How The Story Ends - Anne Ritchie

The Boston Globe
Em seu álbum de estreia, How the Story Ends, Anne Ritchie entrega uma narrativa coesa, envolvente e pessoal, mesclando R&B e Soul com uma sensibilidade rara de se ver em artistas iniciantes. Com letras todas compostas e produção assinada pela própria artista, o disco é um retrato emocional e progressivo de um relacionamento que começa com encantamento e termina em escombros e é justamente nessa honestidade crua que ele encontra sua força. A abertura com a faixa-título, “HTSE”, funciona como um prólogo introspectivo, introduzindo um eu lírico cheio de esperança e pronto para mergulhar em algo novo. É uma introdução bem construída, embora um tanto convencional em sua estrutura. Em seguida, “Looking for Angels” brilha ao traduzir o alívio e a leveza de um amor recém-descoberto, com versos sensíveis e uma produção que valoriza o frescor do sentimento, sem torná-lo piegas. A sequência “Purposes” e “New Moon” expande a narrativa com equilíbrio: a primeira mergulha em inseguranças emocionais familiares a qualquer ouvinte, enquanto a segunda solidifica o romance, ainda que sua ênfase narrativa sobrepuje um pouco o potencial emocional da composição. Há, aqui, uma sofisticação sutil, mas algumas dessas faixas poderiam ir além do óbvio em termos de arranjos ou construção melódica. A fase mais carnal do álbum, representada por “Degrees Rising”, “Belong to the World” e “Fetish”, apresenta uma mudança de tom marcante. A sensualidade é abordada com elegância, mas as faixas pecam levemente por uma certa previsibilidade na abordagem temática. Ainda assim, funcionam bem no contexto do álbum, sobretudo “Belong to the World”, que exala empoderamento com lírica bem amarrada. Com “Turbulent Moments”, o disco reencontra sua veia mais emocional e nos conduz à desintegração do relacionamento. “New Love” é um destaque por seu lirismo melancólico e pela forma como expõe a ferida ainda aberta, sem recorrer ao melodrama. “Time” e “Pain” seguem essa linha, sendo delicadas e vulneráveis, embora “Pain”, como interlude, acabe dizendo menos do que poderia. Na reta final, o álbum assume um tom de superação e reconstrução emocional. “Straight Up” e “Walking on Thorns” apontam para uma nova fase, com foco em objetivos pessoais e distância emocional, ainda que em certos momentos a repetição de ideias dilua o impacto. A faixa final, “Bouquet of Flowers”, encerra o ciclo com um lirismo contemplativo que revela a maturidade artística de Ritchie uma canção que deixa cicatrizes visíveis, mas também esperança. Visualmente, o projeto é bem cuidado. A estética mistura elementos animados com o real, e apesar de o conceito gráfico nem sempre dialogar diretamente com a proposta lírica, a execução é inventiva o suficiente para se destacar. “How the Story Ends”talvez não reinvente a roda, mas também não precisa. Com uma narrativa emocionalmente honesta, boas letras e uma produção sólida, Anne Ritchie mostra que tem talento de sobra e ainda mais potencial a ser lapidado. Um começo promissor, com alguns tropeços leves, mas que já aponta uma artista pronta para voos mais altos.

Pitchfork
Anne Ritchie lança seu primeiro álbum de estúdio, \"How The Story Ends\", como uma manifestação artística de experiências vividas ao longo de um relacionamento, o qual a artista escolhe representa-lo atráves do movimento surrealista, descrito pela autora como \"uma forma de escapar de seus sentimentos mais sombrios e desafiadores\". O trabalho visual tem a própria artista creditada ao lado do cantor latino Gabriel. As páginas do livreto são bastante harmônicas e estão dentro do que previamente foi descrito e que se propõe a revelar. É um projeto artístico ambicioso que acerta em seus erros e brilha em seus acertos. O álbum começa então com a introdução “HTSE”, que narra o que era o amor para o eu lírico naquele momento. Mas é em \"Looking For Angels\" que o projeto tem inicio verdadeiramente. A segunda faixa é responsável por materializar o encontro da artista com algo que estava procurando, um ponto de esperança vindo de alguém que colocou asas para que ela pudesse aprender a voar e encontrar seu rumo. Em “Purposes” encontramos um amor intenso sendo descrito e fala sobre algo que o eu lírico estava projetando, algo que fosse duradouro, como por exemplo na trecho \"Eu quero ser bem velho ouvindo suas histórias\", uma demonstração da grande esperança que estava sendo colocado sob esse relacionamento e a forma como ele esperava que a felicidade fosse algo que eles encontrariam juntos. Em sequência teríamos \"Protégè\" que parece ser uma faixa bloqueada. Então seguimos para o grande lead-single do projeto, \"New Moon\" um verdadeiro deleite para os amantes da música R&B. Aqui a artista narra a atração que sentia por seu parceiro, a intensidade vista na faixa anterior parece estar ainda mais intensificada. O que se prova verdade quando em seguida temos “Degrees Rising”, uma interlúdio que marca o exato momento em que as coisas começaram a