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Under Stress. - Danny Wolf
90

All Music

85

UNDER STRESS, terceiro álbum de estúdio do cantor, compositor e produtor Danny Wolf, chega após o enorme sucesso de DEPRAVATION e se apresenta como um retrato pulsante e dançante de um colapso interno. Aqui, Danny transforma exaustão mental em energia criativa, construindo um projeto onde cada faixa funciona como um desabafo embalado por batidas eletrônicas intensas. A abertura fica por conta de ‘Relief’, single principal do álbum, que combina sintetizadores robustos a uma melodia que beira o desespero. É uma faixa profundamente melancólica — e justamente aí reside sua força. Um pedido de socorro estilizado, que cumpre perfeitamente o papel de introduzir o ouvinte ao caos emocional que o disco promete. Logo em seguida, ‘Survive’ rompe com qualquer traço de delicadeza: raivosa e densa, a música mergulha nas dores da criação de Danny e cria um ambiente sufocante, tanto lírica quanto sonoramente. Mesmo que o tema já tenha sido explorado por ele em outras ocasiões, aqui a abordagem é mais agressiva e visceral, tornando a faixa um dos grandes momentos do álbum. Na sequência temos ‘Love (or The Lack of It)’ e ‘Jimmy Neutron’, que quebram um pouco a densidade das faixas anteriores. A primeira aborda desilusões amorosas de forma mais irônica e descontraída, o que pode soar um pouco deslocado. Já ‘Jimmy Neutron’ é o ponto alto absoluto do projeto: uma composição brilhante em que Danny revisita a própria infância sob o arquétipo do garoto prodígio admirado pelos pais, mas que, internamente, carrega inseguranças profundas e crescentes. É uma metáfora poderosa e emocionalmente rica. Seguimos com ‘RAGEBAIT’ e ‘Antagonists’, duas faixas intensas e explosivas. A primeira se destaca pelo tom inflamado e pela escrita afiada — Danny está no auge quando escreve com raiva, e essa canção deixa isso claro. ‘Antagonists’, por sua vez, é uma boa faixa que talvez merecesse um desfecho lírico mais cuidadoso, mas ainda assim cumpre seu papel com competência. Logo depois, entram em cena ‘This Summer’s the Apocalypse’ e ‘Linger’. Ambas funcionam bem dentro da proposta, embora seus versos iniciais careçam de mais refinamento. No entanto, as pontes de cada uma são arrebatadoras e elevam a experiência sonora com muita eficácia. Chegamos então a ‘The Apprentice’, a tradicional balada romântica que Danny vem cultivando em seus últimos lançamentos. Aqui, ele entrega uma faixa emocionalmente sólida, que ajuda a desacelerar o ritmo do álbum e preparar terreno para ‘Hell Is Other People’, uma das músicas mais impactantes do projeto. Amarga, honesta e existencial, ela investiga o lado mais sombrio das relações humanas, e o faz com profundidade. Na sequência, ‘Time, Take Your Time’ brilha como um dos grandes momentos do disco. É aqui que encontramos o melhor refrão do álbum, numa combinação equilibrada entre angústia e aceitação. O álbum se encerra com ‘Nobody’s Fault / Everybody’s Fault’ e ‘No Stress’, duas faixas que adotam um tom mais leve, mas não menos sincero. A última, especialmente, traduz com perfeição o conceito do projeto: transformar estresse, ansiedade e inquietação em música dançante e catártica. É, sem dúvida, uma das melhores faixas finais da carreira de Danny. UNDER STRESS consolida Danny Wolf como um artista disposto a se despir emocionalmente, criando paisagens sonoras carregadas de emoção, frustração e desejo. É um álbum que aposta no desconforto como motor criativo — e acerta em cheio. Um trabalho ousado, que mostra um artista em pleno movimento, sem medo de se reinventar.

