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MANIAC - Kyonash
81

All Music

82

Depois de experimentar com sonoridades mais ousadas em seu debut Radioactive, Kyonash retorna com MANIAC, um disco mais coeso, íntimo e sensual — que, embora nem sempre alcance seu máximo potencial conceitual, é forte o bastante para consolidar o artista como um nome interessante no pop alternativo. Dividido em duas metades conceituais — desejo e consequência —, o álbum funciona como um espelho quebrado onde cada faixa reflete um fragmento de impulsividade, prazer, culpa e, acima de tudo, autoimagem. A estética visual, assinada por ANNAGRAM e Tammy, é imediatamente provocadora: com referências à cultura digital, redes sociais e erotismo virtualizado, o projeto apresenta uma linguagem gráfica que complementa bem o universo caótico e hedonista que o álbum propõe. Nem sempre a estética escapa da obviedade, mas ainda assim é coerente com a proposta de Kyonash: ser transparente, mesmo quando isso significa ser incômodo. A abertura com “Carnal Desires” é eficaz: embora liricamente mais simples, a produção e a entrega vocal trazem força e identidade. O jogo entre fé e prazer é familiar no pop, mas Kyonash entrega com convicção, abrindo caminho para o que está por vir. “Disease”, que vem na sequência, é uma das melhores do disco — a metáfora entre desejo e vício é bem construída e a composição, aqui, acerta em camadas. “Brat Boy”, inspirado na estética brat de Charli XCX, é outro acerto: divertida, provocativa e com personalidade, mostra Kyonash se apropriando de sua imagem para subverter expectativas. Já “Up & Down”, dueto com Kaleb Woodbane, é sedutora e eficiente em sua proposta dançante — com uma batida envolvente e uma química bem construída entre os vocais. A letra é direta, mas não rasa, mantendo a leveza sem perder a intenção. A faixa-título, “Maniac”, é o ponto alto do álbum. Obsessiva e autoconsciente, brinca com a ideia de um amor platônico onde o eu lírico conhece todos os detalhes (e vícios) do outro — e, mesmo assim, o quer. A produção é magnética, e o texto, ainda que sutil, é inteligente o suficiente para carregar um conceito inteiro. No entanto, o álbum encontra alguns tropeços. “Fire Bomb” e “Call Me (Midnight)”, por exemplo, são faixas competentes, mas carecem de maior profundidade lírica ou de um ponto de vista mais original. Ainda assim, não chegam a comprometer a coesão do disco e servem como respiros no fluxo emocional proposto. “Body Electric” e “Don’t Cry For Me” entram na segunda metade do álbum e trazem um tom mais melancólico e confessional. Aqui, Kyonash fala sobre exaustão emocional, sobre não se comprometer, e sobre assumir seus próprios erros com um certo niilismo afetivo. São boas faixas, que talvez se beneficiariam de um tratamento um pouco mais ousado na produção, mas que cumprem bem seus papéis na narrativa do disco. O encerramento com “Heartbreaker” é agridoce e preciso. É o momento em que Kyonash admite seu papel na destruição de mais um romance, não como vilão, mas como alguém que simplesmente é incapaz de escapar de si mesmo. É uma faixa madura, bem escrita, que dá um fechamento digno à narrativa construída ao longo do álbum. Em suma, MANIAC é um segundo capítulo ousado e pessoal na carreira de Kyonash. É mais direto e polido do que seu antecessor, ainda que mantenha o experimentalismo como marca. Se algumas faixas poderiam ter arriscado mais liricamente, o conjunto é coeso, instigante e recheado de boas ideias. Kyonash mostra que está cada vez mais confortável em explorar suas contradições, e isso é um grande trunfo artístico.