ficar mais picantes no relacionamento. “Belong To The World” e \"Fetish\" são a trilha-sonora de um despertar para os desejos que o eu lírico e seu parceiro sentiam, desde lençóis bagunçados até tocar um céu estrelado, descrevem momentos mais íntimos e físico do casal. O que vem a ser quebrado com “Turbulents Moments”, interlúdio que revela a instabilidade que se instaurou no relacionamento. \"New Love\" chega para retratar os sentimentos conflitantes que todos os ocorridos causaram. O eu lírico parece ter perdido as esperanças, quando vemos ele dizer \"O amor que eu teria por milhares de anos acabou em apenas um dia\", contrariando suas projeções vistas em Purposes. A décima primeira faixa “Time” fala sobre precisar de tempo e espaço para se recuperar de tudo pelo que passou, sendo uma canção mais melancólica e reflexiva. “Grudge”, segundo single oficial do álbum, aborda a fadiga causada por mágoas e desculpas vazias. A canção possui uma grande carga de ressentimento e se sobressai entre as demais faixas por conta de sua composição. O álbum tem mais uma interlúdio, “Pain”, onde o eu lírico inicia o processo de superação e passa a perceber que pode se segurar em tudo que ainda pode dar esperança sem ser necessariamente um relacionamento. “Straight Up“ e “Walking On Thorns” narram o momento que o eu lírico decide ir direto ao ponto e deixar tudo esclarecido, depois de uma longa jornada através de um relacionamento que não terminou sendo o que ele esperava. Em ambas as faixas, a artista fala sobre suas convicções e todas as coisas que ela está resgatando durante seu processo de cura. Algo que é complementado com a última faixa do disco, “Bouquet Of Flowers”, que abrange desde empoderamento até o florescer do eu lírico após momentos turbulentos. A canção marca uma nova fase da vida da artista após encerrar devidamente seu passado usando do buquê de flores que recebeu para o túmulo do mesmo que o deu. \"How The Story Ends\" é na verdade como começa a carreira brilhante de Anne Ritchie, que por mais que tenha beirado o previsível ao usar de tópicos recorrentes, sendo eles: paixão, decepção e superação, consegue deixar sua identidade ao contar com bastante domínio sua narrativa a partir de experiências vivenciadas por ela. Entre as dezesseis faixas encontramos composições que provam que Anne é uma das grandes apostas do futuro da indústria, pois sua visão artística parece bastante aguçada e pronta para ser lapidada em seus próximos projetos.

Billboard
\'How The Story Ends\' é o disco de estreia da promissora sensação do R&B, Anne Ritchie. Composto e produzido inteiramente pela mesma, o trabalho mistura R&B e Soul em uma obra narrativa que nos apresenta a artista vivendo um romance danoso e conturbado. \'HTSE\' abre o disco e é uma intro que nos apresenta um eu lírico nos estágios iniciais em sua procura por amor. É uma introdução interessante e muito bem construída. \'Looking for Angels\', terceiro single do trabalho, vem em sequência e narra a alegria e alívio do peso das agonias da vida, após o eu lírico se apaixonar. A faixa expande a ideia da intro e nos mostra um pouco mais da habilidade de Anne como letrista, sendo uma canção coesa e bem escrita. \'Purposes\' amplia ainda mais a narrativa e ilustra um eu-lírico que ao mesmo passo em que desejar ir um passo adiante no relacionamento, teme estar sendo precipitado. Um dilema que qualquer um já se pegou em vida. \'Protégè\' é anunciada como a quarta faixa – tanto na contra capa do disco quanto no encarte, contudo não tivemos o prazer de ouví-la. \'New Moon\', o lead-single deste disco, é a quarta obra presente aqui e retrata a solidificação e consumação desse romance; encerrando a primeira etapa deste projeto. \'Degrees Rising\', \'Belong To The World\' e \'Fetish\' trazem uma mudança na atmosfera e apresentam letras que põem em nossas mentes esse casal nos cenários mais carnais; sendo a representação da consumação pela luxúria. \'Turbulent Moments\' se junta a \'Degrees Rising\' e \'HTSE\' como mais uma introdução, trazendo o desdobramento do disco em outro bloco e mantendo o padrão e qualidade da escrita até aqui. \'New Love\' chega trazendo a armagura e o arrependimento de ter se permitido viver o tal amor danoso narrado nas outras faixas. \'Time\' e \'Pain\' dão continuidade a narrativa e ambas abordam um tópico similar: as consequências do término do relacionamento. Se na primeira temos um eu lírico pedindo tempo e espaço para poder se curar, na segunda, a terceira intro, temos um eu lírico em busca de cura. \'Straight Up\', \'Walking On Thorns\' e \'Bouquet Of Flowers\' trazem o desfecho do projeto com um bloco temático que fala sobre superação; as canções compartilham muitas similaridades e, em certos momentos, soam até repetitivas. Em linhas gerais, \'How The Story Ends\' é um álbum de estreia robusto com letras muito bem feitas, um visual caprichado e execelentemente produzido pela própria artista. Servindo como um belo cartão de boas vindas para a talentosa novata.