Los Angeles Times

98

Poucos meses após o lançamento do seu aguardado segundo álbum, Danny Wolf nos pega de surpresa com seu terceiro trabalho, o introspectivo e maduro \"Under Stress\". O álbum é um presente inesperado para os fãs e apreciadores da música alternativa. A faixa de abertura, \"Reliefe\", nos transporta de imediato para um mundo confessional e íntimo. Com uma honestidade tocante, a canção cria uma atmosfera de vulnerabilidade e uma busca por alívio, envolvendo o ouvinte instantaneamente. Como single de estreia e faixa inicial, a música cumpre seu propósito de forma brilhante: despertar a curiosidade e introduzir temas profundos, prometendo uma intensa experiência emocional ao longo do álbum. Sem dúvida, é um começo poderoso e um ponto alto dentro do projeto como um todo. Logo na segunda faixa, Danny Wolf aprofunda a imersão emocional proposta em \"Reliefe\", mas agora com um tom mais ácido e bruto. \"Survive\" é um tipo de desabafo amargo sobre a luta constante contra pensamentos autodestrutivos, expectativas familiares opressoras e a comparação paralisante com uma juventude idealizada. A canção mescla versos confessionais com uma estrutura lírica que transita entre a raiva contida e a resignação exausta, destacando um eu lírico que está sempre no limite, tentando se agarrar ao que resta de si. O refrão, direto e sem rodeios, revela uma mudança simbólica: deixar de ser apenas vítima das circunstâncias para entrar em \"modo de sobrevivência\", mesmo que sem saber ao certo o que isso significa. A ponte, repetitiva e quase desesperada, soa como um pedido de ajuda ou talvez uma tentativa de autoafirmação diante do caos interno do eu lírico. \"Survive\" não oferece soluções fáceis, mas apresenta com coragem o desconforto da existência. Amarga e conformada, a terceira faixa, \"Love (or The Lack of It)\", apresenta Danny em seu estado mais cínico e desiludido. A música desfaz o romantismo idealizado com versos repletos de autossabotagem, revelando um eu lírico em conflito com o amor e consigo mesmo. É uma balada eletrônica e anti-romântica que rejeita a redenção, mas oferece honestidade brutal. \"Jimmy Neutron\" é a quarta faixa do \"Under Stress\" e também a nossa favorita do álbum. Com uma letra totalmente refinada e passível de ser interpretada como autobiográfica, Danny transforma a figura do \"garoto prodígio\" em um retrato melancólico de expectativas sufocantes, repressão religiosa e a dor da autodescoberta. A canção é construída de forma impecável em uma narrativa em espiral, que começa com a inocência da infância e culmina em um grito libertador de raiva e emancipação. É Danny no auge de sua escrita, usando sarcasmo e memória para incendiar o próprio passado e renascer das cinzas. “Ragebait” assume um tom confrontativo e direto, com imagens violentas e metáforas familiares para expressar ressentimentos antigos. A música se apoia na repetição para reforçar sua fúria e dá continuidade ao tema do álbum de maneira coerente. Em “Antagonists”, Danny e Petter se revezam como se estivessem frente a frente num acerto de contas: cada um armado com sua própria dor, tentando entender se foram vítimas ou só aprenderam a atacar antes de serem feridos. A letra é carregada de imagens fortes e ressentimento engasgado, mas o que mais fica é a sensação de que, às vezes, pra conseguir existir num mundo hostil, acabamos encarnando o vilão na história de alguém. “This Summer’s the Apocalypse” e “Linger” funcionam quase como lados opostos. A primeira é o grito engasgado de quem já passou do limite: fala sobre desconexão, cansaço e a sensação de viver um fim do mundo particular enquanto tenta parecer funcional. O refrão, com a repetição de “this summer’s the apocalypse”, transforma o drama interno em algo quase físico. Já “Linger” é o momento depois do grito, quando tudo silencia e o que sobra é só o esforço de continuar. A relação entre o narrador e uma criança, seu irmão, funciona como ponto de equilíbrio, ainda que frágil. Enquanto a primeira faixa explode, a segunda implode e ambas revelam, os efeitos de um corpo e mente tentando resistir ao que o mundo insiste em destruir. “The Apprentice” é sobre se apaixonar por alguém livre quando você ainda está aprendendo o que liberdade significa. A faixa constrói esse contraste com delicadeza: de um lado, o narrador que cresceu em reclusão emocional; do outro, alguém que vive no impulso e no corpo. A letra é cheia de imagens sensíveis sobre desejo, medo, futuro e essa vontade quase urgente de ser conduzido, nem sempre por amor, mas por curiosidade, por aprendizado, por uma espécie de esperança. É uma música sobre querer seguir alguém não só porque ama, mas porque acredita que essa pessoa conhece uma saída. “Hell Is Other People” é um desabafo amargo sobre a repetição dos mesmos erros humanos — machismo, inveja, irresponsabilidade emocional — mascarados de liberdade ou rebeldia. A canção mistura sarcasmo e desencanto ao retratar figuras conhecidas: homens imaturos, mulheres em sofrimento cíclico, vizinhos tóxicos. O refrão acerta em cheio ao ecoar Sartre: o inferno não é místico, é social. A liberdade que damos aos outros frequentemente se volta contra nós ou contra eles mesmos. Uma faixa que destila frustração com lucidez quase filosófica. “Time, Take Your Time” transforma a ansiedade existencial em poesia desconcertante. A canção navega por perguntas quase infantis (“My neck fits on my shoulders, but what for?”) e as transforma em metáforas sobre deslocamento, pressa e a sensação de estar sempre atrasado para a própria vida. O tempo, aqui, não é só cronológico: é emocional, social e psicológico. O eu lírico implora por uma pausa, mas sabe que o mundo não vai esperar e talvez ninguém tenha lhe dado o manual. Um lamento terno e melancólico sobre amadurecer sem as ferramentas básicas para isso. “Nobody’s Fault / Everybody’s Fault” é um retrato cru do desmoronamento das figuras familiares. A canção parte da tentativa de compreender e até absolver os pais, mas logo esbarra no peso dos traumas herdados e da repetição de padrões. O refrão martela uma das verdades mais dolorosas da vida adulta: às vezes não há um vilão claro, só sobreviventes feridos. Ao mesmo tempo, a ponte recusa o conformismo: reconhece que não é culpa de ninguém, mas explode ao admitir que é culpa de todo mundo. Uma balada de luto por vínculos que continuam a doer mesmo depois de serem entendidos. “No Stress” fecha o álbum como uma confissão melancólica disfarçada de redenção romântica. A música abraça a contradição de alguém que encontra alívio e ansiedade na mesma pessoa: um refúgio e um gatilho. Com imagens que vão do apocalipse ao desejo de ser lembrado por um beijo roubado, a letra expõe vulnerabilidades com um lirismo quase delirante. A ideia de que “não há estresse quando controlo o que sinto” parece mais um desejo do que uma verdade, encerrando o disco em um tom ambíguo: esperança ou autoengano? Talvez os dois. Under Stress é, possivelmente, o trabalho mais forte de Danny Wolf até hoje: liricamente afiado, emocionalmente cru e tecnicamente preciso. Com versos que equilibram dor, ironia e autoconhecimento, o álbum transforma o caos interno em arte catártica. Ao mesclar vulnerabilidade e lucidez, Danny prova que escrever sobre o estresse é, também, uma forma de sobreviver a ele.

