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TOUCHÉ - Petter
90

The Boston Globe

90

Dois anos após o aclamado Disguise, Petter retorna com TOUCHÉ, um álbum que não apenas consolida sua posição como um dos nomes mais interessantes da cena alternativa contemporânea, mas também revela um artista mais corajoso, disposto a abandonar zonas de conforto e a explorar suas vulnerabilidades sem disfarces. Com produção assinada por Kaleb Woodbane e Tammy, o disco apresenta onze faixas que se debruçam sobre temas como juventude, solidão, culpa, padrões destrutivos e a difícil tarefa de se reconhecer imperfeito. A sonoridade marca uma guinada certeira: o synthpop cede espaço para arranjos mais orgânicos e densos, onde guitarras, baterias secas e sintetizadores atmosféricos criam uma base sonora que flutua entre o pop alternativo, o indie e o rock introspectivo. A faixa de abertura, TOUCHÉ, funciona como introdução conceitual e estética, estabelecendo um tom confessional e minimalista, que se recusa a ceder a grandes refrões ou apelos fáceis. Em seguida, Compère, o lead-single, se revela como um dos momentos mais emocionalmente carregados do álbum. A canção utiliza a metáfora do anfitrião ignorado para falar sobre relações unilaterais, e Petter entrega sua interpretação mais contida e melancólica até aqui. Entre os destaques, 6’4 se impõe como um dos pontos mais interessantes do projeto. Inspirada por um episódio pessoal desconfortável, a faixa transforma ironia em libertação emocional, alternando versos ácidos e um refrão memorável. Petter demonstra aqui sua habilidade de construir pequenas narrativas que, apesar de particulares, ressoam com qualquer ouvinte que já se viu em situações de ressentimento e amargura. Grubby-Game, parceria com Tammy, injeta leveza e ironia ao disco, narrando um encontro noturno regado a excessos. A química entre os dois é evidente e o instrumental pulsante contribui para tornar a faixa uma necessária válvula de escape no meio de tantas confissões densas. Na sequência, Chimerical e Pattern apostam em atmosferas mais introspectivas. Enquanto a primeira se debruça sobre o medo e o desejo em relacionamentos marcados pela insegurança, a segunda se destaca por sua precisão lírica ao discutir ciclos autodestrutivos e a dificuldade de enxergar o próprio valor. Pattern, aliás, é um dos grandes acertos do álbum, equilibrando produção etérea e letra intimista sem soar autoindulgente. Nemesis, o segundo single, aprofunda o mergulho de Petter em suas próprias falhas. O artista se retrata como vilão da própria narrativa, e embora em alguns momentos a lírica flerte com o excesso, a honestidade e a entrega emocional conferem força e autenticidade à faixa. A colaboração com Hurrance Evans em Counterfeit Conman eleva o patamar lírico do projeto. A construção narrativa é primorosa, e Evans adiciona camadas à melancolia já latente da faixa. É, sem dúvida, um dos melhores momentos do álbum. Whistle Blowers, apesar de um tom mais sombrio e vulnerável, parece destoar levemente da coesão temática do disco. Ainda assim, a entrega sincera e a produção minimalista conferem à faixa um caráter quase documental, como uma carta escrita de madrugada e deixada sem remetente. Hoes Before Bros, com Annagram, resgata o tom debochado de 6’4 e Grubby-Game, discutindo culpa e luxúria em meio a um refrão provocativo. A faixa funciona como um respiro entre tanta densidade emocional, sem abrir mão da crueza temática. O encerramento com Jolie (Laide) é acertado. A canção, que faz referência à expressão francesa que celebra a beleza imperfeita, fecha o ciclo emocional proposto pelo disco, reafirmando a aceitação das próprias falhas e o conforto em se reconhecer em meio às contradições. Visualmente, TOUCHÉ acompanha o cuidado de sua sonoridade. A direção criativa assinada por Kaleb Woodbane e Tammy acerta ao construir uma identidade visual que mistura referências vintage e contemporâneas de maneira coesa, elevando o disco a uma experiência estética completa. Mesmo com pequenas irregularidades e momentos onde a produção poderia arriscar mais, TOUCHÉ é um álbum sólido, maduro e relevante. Petter acerta ao se despir de filtros e entregar um projeto que, mais do que querer agradar, busca dialogar honestamente com suas próprias dores e com quem estiver disposto a escutá-las. Destaques: 6’4 [SOTY], Pattern, Counterfeit Conman, Compère [SOTY]