The Boston Globe

77

“MANIAC”, o segundo álbum de estúdio do cantor Kyonash, é um prato cheio para os apreciadores de análises da psique humana por meio da música. Aqui, o artista promete uma imersão em seus pensamentos mais voltados ao sexo e a sua sexualidade, tentando se despir de todo pudor que vier no meio do caminho, para logo depois cair em análises mais enraizadas na realidade de se levar uma vida mais hedonística e o modo como esta afeta nas suas relações com outras pessoas. Seu aspecto visual, o primeiro contato do público com o projeto, é assinado por ANNAGRAM junto ao HTML de Tammy e entrega uma visualização pautada na virtualidade das relações atuais, enchendo o encarte de referências à interweb. Seu conceito é bem intencionado e por vezes, é bem executado, ainda que em certos momentos a literalidade de suas inspirações acabe não passando pelo filtro de originalidade necessário para imprimir a identidade do artista. O mesmo caso também ocorre com algumas de suas letras durante as faixas; “Carnal Desires”, primeira faixa da tracklist e primeiro single da era representada pelo álbum, sustenta-se mais em sua produção musical para convergir os temas retratados de forma superficial em seu conteúdo lírico, por exemplo. “Disease”, ao se libertar das amarras de uma proposta mais profunda, acaba brilhando mais nesse quesito, unindo ótima sonoridade pop a um conteúdo (sobre comparar o desejo por intimidade à cura de uma doença) que cabe bem em seu conjunto. “Brat Boy”, lançada previamente como single promocional, também é um dos destaques positivos da tracklist pelo modo como pega sua inspiração inicial - o termo “brat” em sua raiz - e eleva a uma ideia mais irreverente e que casa com a performance vocal e sonora impostas pelo artista na faixa. “Up & Down” brinca com seu título e traz Kyonash e Kaleb Woodbane em um dueto com potencial para seduzir em sua batida eletrônica. “Maniac” se consagra como a melhor faixa do álbum porque, ainda que sua proposta não seja tão única, a sua execução é - no modo como o compositor brinca com todos os detalhes públicos e privados que sabe da pessoa que ele quer para si romanticamente, e consciente de sua obsessão, decide cantar sobre ela. “Fire Bomb” retoma um pouco da falta de profundidade referencial vista no início do projeto; aqui, os versos soam mais perdidos do que o refrão, a parte mais concisa de toda a canção e que descreve melhor seu tema. Entre momentos como os descritos anteriormente, concluímos que “MANIAC” trabalha para ser um álbum mais pessoal para Kyonash do que “RADIOACTIVE”, seu disco de estreia, se provou ser no momento em que foi lançado; o resultado varia, indo de intenso a impessoal, mas ainda demonstrando que Kyonash é honesto com seu público no modo como apresenta todas as partes de si.