The Line Of Best Fit

88

Danny Wolf sempre foi um artista à altura da sua grandeza lírica. Desde seu começo tímido, com o aclamado ‘i wrote this instead of’, passando pelo envolvente ‘Sunday Blues’ e o provocador ‘DEPRAVATION!’, o cantor se mostrou uma verdadeira potência lírica. Porém, quando se adentra no universo de ‘Under Stress’, é possível observar o crescimento de algo que está além do senso lírico comum. As letras acalentadoras de um disco que respira vivacidade em uma fantasia sonora de trance e EDM onde Danny canta sobre si da maneira mais difícil e impiedosa possível. Seu terceiro disco ainda é uma síntese sobre ele, mas a forma como o norte americano abraçou seu lado mais obscuro, é simplesmente algo que sobressai até mesmo seus próprios trabalhos. Assim que o disco começa, ‘Relief’ assume o papel de boas vindas em uma rápida sensação de calmaria diante do caos. A faixa que, segundo o próprio Wolf, “resume bem o que iremos enfrentar ao longo das canções seguintes”, convida o ouvinte a conhecer um ambiente tão temido quanto acolhedor, enquanto os pergunta em alto e bom som: /Você precisa de um alívio?/. Se aqui Wolf te segura e te protege, em ‘Survive’, ele te joga em uma zona de guerra que compõe seus conflitos familiares, algo que ele faz com a maestria de quem usa do próprio sangue para criar arte, o que, de certa forma, não parece ser algo tão longe da realidade do artista. Um dos grandes momentos do álbum, pelo menos pra quem acompanhou a energia de casal superstar de Danny e Petter, Antagonists é uma verdadeira conversa de um grande amor que ficou para trás, sobrando uma amizade capaz de criar um verso tão incrível quanto em ‘Não somos antagonistas um do outro, mas você certamente é um vilão’. Se tivesse algo na cultura Pop que pudesse ilustrar essa canção, com certeza seria o encontro emocionante de Ulay e Marina Abramovic em uma performance da artista sérvia. E, falando em arte, as mãos de Tamm atacam mais uma vez em um visual tão cru quanto agonizante. A capa com um Wolf contorcido completamente como se estivesse prestes a se transformar em algo fora de si ilustra a agonia que o eu lírico sente em um disco que diz muito mais sobre o que tem dentro do artista que seria capaz de deduzir. ‘Under Stress’ é a síntese de um espírito perturbado e entregue ao seu ‘lobo interior’ da forma mais violenta possível. Mais assustador do que o que se pode ver, é o que se tem dentro de si, e Danny mostra o quão arrasadora a introspecção pode ser.