Spin

93

Após singles de grande sucesso, Petter volta com “TOUCHÉ”, seu segundo álbum de estúdio. Com 11 faixas e colaborações certeiras com Tammy, Hurrance Evans e Annagram, o projeto é uma jornada intensa que mistura vulnerabilidade e amadurecimento, tudo muito bem delimitado. Primeira e faixa-título, “Touché” é elegante, provocadora com significados claros e pouco previsíveis. Nela, Petter se mostra pronto para assumir cada uma de suas responsabilidades. A segunda faixa, o single “Compere”mergulha nas frustrações de amar alguém que não o vê da mesma forma. A letra é delicada e reveladora, e a melancolia toca profundamente o ouvinte. Já “6’4”, sua letra é forte e afiada, e mostra mais uma vez que Petter não tem medo de expor a sua vida pessoal, ainda mais nessa situação complicada com o namorado atual do seu ex. “Grubby-Game”, parceria com a cantora Tammy, é um dos momentos mais divertidos do álbum e funciona como uma quebrada de gelo no disco. Os dois artistas funcionam muito bem juntos, e a canção flui facilmente. “Chimerical” traz Petter mais introspectivo, refletindo sobre medo e arrependimento, além daquele desejo que insiste em o atordoar. “Pattern” fala sobre ciclos que podem se repetir sem que nós percebamos, e como sair deles exige força e resiliência. Nela, ainda, há coisas que poderiam ser melhores em sua execução, como a ponte. É bom notar que as duas, de certa forma, se complementam. “Nemesis” é descrita por Petter a mais pessoal do disco. Nela, ele se diz como seu próprio inimigo, lidando com a sua ansiedade e emoções afins. É uma canção muito forte e bem escrita, sendo o ponto alto do disco.“Counterfeit Conman”, parceria com Hurrance Evans, funciona muito bem pela sua narrativa. Os versos constroem cenas vívidas de um relacionamento complexo, e os dois falam sobre isso com uma naturalidade invejável. “Whistle Blowers” chega em um momento focado na vulnerabilidade. A tristeza é intensa, mas ainda há um orgulho em se mostrar frágil. Ainda, os versos soam um pouco cansativos demais. Agora em “Hoes Before Bros”, com a cantora Annagram, há o desejo e um pouco do medo que ele envolve. A faixa é direta, provocativa e cheia de nuances. Mas ela ainda falha na sua execução em certas partes, como no seu refrão, que parece grande demais. O álbum fecha com “Jolie (Laide)”, termo em francês que significa algo como “bonito de um jeito imperfeito”. É uma ótima faixa para finalizar o disco, mesmo com seus deslizes, como o primeiro verso. Com um visual produzido por Tammy e Kaleb Woodbane, o que pode se dizer é que ele é um bom complemento para as letras, com uma estética que lembra anos mais vintage e um encarte muito bem editado. No fim, TOUCHÉ é um disco que conversa com o passado, presente e futuro de Petter com muita fluidez. Assim, mesmo com os seus deslizes, é o melhor disco da sua carreira.