Billboard

80

O segundo álbum de estúdio do cantor e DJ experimental britânico Kyonash, \\”MANIAC”\\, surge na indústria dividido em duas partes que se propõem a percorrer os extremos emocionais do eu-lírico, enquanto o projeto mergulha no Dance, e é influenciado pelo Reggaeton e Pop. A primeira metade do álbum é uma jornada que explora a sexualidade, exaltando a liberdade afetiva, enquanto a segunda é o reflexo dessa atitude, sendo o conjunto de consequências, que vão desde a dor, a repetição de um padrão, e um ciclo emocional marcado pela vulnerabilidade e desilusão. \\“Carnal Desires\"\\ retrata um eu-lírico em conflito entre fé e prazer, se entregando a um amor proibido como se fosse um ritual, apesar de não ser uma ideia totalmente original, é uma boa introdução, resumindo com eficácia o clima do álbum. Mantendo o tom intenso e sensual iniciado pela faixa anterior, \\“Disease”\\ usa a metáfora da dependência química para retratar um desejo obsessivo, explorando temas de vício e entrega emocional de forma clara. Suas imagens fortes reforçam a proposta do disco, e por ser bem escrita, também é uma ótima escolha de single no álbum. A próxima faixa é uma colaboração envolvente e provocante, \\”Up & Down”\\, com a participação de Kaleb Woodbane, possui uma letra direta sobre desejos intensos e explorando a liberdade sexual. O dueto com Kaleb Woodbane acrescenta intensidade à música, sendo uma boa escolha de single, possuindo apelo para o público que busca uma canção dançante e ousada. \\”Call Me (Midnight)\\” tem um charme nostálgico, mas a letra peca por suas repetições excessivas, a faixa é coesa com o álbum, mas suas metáforas carecem de impacto emocional. \\”Maniac”\\ ,por outro lado, é mais inventiva, com escrita sagaz e temática perturbadora que soa original e divertida, ainda que seja um pouco superficial. \\“Fire Bomb”\\ e \\“Body Electric”\\ compartilham uma temática de desilusão amorosa e possuem um tom vingativo, Ambas são bem escritas, possuem imagens fortes e metáforas eficazes, e apesar da semelhança nos temas, não chegam a tornar o projeto cansativo. \\“Brat Boy”\\ marca uma virada de atitude no álbum, com o eu-lírico assumindo um comportamento vingativo? digno de um “pirralho” inspirado por Charli xcx, mostrando um personagem que reage à dor sendo ainda mais cruel. O single evita a exaustão do tema amoroso e traz frescor ao disco sem perder a coerência conceitual. As faixas \\”Don\'t Cry For Me”\\ e \\”Heartbreaker\"\\ finalizam o álbum com uma atmosfera de desilusão e autossuficiência. A primeira expõe como o eu-lírico nega a responsabilidade, mantendo uma postura evasiva. Já em \\”Heartbreaker”\\, a música revela uma manipulação emocional direta, explorando a traição de forma crua. Ambas reforçam o tema de relacionamentos tóxicos, fechando o álbum com a ideia de que o eu-lírico não está disposto a mudar, sendo uma conclusão coesa para a narrativa do disco. O visual de \\”MANIAC”\\ é produzido por Annagram e Tammy, apostando em uma arte sombria e futurista, com tons escuros e neon, seus elementos digitais evocam intensidade emocional. A estética se alinha perfeitamente ao conteúdo lírico, refletindo o caos e a vulnerabilidade abordados nas faixas, criando uma experiência imersiva e coesa. Tendo como destaques os singles \\”Brat Boy”\\ e \\“Up & Down”\\, *MANIAC* se destaca pela ousadia em suas letras e pela produção envolvente, ainda que em alguns momentos repita certos temas, muitas das vezes carentes de inovação e originalidade, o projeto é cativante e certamente fará com que esse álbum se mantenha relevante no catálogo de Kyonash.

Pitchfork

80

Quando ‘Radioactive’, o intenso debut álbum de Kyonash, finalmente saiu, a indústria musical parecia não ter se rendido completamente ao projeto experimental que o cantor quis trazer de primeira. Após um breve hiatus, MANIAC, o segundo álbum do artista, soa como algo mais palatável de forma sensorial, o que não deixa de ser algo totalmente ligada ao estilo único que o britânico construiu para si. O lançamento de um disco de forma independente por si só é desafiador, mas ‘MANIAC’ parece ter essa mesma energia. Divido em duas partes, o disco é uma verdadeira síntese da terceira lei de Newton: toda ação tem uma reação, e é nessa linha de causa e consequência que nasce a alma do projeto. No ‘lado A’ do álbum, Kyonash abraça para si o livre arbítrio em faixas que mostram uma liberdade não só vivida intensamente como levada ao seu extremo. Já no primeiro verso de ‘Carnal Desires’, single que abre o álbum, Kyonash repete um lamento digno de um pecador prestes a rasgar mais uma regra do livro sagrado: ‘oh my God…”. A frase, que lembra, mesmo que coincidentemente, o single ‘Girl Gone Wild’, de Madonna, prepara para uma jornada de escolhas e penitências das quais todos os humanos falhos parecem percorrer em algum momento. A sede de Kyonash pela liberdade se repete em ‘Disease’, um verdadeiro ode ao vício que ativa a serotonina do eu lírico, que cada vez mais necessita de uma dose daquilo que parece errado, mas naquele momento, é tão certo. A segunda parte do álbum, mais do que um lamento digno de um melodrama, é um recado de uma ideia que sempre será a mesma, independente do contexto: o passado jamais pode ser consertado. Em uma das letras mais realistas do disco, Kyonash diz em alto e bom som em ‘Don’t Cry For Me: /Eu nunca escondi minhas intenções‌‌/. A imagem problemática, como o cantor fala em ‘Brat Boy’, pode ser sentida em seu visual: os elementos estáticos, com referências claras a redes sociais, mostram Kyonash como um verdadeiro maníaco de sua própria essência, onde a produtora e multi artista ANNAGRAM soube representar com exatidão. ‘MANIAC’ representa mais do que um amadurecimento de Kyonash, demonstra ser um disco a altura de seu talento como cantor, compositor e produtor, o tipo de projeto que veio na hora certa. E que bom que finalmente veio.

