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RockSteadyLove - Profound
82

TIME

80

Após uma Era intimista como a \"deep, but not profound\", Profound embarca em um extended play voltando para as suas origens do Rock \'N Roll, demonstrando toda a sua vulnerabilidade diante de um relacionamento conturbado, pensamentos mais profundos em um emaranhado de conflitos internos e fazendo-nos acreditar que nenhuma experiência dessa vida são flores. Iniciamos com \"Moon\", e desde o início já notamos o elevado grau de sinceridade que provavelmente veremos até o final do projeto. O protagonista descreve como foi desafiador manter-se em uma relação turbulenta logo em seu primeiro relacionamento amoroso. Além desse evento, ainda era necessário enfrentar as dificuldades da vida adulta. Em “Maybe You’re Right”, é apresentada uma reflexão de: \"Poderíamos ser felizes sem uma pessoa ao nosso lado?\". A voz do eu lírico fala de forma clara sobre a crise que o personagem enfrenta. Ele se questiona se precisamos amar a nós mesmos ou a outra pessoa para nos sentir completos. Continuamos com \"Alabaster\", descrito como a expressão de uma amargura do nosso intérprete em relação à capacidade de se expressar de maneira tão apaixonada e até com um elemento sexual. \"Intrusive Thought\", com sua estrutura poética interessante, remete a uma confusão mental sobre o amor ou se é apenas um impulso, os anseios que o intérprete está experimentando. É construída uma dinâmica que nos deixa perdidos mentalmente quando nós analisamos de fato os nossos sentimentos por uma pessoa. \"Oversensitive\" é uma experiência de autoconhecimento que se relaciona ao amor-próprio, o que nos leva a pensar se a existência e a arte de amar são realmente algo significativo que necessitamos manter em atenção. O visual gótico obscuro foi uma combinação perfeita entre o conceito do extended play, apesar de ser uma produção relativamente simples em termos de técnicas visuais utilizadas, mas com detalhes bastante agradáveis que nos convidam a mergulhar nesse universo denso e pesado. Seguindo uma narrativa que poucos artistas conseguem sustentar, Profound nos apresentou uma série de canções em sequência cronológica, como se fossem episódios de uma mini-série. A narrativa girava em torno dos seus sentimentos e, é claro, das oscilações do seu relacionamento.

The Line Of Best Fit

85

“RockSteadyLove”, o mais recente EP do cantor, compositor e ascendente produtor Profound, destaca as estranhezas, positivas e negativas, de se estar em um inesperado relacionamento romântico, descrito como imprevisto por seu autor, mas que ainda foi capaz de causar emoções diversas e adversas neste. Surpreendendo pelo uso de uma ordem cronológica dos eventos de acordo com a vida do eu lírico, a experiência do extended-play se inicia por “Moon”, descrita como uma composição sobre o primeiro dos relacionamentos vividos por Profound em sua vida adulta, comenta sobre como o eu lírico, na busca desenfreada em ser entendido por seu parceiro, acaba renegando a realidade de que está sendo usado fisicamente para algo que as emoções não podem suprir, em um desenvolvimento estrutural muito bem polido e que demonstra a assertividade criativa de Profound. Em “Maybe You’re Right”, o tom do artista é mais sóbrio enquanto discute sobre ter ou não a necessidade de estar com alguém para se sentir completo, ao passo em que também reflete sobre o impacto de opiniões externas na vivência de um romance, seja ele com outro ou consigo mesmo. “Alabaster” é, de longe, a faixa mais divertida do projeto; aqui, o eu lírico se permite viver os primeiros estágios de um relacionamento marcado pelo jogo de sedução e de palavras ambíguas que resultem exatamente no que ele quer extrair de seu parceiro. “Intrusive Thought”, por sua vez, possui uma estrutura pouco tradicional, com um único e extenso verso para além dos refrões e de um outro final; o cantor compara a certeza de um sentimento amoroso às contradições de um pensamento intrusivo, jurando a si mesmo e ao seu ouvinte que não se trata de algo passageiro ou que não deveria estar sendo sentido. Com o encerramento em “Oversensitive”, Profound se coloca em posições contraditórias, mas que ao mesmo tempo, completam-se e fazem parte de sua personalidade, cabendo ao seu ouvinte gostar dele do jeito que ele é ou simplesmente ir embora e não abraçar todas as partes do eu lírico. Os visuais do encarte físico, produzidos pelo próprio artista, possuem seu próprio esmero e representam um estilo “DIY” que combina com o caráter intimista do EP, sendo um acerto nesse quesito, mas também podendo ter sido melhor finalizado com uma redução nos tons de vermelho, que acabam por ofuscar a qualidade da fotografia. Em suma, “RockSteadyLove” promete o que cumpre, em uma apresentação de um novo traço de caráter de seu criador: o romântico incurável.

2018 - © FAMOU$