All Music

84

Depois do elogiado Disguise, Petter retorna com TOUCHÉ, um segundo álbum que não apenas amplia sua paleta sonora como também mergulha fundo em questões íntimas e emocionais. Com onze faixas e colaborações de Tammy, Annagram e Hurrance Evans, o disco é uma experiência de autoconhecimento que alterna entre a impulsividade da juventude e a reflexão de quem começa a entender suas próprias dores. A faixa-título, “Touché” funciona como um aperitivo emocional — nem tão leve, nem tão dramático —, apenas honesto. Em seguida, “Compère” nos apresenta um Petter melancólico, observador de sua própria solidão. A composição é sensível e precisa, mesmo que por vezes soe mais contida do que poderia ser, dada sua carga emocional. “6’4” surge como uma das mais instigantes. Inspirada em uma situação pessoal desconfortável, a canção se destaca pela forma direta como transforma ironia em libertação — e prova que, sim, Petter sabe rir da própria dor. “Grubby-Game”, parceria com Tammy, é uma das mais vivas do disco. A produção pulsa, a química entre os artistas funciona bem, e o resultado é uma faixa divertida, que equilibra intensidade e deboche com competência. Na sequência, “Chimerical” propõe uma virada mais introspectiva. A faixa trata de medos ambíguos e desejos mal resolvidos, mas a produção poderia ter arriscado um pouco mais — talvez o momento menos ousado do disco. Já “Pattern” acerta ao entregar uma letra íntima, que discute padrões autodestrutivos com sensibilidade, sem cair no sentimentalismo barato. É aqui que Petter parece mais dono de sua própria narrativa. “Nemesis”, segundo single, é talvez a faixa mais emocionalmente carregada. Ao se retratar como vilão da própria história, o artista entrega um momento de grande força lírica — ainda que a lírica soe ligeiramente excessiva em alguns trechos, o que dilui parte do impacto. Por outro lado, “Counterfeit Conman”, em parceria com Hurrance Evans, é liricamente o ponto alto do projeto. A construção narrativa é exemplar, com versos que pintam cenas inteiras com precisão. “Whistle Blowers” é um momento de vulnerabilidade crua. Apesar de seu tom mais sombrio, a faixa peca um pouco por parecer desconectada do restante da narrativa. Ainda assim, é uma adição honesta, mesmo que não ressoe com o mesmo peso das anteriores. “Hoes Before Bros”, com Annagram, retoma a energia com uma mistura de culpa e desejo. É direta, provocativa, e funciona como um necessário respiro entre tantas confissões. O encerramento com “Jolie (Laide)” é sutil e reflexivo. A escolha de terminar com uma canção mais minimalista, que foca no conforto de se aceitar imperfeito, é certeira. Fecha o álbum com sensibilidade e sem forçar uma catarse grandiosa. Visualmente, TOUCHÉ acompanha o tom do projeto: vibrante, simbólico e muito bem cuidado. Kaleb e Tammy, na direção criativa, elevam a experiência com um encarte que combina o vintage com o contemporâneo de maneira coesa e esteticamente marcante. Apesar de seus pequenos excessos e algumas passagens menos inspiradas, TOUCHÉ é um álbum sólido, maduro e cheio de personalidade. Petter acerta ao explorar suas fraquezas com franqueza, sem abrir mão da construção poética. E embora nem todas as faixas atinjam seu potencial máximo, o conjunto da obra prova que o artista está em uma crescente importante, que vale acompanhar.