American Songwriter

90

Under Stress, o 3º álbum de Danny Wolf, chega como um despejo elétrico de introspecção e ansiedade, surpreendendo fãs ao ser lançado sem aviso prévio em fevereiro de 2025. Nos últimos meses, só temos ouvido falar de Danny Wolf, e isso não é uma surpresa analisando a qualidade desse projeto. Com uma sonoridade que mistura trance, acid house, electropop e glitch pop, o disco reflete uma transição sonora para a música eletrônica, ainda que mantendo as raízes alternativas que marcaram o início da carreira de Wolf. O álbum nasceu de um período sombrio na vida do cantor, enquanto ele lidava com questões de envelhecimento, deterioração mental e o peso do sucesso, tudo isso escondido do público, criando uma obra que não só explora seu estresse pessoal, mas também o usa como catalisador para um novo estilo musical. O conceito do álbum é claro desde o título: Under Stress é uma exorcização sonora das angústias do artista. Cada faixa é uma representação visceral de suas emoções, compostas em um estúdio caseiro durante um dos períodos mais difíceis de sua vida. A escolha de unir batidas pulsantes e frenéticas com letras introspectivas foi uma decisão aparentemente não planejada, mas que, na verdade, resulta em uma das produções mais coerentes e impactantes de sua carreira, visto que representa perfeitamente o período que o artista estava vivendo em sua vida anteriormente. A fusão do alternativo com o eletrônico cria uma atmosfera única, onde o estresse é vivido e dançado, mas nunca totalmente curado (quem nunca). As letras do álbum são, sem dúvida, o ponto central, com Wolf se entregando completamente ao seu sofrimento emocional. Ele aborda questões existenciais e psicológicas com uma honestidade brutal, como em faixas que exploram desde suas frustrações com a própria identidade até a luta contra a pressão de ser uma figura pública, com metáforas ricas, como em \"What about the boys you wanna forget? / What about the house you might have to sell? / What about the thoughts stuck on your head? / There\'s only some time before they ring the bell\" e até mesmo brutais, como em \"Antagonists\", onde o artista menciona assassinato e gore. O álbum segue uma narrativa linear, onde o ouvinte é convidado a acompanhar a jornada do artista do desespero à autoaceitação, passando por momentos de revolta e resistência até alcançar um espaço de alívio. As faixas possuem uma coesão notável, com easter eggs de letras que preveem o próximo tema do disco, criando uma sensação de continuidade. Ao final, Under Stress é uma obra profunda, que não tem medo de mergulhar nas profundezas do sofrimento para, ao menos, tentar encontrar algum tipo de alívio. Danny Wolf, com sua habilidade de transformar dor pessoal em arte, cria uma experiência sonora que mistura a intensidade da música eletrônica com a vulnerabilidade da introspecção. O álbum é uma prova de que, mesmo em seus momentos mais difíceis, a música pode ser uma forma de resistência e resiliência, oferecendo aos ouvintes uma visão crua e autêntica do processo de lidar com o estresse, a dúvida e a busca pela paz.

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