiras, mesma questão de “Elizabeth Was a Dark Queen”, mas aqui, há um trabalho de encaixá-la com mais maestria dentro do que o álbum se propõe em sua introdução. “Spell Me a Song”, por fim, encerra o disco com uma estrutura lírica ainda mais diferente das demais, onde se discorre sobre a prevalência do amor sobre as jornadas pessoais apresentadas durante o álbum, e onde Suzy se rende, mais uma vez, ao mesmo sentimento, com um certo tom de inocência que parecia haver sido perdido no meio da tracklist e foi subitamente reencontrado sem grandes explicações. Visualmente, o que se pode dizer de “My Chemical Romance”, que teve sua produção assinada exclusivamente por Penelope, é que se trata de um projeto visual minimalista, que não beira o mínimo, mas que poderia ter sido mais incrementado para remeter aos temas referidos no título do disco. Ainda assim, possui momentos bons, como sua capa bem refinada, e momentos regulares, como a sobreposição de uma fonte clara em um fundo igualmente claro, o que prejudica sua compreensão em alguns trechos. Ao final da “jornada” prometida, o ouvinte tem a conclusão de que se trata de um álbum com certos problemas de desorganização, onde não fica tão claro o envolvimento da mente criativa de Suzy em mais momentos do que deveria e onde fica mais claro a alternação entre momentos de total inocência e de total sagacidade que não combinam entre si o tempo inteiro. Todo romance faz sentido dentro de sua loucura - mas aqui, a loucura parece sobressair.

The Line Of Best Fit

75

\'My Chemical Romance\' trata-se do mais novo álbum de estúdio da cantora sul-coreana Suzy, sendo composto pela mesma em parceria com Marco e Zane; e contando com uma produção assinada por Penelope. Neste trabalho, a artista aposta numa amálgama de KPop, Rock e Pop tradicional. A obra possui dez faixas, uma dela contando com uma colaboração com o astro Junggaram, e abertura do mesmo se dá com a intro \'Rage in the Eyes\' – com co-composição de ZANE – e conta com uma composição densa, melancólica e marcada por uma escrita simbólica e emocional, evocando temas de identidade, frustração e libertação. Soando quase que como um hino iconoclasta, onde Suzy, ou o eu-lírico, se mostra disposta a destruir sua própria imagem em vez de se encaixar ao que lhe foi imposto. É uma ótima abertura e conta com bastante atitude. \'Heart Crash\' vem em seguida, sendo uma composição inteiramente de Suzy, e destoa um pouco da anterior por não ser tão alegorica, carregada de metáforas e analogias. Aqui a artista é direta e relata as dores de um relacionamento desgastado, cansado e que há indícios de uma traição por parte do outro lado. É uma balada forte e melancólica, que funciona muito bem como sequência. Diferencia do tom da abertura? Sim, mas mantem o padrão. \'Half-Empty Girl\' segue com o tom e a narrativa criada na sua antecessora, mas agora mostrando Suzy, ou o eu lírico, passando pela fase de luto do relacionamento que foi findado – explorando muito bem todos os sentimentos que nutrimos nesta fase, inclusive a raiva. A obra se encerra nos dando um pouco de esperança de dias melhores. \'Poison\', primeiro single do registro, chega e esta canção retrata claramente um relacionamento extremamente tóxico, algo que consegue ser bom e doce na mesma medida em que é doentio e cruel. Esta é uma excelente canção, embora acaba deslocada na tracklist diante da narrativa que veio sendo construída até aqui. \'Hearts Are Breaking\' vem em sequencia e trata de um eu lírico reconhecendo o quão danoso foi aquele amor e como ela dedicou para alguém que nunca foi seu. Apesar de ser uma canção interessante, soa um tanto deslocada na narrativa e um pouco repetitiva quanto a temática. \'Elizabeth Was a Dark Queen\' chega bagunçando um pouco as coisas e agora traz a Suzy em um conflito interno e psicológico. É uma letra forte, muito bem construída, com uma proposta interessante e que trouxe um novo fôlego para o registro. Facilmente a melhor faixa até então. \'Caught By The Shadows\' avança na narrativa de Elizabeth e agora nos traz uma pessoa completamente autodestrutiva, que se deixa levar pelo seu lado mais obscuro. É uma letra forte e interessante, sendo um segundo destaque aqui. \'Details\' é a antepenultima canção do trabalho e aposta numa linha mais poética, extremamente metafórica, quase que uma viagem lisérgica. A letra lida com o não-pertencimento, com o estar em um lugar belo, conhecê-lo bem, ter memórias e ainda assim não ser parte do mesmo – mas querer fazer. É uma letra muito bem e excelentemente construída. Entretanto peca por soar desconexa e avulsa dentro do disco. \'What Really Matters\' vem como a penúltima canção e é a única colaboração do disco. A canção é um hino de autoaceitação e superação, pregando sobre o ato de encontrar a força em si mesmo e não se deixar abater pelas adversidades. A participação de Junggaram funciona muito bem e é um adicional interessante. A canção é muito boa, mas a esta altura parece que Suzy desistiu de manter a narrativa que nos foi prometida. \'Spell Me a Song\' marca o desfecho da canção e traz o tom místico e poético apresentado em \'Details\' de volta, sendo uma canção muito bem escrita e construída; com muitas descrições visuais fortes, onde o eu-lírico clama para que o seu coração não tenha se endurecido após tudo o que foi vivido. Liricamente falando, \'My Chemical Romance\' tem letras boas e bem escritas – e alguns muito boas mesmo, entretanto acaba se perdendo dentro de sua premissa. Ora por se repetir em suas temáticas, ora por divagar demais e ir para um caminho que nada se assemelha. No que tange o visual, Penelope entregou uma produção certeira e eficiente. É bela, bem feita e funciona muito bem principalmente com as canções mais poéticas e lúdicas do disco. No geral, \'My Chemical Romance\' seria um disco maior e mais robusto se não fosse vendido como uma obra narrativa, pois quando se vem para o âmbito ele se perde em sua própria ambição.

2018 - © FAMOU$