American Songwriter

90

De volta aos trabalhos, Petter lança “Touché”, seu segundo album de estúdio, uma aposta ambiciosa para que o ouvinte se familiarize, ou se identifique, com suas experiências durante sua juventude, desvendando a forma como a visão do artista foi sendo moldada e mudada conforme passava por algumas situações. Trazendo Tammy e Kaleb creditados na produção, encontramos uma proposta de cores vibrantes e detalhes cuidadosamente adicionados nas páginas do encarte que tornam a experiência visual extremamente intuitiva e interessante. A faixa título abre formalmente o album trazendo um cenário de descontração e uma dose certa de sexy apeal, e logo somos levados para o grandioso lead-single do projeto, “Compère”, que fala sobre as incertezas de um relacionamento onde você se sente sendo escalado como figurante na vida da pessoa que você ama, a canção traz uma certa carga melancólica muito bem trabalhada. Em sequência temos \"‘6’4”, faixa trabalhada como terceiro single do disco e descrita como uma das faixas mais honestas, narrando uma situação desconfortável que teve com o atual de seu ex, deixando um recado final para o mesmo dizendo \"Porque, querido, só eu sei como as mentiras dele vão te matar em breve\", sendo um exemplo da energia debochada e assertiva da música. \"Grubby-game\", primeira colaboração do disco, traz Tammy, que foi incluída na faixa devido o seu grande interesse pela história narrada por Petter, que revela sua experiência bastante intensa em uma festa, na qual se envolveu com um cara que despertou uma nova atitude no eu lírico, o que faz com que a faixa funcione muito bem, tendo em vista que os artistas demonstram ter amado fazer a canção juntos. Logo depois temos \"Chimerical\" que fala sobre o medo após uma fatídica experiência com uma pessoa que gatilhou esse sentimento ambivalente entre arrependimento e curiosidade. A partir desse ponto entramos em uma atmosfera mais pessoal em uma sequência de faixas reflexivas que começam com \"‘Pattern\" uma composição bastante intrínseca que discorre sobre se perceber vivendo em um certo tipo de padrão autodepreciativo, o que faz com que o eu lírico entre nessa batalha consigo mesmo para entender seu valor, e, “Nemesis”, segundo single do disco, descrita pelo próprio autor como a faixa mais pessoal de sua carreira, o qual faz uso da metáfora de ser seu próprio vilão assombrando seus pensamentos. A canção premiada é muito bem escrita e é um dos grandes destaques do projeto. \"Counterfeit Conman\" uma colaboração com Hurrance Evans, que surgiu devido a admiração de Petter para com a artista, possui uma construção muito bem feita, onde o formato de narrativa parece estar mais aguçado, deixando fácil vislumbrar as cenas de cada verso além de ter sido um acerto, a canção é o maior destaque lírico do album. \"Whistle Blowers\", descrita pelo autor como mais uma faixa pessoal, possui uma forte carga de lamentações nostálgicas em que o eu lírico parece sentir o gosto amargo da decepção em cada verso cantado. \"Hoes Before Bros\" em colaboração com a cantora Annagram fala sobre um desejo no qual a curiosidade acabou levando ele a tornar realidade. Ficando dividido entre a culpa e a luxúria. O conteúdo lírico é bastante rico em detalhes e acaba por se tornar uma das faixas mais interessantes. \"Jolie (Laide)” que vem de uma expressão francesa, encerra o disco com uma composição sobre a inquietude e inconstância do eu lírico, fala sobre como ele se entendeu como sua própria verdade e como isso se tornou confortável para ele. Ao longo de onze faixas, pudemos conhecer um pouco mais do artista por trás da obra, revelando-se através de suas vulnerabilidades. O cuidado de Petter na construção lírica das canções é um show a parte. Em síntese, entendemos porque o artista tem ganhado destaque desde sua estreia na indústria.