TIME

86

Após seu aclamado álbum de estreia, a estrela em ascenção Kyonash retorna com seu novo disco \"MANIAC\", que explora os gêneros Dance e Pop, com 11 faixas em sua tracklist. \"Carnal Desires\" abre o album em grande impacto, com uma faixa que aborda os desejos carnais do artista em uma noite com uma santidade, sem nenhum arrependimento à vista. É uma canção muito bem escrita por sinal, intensa do início ao fim, trazendo consigo a identidade marcante do artista. \"Disease\" segue a premissa da faixa anterior, em uma espécie de continuação do pensamento do cantor, em versos bem explorados e que conseguem expressar bem aquilo que prometem. \"Up & Down\", colaboração com o gigante Kaleb Woodbane, eleva ainda mais a sensualidade do disco, com linhas que expressam o desejo dos artistas de conquistar um garoto que satisfaça todos os seus anseios. A ponte da faixa acaba sendo o apogeu da canção, com linhas bem estruturadas e impactantes como um todo. \"Call Me (Midnight)\" aborda o desejo do cantor em aumentar a conexão com o parceiro desejado, aqui, as emoções são bem colocadas, apesar de alguns partes repetitivas, mas que casam bem com a ideia seguida. \"Maniac\", faixa título do álbum, idealiza um amor platônico, onde o cantor sabe de tudo aquilo que seu parceiro fez, além de todas as suas particularidades. A faixa combina muito com o que foi apresentado no disco até aqui, mostrando o potencial artista que Kyonash é. \"Fire Bomb\" muda a atmosfera do álbum trazendo versos vingativos, aqui o artista mostra toda sua indignação em relação a pessoa que não fez aquilo que prometeu, com destaque para seu terceiro verso, que sem dúvidas é a melhor parte da canção. \"Body Eletric\" relata o relacionamento do artista com seu ex parceiro, trazendo a tona o impacto negativo que trouxe a vida do artista, em uma clara continuação das ideias de \"Fire Bomb\". \"Brat Boy\", canção inspirada no álbum \"brat\" de Charli xcx, é uma faixa muito bem idealizada e impactante, com um refrão que adiciona muito na atmosfera prometida até então. \"Don\'t Cry For Me\", penúltima canção do compilado, faz o artista não querer se comprometer com novos romances, onde deixa claro aquilo que quer e quem é, é uma faixa um pouco clichê, principalmente pela repetição de ideias em seu refrão, que acaba não possuindo o mesmo impacto de canções anteriores. \"Heartbreaker\", última faixa do disco, faz alusão à faixa anterior, onde o artista diz que não quer se comprometer com novos romances, mas, agora, acaba se vendo em um novo amor e destrói aquilo que seu parceiro tanto sonhava, sendo uma ótima faixa de encerramento, com ideias muito bem polidas. O visual do álbum, assinado por ANNAGRAM, possui cores que combinam no álbum como um todo, mas acaba não tendo uma execução tão boa quanto as canções do disco. No entanto, traz uma capa bem idealizada e impactante. Em geral, Kyonash prova o artista impactante que é, apresentando um álbum muito bem feito, com canções que se conectam muito bem entre si como um todo, nos deixando ansiosos para futuros trabalhos do artista.

2018 - © FAMOU$