The Line Of Best Fit

96

Após o aclamado e premiado Desguise, Petter retorna com TOUCHÉ, seu segundo álbum de estúdio. Com onze faixas e colaborações de Tammy, Annagram e Hurrance Evans, o projeto representa uma guinada sonora significativa na carreira do artista. Aqui, ele se afasta das estruturas tradicionais do pop para mergulhar em uma sonoridade mais rica, que mescla elementos do rock alternativo, da música eletrônica e de arranjos acústicos, com destaque para guitarras, violões, bateria e sintetizadores. A proposta de TOUCHÉ é clara. O álbum é uma jornada de autoconhecimento e transformação, onde a juventude se revela através de memórias, erros e aprendizados. A faixa de abertura, que carrega o nome do disco, funciona como uma ponte entre o passado e o presente do artista, revisitando elementos líricos de Desguise, mas agora sob uma perspectiva mais madura e refinada. Na sequência, Compére assume o papel de desabafo melancólico. A canção narra os últimos respiros de um relacionamento fadado ao fracasso, onde a insistência em permanecer não encontra mais reciprocidade. É um lamento sobre a percepção tardia de que, às vezes, insistir é apenas prolongar o inevitável. 6\'4 surge como uma das faixas mais instigantes do álbum. Inspirada em um tweet, a composição aborda, de forma irônica e mordaz, a ideia absurda de ser um obstáculo na vida do novo parceiro de um ex. É uma resposta inteligente, direta e afiada, que transforma dor em arte, sem perder a simplicidade e a precisão lírica que já se tornaram marcas registradas de Petter. Em Grubby-Game, a colaboração com Tammy resulta em uma faixa energética, soturna e reveladora. A química entre os dois é palpável, e a construção eletrônica do instrumental potencializa ainda mais a tensão que percorre a narrativa. Chimerical mergulha em uma reflexão sobre os dilemas entre se entregar ou se proteger. A dúvida sobre repetir padrões do passado ou abrir espaço para algo novo guia uma letra carregada de metáforas, sensível e, ao mesmo tempo, densa. Pattern se destaca por sua clareza conceitual. Aqui, Petter reflete sobre estar preso aos próprios ciclos e às normas que ele mesmo criou. É uma canção que, embora trate de um tema recorrente no universo alternativo, ganha frescor pela sensibilidade poética e pela leveza com que conduz uma discussão pesada. Em Nemesis, o tom se torna ainda mais introspectivo. Petter assume o papel de observador da própria vida, encarando as consequências de suas escolhas e mergulhando em temas como ansiedade e autossabotagem. É, sem dúvidas, uma das faixas mais potentes emocionalmente, onde o artista reconhece ser, muitas vezes, o próprio vilão da sua história. Counterfeit Conman traz Hurrance Evans para uma colaboração que equilibra vulnerabilidade e força. A faixa discute os rastros deixados por presenças marcantes e tudo o que poderia ter sido. A participação de Hurrance é precisa, somando sutileza e profundidade ao conceito do álbum. O ápice da vulnerabilidade aparece em Whistle Blowers, a faixa mais crua e emocional de todo o projeto. Distante, tanto estrutural quanto liricamente, do restante do álbum, ela se destaca como um grito silencioso, uma carta aberta de quem, enfim, abraça sua própria fragilidade. É, sem qualquer exagero, uma das melhores composições da carreira de Petter e uma das joias de TOUCHÉ, ao lado de Nemesis e Pattern. A agressiva e catártica Hoes Before Bros, parceria com Annagram, reflete sobre as consequências de insistências mal direcionadas e os aprendizados que nascem da dor. É uma faixa direta, sem rodeios, que sintetiza bem o conceito de amadurecimento que atravessa o disco. Encerrando a obra, Jolie (Laide) surge como um epílogo sensível e melancólico. Apesar de mais contida e convencional em sua construção, ela cumpre bem o papel de fechar a narrativa, funcionando como uma última reflexão sobre tudo que foi vivido e sentido ao longo da jornada. Visualmente, TOUCHÉ acompanha o mesmo cuidado estético de sua sonoridade. O disco se apoia em uma identidade visual retro, elegante e distintiva, que reflete com exatidão o universo criado por Petter. Cada detalhe, desde a arte até a escolha das paletas e dos figurinos, dialoga diretamente com a proposta sonora, consolidando um trabalho esteticamente coeso e sofisticado. Em resumo, TOUCHÉ é, sem margem para dúvidas, o melhor e mais maduro projeto da carreira de Petter até aqui. Um álbum que não se prende a fórmulas, que emociona, provoca e se conecta com quem ouve de forma honesta. Suas metáforas elevam a obra a um patamar de constante evolução e reafirmam Petter como um dos nomes mais interessantes da cena atual.

The Boston Globe

85

Em seu segundo álbum de estúdio, TOUCHÉ, Petter nos convida a uma introspectiva jornada através de suas vivências, explorando as complexidades da juventude em transição para a maturidade. Ao longo de onze faixas, o cantor e compositor nos apresenta suas reflexões sobre relacionamentos, lutas internas e a própria percepção de si, tudo sob uma nova sonoridade que flerta com o Rock e o Alternativo, abandonando em grande parte o synthpop de seu trabalho anterior. A adição de parcerias com Tammy, Hurrance Evans e Annagram adiciona camadas interessantes a essa exploração. A faixa de abertura, \"TOUCHÉ\", que também empresta seu nome ao álbum, serve como um prenúncio desse novo capítulo na vida de Petter. A canção narra as reflexões do eu-lírico sobre um outro indivíduo, buscando descrever a intrincada rede de sentimentos que essa pessoa evoca em sua existência. A sonoridade pop-rock já estabelece o tom para a nova direção musical do artista. \"COMPÈRE\", o lead-single do álbum, é uma obra-prima de emoção agridoce. Petter descreve de maneira visceral os anseios e desejos por alguém que parece alheio aos seus sentimentos, utilizando a metáfora do anfitrião que se esforça por um espectador desinteressado. A inspiração na palavra francesa, extraída do filme \"Irréversible\", encapsula a complexidade de sentimentos envolvidos nessa dinâmica. A faixa é, sem dúvidas, um destaque do projeto, carregando uma comoção enorme sobre as nuances de um amor não correspondido e a esperança persistente em meio à tristeza. A produção e direção de arte elevam ainda mais a qualidade desta canção excepcional. Em \"6\'4\"\", Petter nos entrega uma faixa direta e sincera, quase como uma resposta despretensiosa a uma mensagem hostil de um antigo conhecido. A canção, despojada de grandes metáforas, revela uma faceta mais vulnerável e honesta do artista, lidando com as consequências de relacionamentos passados de uma forma surpreendentemente leve, considerando o teor da mensagem. É a melhor faixa de todo projeto, em como ela é ousada, mesmo que delicada, e em como ela se porta logo no início do projeto. A colaboração com Tammy em \"GRUBBY-GAME\" injeta uma dose de ironia e diversão ao álbum. A narrativa de uma noite de excessos e transgressões é contada de forma astuta e descompromissada, com a participação de Tammy adicionando uma perspectiva cúmplice e divertida à história. A química entre os dois artistas torna a faixa uma das mais singulares e memoráveis do projeto. \"CHIMERICAL\" mergulha nas incertezas e receios de se entregar a um novo relacionamento. A metáfora das quimeras, representando sonhos utópicos e talvez inatingíveis, ilustra a hesitação do eu-lírico em se abrir completamente, reconhecendo os potenciais perigos e complicações. Com \"PATTERN\", Petter se volta para uma análise íntima de sua relação com a própria imagem e os padrões de comportamento destrutivos que se tornaram parte de sua rotina. A faixa é descrita como uma das mais pessoais do disco, expondo vulnerabilidades e a luta para enxergar o próprio valor além das aparências. O artista ressalta a dificuldade em compartilhar uma música tão reveladora e a esperança de que outros se identifiquem e busquem uma visão mais profunda de si mesmos. \"NEMESIS\", o segundo single do álbum, aprofunda as inseguranças e aflições pessoais de Petter. A canção é uma exploração da sua relação com a autoestima, criando uma espiral de sentimentos conflitantes como a ansiedade. A metáfora da deusa grega da vingança ilustra como o próprio comportamento e pensamentos podem se tornar seu maior obstáculo. \"COUNTERFEIT CONMAN\", em parceria com Hurrance Evans, oferece uma narrativa nostálgica sobre um reencontro onírico com um amor do passado. A faixa explora a persistência de certas pessoas em nossa memória e o impacto duradouro de relacionamentos significativos, mesmo que breves. Hurrance Evans adiciona uma sensibilidade que complementa a melancolia da canção. \"WHISTLE BLOWERS\" se destaca como a faixa mais pessoal e vulnerável do álbum, abordando uma relação familiar perdida e sufocante. Petter descreve um antigo laço que se transformou em um pensamento amargo e atormentador. A decisão de incluir uma canção tão íntima demonstra a coragem do artista em compartilhar todas as facetas de suas experiências recentes, mesmo as mais dolorosas. Apesar de ser a faixa que mais parece ser perdida, sua honestidade é inegável. Em \"HOES BEFORE BROS\", com a colaboração de Annagram, Petter explora uma faceta mais áspera e dramática das relações amorosas. A faixa reflete sobre a sensação de ser apenas um objeto de desejo passageiro, utilizando a expressão do título como ponto de partida para uma reflexão dolorosa sobre a própria vulnerabilidade e o sentimento de ser usado. O álbum se encerra com \"JOLIE (LAIDE)\", uma faixa que busca catalisar todas as emoções e temas explorados ao longo do disco. A expressão francesa, que significa algo como \"bonito (feio)\", reflete a ambiguidade de sentimentos e a falta de um propósito claro na vida. A estrutura mais simples da canção serve como um selo final sincero e cru para a jornada introspectiva de Petter. TOUCHÉ é um projeto consistente que demonstra um notável amadurecimento artístico de Petter. A exploração lírica de suas vivências, com uma honestidade e vulnerabilidade palpáveis, é um dos grandes trunfos do álbum. As canções abordam temas universais como amor, perda, insegurança e autoaceitação de maneira profunda e relacionável. O conceito do disco, que entrelaça memórias do passado com as experiências do presente, é inteligentemente amarrado pelo título e pela rica execução visual realizada por Kaleb Woodbane e Tammy, que mistura tendências atuais e vintage de forma coesa e impactante, enriquecendo a experiência do ouvinte. A nova sonoridade, com influências do Rock e do Alternativo, confere uma identidade mais madura e multifacetada ao trabalho de Petter. Faixas como \"COMPÈRE\", \"6\'4\"\" e \"GRUBBY-GAME\" se destacam pela sua qualidade e impacto emocional. Mesmo a faixa menos favorita, \"WHISTLE BLOWERS\", contribui para a honestidade e vulnerabilidade do conjunto. TOUCHÉ é um álbum que reafirma o talento de Petter como compositor e intérprete, consolidando sua posição no cenário musical com um trabalho íntimo, cru e artisticamente ambicioso.

Billboard

95

Após um longo período desde seu primeiro álbum, Petter retorna com TOUCHÉ, seu aguardado segundo álbum de estúdio. O projeto conta com onze faixas, incluindo três colaborações femininas — Tammy, Annagram e Hurrance Evans. Neste trabalho, o artista se afasta da vertente pop que marcou sua carreira, especialmente o synthpop, para explorar um som mais orgânico e robusto, incorporando bateria, guitarra, violão e teclado, em uma sonoridade que transita entre o rock alternativo e o indie. A proposta central do álbum é uma jornada de autopercepção, amadurecimento e mudança, onde Petter revisita suas experiências da juventude, agora transformadas em memórias que alimentam seu aprendizado. A faixa de abertura, que também dá nome ao disco, TOUCHÉ, empresta seu título do universo da esgrima e funciona como uma ponte conceitual entre seu primeiro trabalho e este novo capítulo. Com uma construção lírica refinada, a música é uma metáfora para o imprevisível — tanto no esporte quanto na vida — e prepara o terreno para a narrativa que se desenrola. Na sequência, Compére mergulha no esgotamento emocional de um relacionamento fracassado, onde o eu-lírico insiste em ser anfitrião de alguém que já não demonstra reciprocidade. A faixa soa como um lamento maduro, que não se perde no drama, mas encara a realidade. 6\'4 destaca-se por sua abordagem pouco convencional na indústria pop atual. Inspirada em um tweet, a canção narra, com simplicidade e precisão, a desconfortável sensação de ser um obstáculo na vida do novo parceiro de um ex. A tensão cresce até um ponto extremo, quando o eu-lírico relata que esse novo relacionamento deseja sua morte, transformando a faixa em uma resposta ácida e, ao mesmo tempo, um aviso de que ele conhece o desfecho dessas histórias. Grubby-Game, a primeira colaboração do álbum, traz Tammy em uma performance que equilibra leveza e escuridão. Juntos, constroem uma narrativa sobre experiências reveladoras, e a química entre eles é inegável. Na introspectiva Chimerical, Petter aborda o conflito interno entre se prender ao passado ou abrir espaço para o novo, mantendo a densidade lírica que permeia todo o projeto. A seguir, Pattern reflete sobre estar preso a padrões, entregando mais uma composição poética e necessária, que traz respiro ao disco sem perder a profundidade. Com Nemesis, Petter mergulha ainda mais em seu lado pessoal, reconhecendo-se como o próprio vilão de sua história. A faixa, embebida de simbolismo grego, fala sobre os ciclos de autossabotagem e ansiedade, consolidando-se como um dos pontos altos do álbum. Counterfeit Conman, parceria com Hurrance Evans, oferece uma troca de vozes poderosa, onde ambos refletem sobre a presença e as marcas que alguém pode deixar na vida do outro. A colaboração acrescenta textura à narrativa do álbum, mantendo sua coerência estética e emocional. A vulnerável Whistle Blowers é, sem dúvidas, a faixa mais pessoal do projeto. Aqui, Petter entrega sua melhor performance lírica, traduzindo com maestria a experiência humana de se sentir exposto, frágil e, ainda assim, pleno em sua autenticidade. É um momento raro de conexão pura entre artista e ouvinte. Em Hoes Before Bros, última colaboração (com Annagram), Petter discute as consequências de insistir em situações que só ensinam através da dor. A faixa é reflexiva, sincera e carrega o mesmo senso de inevitabilidade presente no restante do álbum. Para encerrar, Jolie (Laide) oferece um desfecho elegante e poético, sintetizando as emoções e os aprendizados dessa jornada. Embora mais contida em sua estrutura, encerra o disco com a dignidade que ele merece. Visualmente, TOUCHÉ é um espetáculo à parte. A estética vintage, somada a um design interativo — que permite ao ouvinte escolher entre diferentes “fitas” que representam cada faixa —, demonstra um cuidado extremo em traduzir a essência do álbum para o visual. É um conceito que dialoga diretamente com a música e reforça a proposta artística de Petter. Em resumo, TOUCHÉ é um álbum que transcende o pop convencional, sem perder sua capacidade de cativar. Petter entrega aqui seu trabalho mais maduro, coeso e lírico, equilibrando sentimentalismo, poesia e uma estética cuidadosamente construída. Um disco que não apenas marca uma nova fase, mas também estabelece um novo patamar em sua carreira — seu melhor projeto até aqui.

Pitchfork

90

Quando Petter deu adeus a era \'Disguise\', muito se espera de quem teve uma era de sucesso logo no primeiro álbum. A pressão do segundo ser tão ou maior do que o primeiro, a carga que isso trás, como fazer e se é possível fazer. Toda a fórmula completa de um caos que obriga o artista a recorrer à fórmula que todos recorrem em algo momento: a si mesmo. E é nessa auto descoberta misturado a um Pop de primeira que o cantor norte americano dá seu golpe final em TOUCHÉ, seu segundo álbum de estúdio. Durante as 11 faixas do disco, que conta com colaborações dos amigos de longa data, Tammy e ANNAGRAM, e a superstar Hurrance Evans, Petter revisita seu eu interior não apenas para moldar uma narrativa, mas para moldar a si mesmo. Como o mesmo relevou no encarte do seu disco, TOUCHÉ significa que tudo o que fazia não cabia mais na sua vida, o que de certa maneira está transcrito nas suntuosas letras de várias faixas, como em /Me pergunto se ainda tentaria algo se tivesse outra chance/, de Nêmesis, ou em /Eu odeio a maneira como me comporto perto de você/, na faixa título, onde Petter se permite não apenas ser cru, como dependente em um sentimento que todos acabam sendo em algum momento. Se liricamente, TOUCHÉ é mais introspectivo e emocionante, seu visual é mais colorido, chamativo, intenso e reconfortante. As cores vibrantes e o design extremamente criativo catapulta o disco de Petter para um dos grandes favoritos aos prêmios de encarte e produção. Um visual tão enriquecedor e letras tão cruas criam um verdadeiro golpe fatal em quem entra de cabeça nesse disco. No fim das contas, Petter convida para fazer o que ele precisou fazer no processo criativo desse disco: mergulhar dentro de si para que pudesse alçar novos lugares. E assim como Petter fez consigo mesmo, seu álbum é um verdadeiro golpe de emoções em quem se entrega de corpo e alma para escutar. Touché!

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