Spin
“How the Story Ends”, o aguardado primeiro álbum de estúdio da cantora, compositora e produtora Anne Ritchie, traz uma perspectiva pessoal da artista quanto a todas as fases de um relacionamento que a trouxe bons momentos e também outros indesejados e que a magoaram emocionalmente. Em faixas como “HTSE”, que dá nome ao álbum e também é a primeira da tracklist, a cantora demonstra estar confiante no potencial de seu novo romance, pronta para os “testes” que a vida irá impor à sua frente dali em diante para provar o poder do sentimento retratado, em um conceito interessante e bem demonstrado em suas linhas finitas. “Looking for Angels”, faixa nº 2, compara a chegada de um novo amor à vida de Anne a uma presença angelical em sua vida, o que a faz se sentir invencível no sentimento encontrado de forma gentil e que emociona o ouvinte pela delicadeza dos versos e a confiança do refrão. “Purposes” traz uma perspectiva mais singular no modo como a cantora não entende a dimensão dos próprios sentimentos que possui pela pessoa amada e tem o anseio de colocar tudo para fora, mas não sabe como expressar suas intenções. É uma temática direta e uma abordagem simples, mas que funciona pelo casamento da ternura com a produção musical ao fundo. “New Moon”, lançada antes como um single de prévia da era, retoma os sentimentos inocentes de “Looking for Angels”, porém, com um foco maior em destacar uma narrativa do que em priorizar os sentimentos, e é essa mudança de ponto de vista que favorece a faixa dentro do projeto. “Degrees Rising”, interlúdio entre as fases narrativas do álbum, coloca Anne em uma posição de poder dentro de um jogo de sedução, introduzindo temas mais maduros em pouco tempo, podendo ter sido estendida para melhor explicitar suas intenções. “Belong to the World” é uma faixa de sedução e empoderamento próprio, onde a autora incorpora os elementos introduzidos na interlude anterior de forma mais completa e traz uma interessante mudança no ritmo do projeto. “Fetish”, por sua vez, explora o lado mais sensual da artista em um momento a sós com seu parceiro, onde ela está disposta a satisfazer os desejos que ambos tiverem ali, sendo uma faixa simples, mas que funciona sem enjoar. “Turbulent Moments” traz mais uma mudança de ritmo à narrativa, sendo uma interlude pequena que introduz momentos de dúvidas internas da artista dentro do relacionamento vivido, e cuja história já pula direto a um término em “New Love”, na qual Anne sabe que não superou ainda o fim de um relacionamento com o qual ela contava bastante, mas que deseja ao seu antigo amor que ele encontre uma nova pessoa para esquecê-la assim como ela quer fazer. É uma das faixas mais interessantes no álbum justamente pela sua perspectiva mais particular do amor. “Time” mostra um eu lírico cansado e vulnerável, pedindo tempo para processar os últimos acontecimentos sem machucar mais ninguém na história contada, sendo uma expansão bem-vinda do que foi dito em “New Love” e mostra a maturidade da cantora em seu conteúdo lírico. “Grudge” possui uma linha estrutural mais incluída no gênero que Ritchie representa, o R&B, enquanto apresenta uma das estruturas líricas mais complexas do álbum no modo como usa de várias metáforas para representar o rancor e a agonia de deixar um amor para trás quando ainda sentia grande potencial no que seria vivido. “Pain”, mais um interlúdio musical do CD, traz mais uma vontade da artista em mudar o que sente, querendo deixar de vez para trás a dor do amor perdido. “Straight Up” é uma das letras mais leves do disco; aqui, Anne apresenta uma nova realidade onde seus objetivos pessoais tomam conta de sua visão a ponto de seu relacionamento anterior mal ser mencionado, em uma demonstração ainda maior de maturidade musical. A penúltima faixa, “Walking on Thorns”, explicita o desejo da autora de não ser mais relacionada ao seu antigo amor, por sentir que caminhava entre espinhos para fazê-lo feliz. A postura mais autoritária da cantora é uma adição interessante, ainda que comece a perder força a partir do segundo verso após a situação já ter sido exposta. Em “Bouquet of Flowers”, Anne, enfim, se sente limpa dos sentimentos devastadores que vinham a atormentando em várias das faixas do álbum como um todo, e é visível sua vulnerabilidade em uma das letras mais reflexivas aqui encontradas, sendo um ponto forte de seu estilo lírico num geral, também. A produção visual do álbum, assinada pela própria Ritchie em parceria com GABRIEL, funciona pelo modo lúdico como inclui as figuras da artista em imagens que misturam o animado e o real, o fictício e o cru; apesar das figuras desenhadas pouco estarem presentes no conteúdo lírico do CD, ainda são uma presença interessante de se ver pela forma como foram abordadas no encarte. “How the Story Ends” chega sem grandes expectativas, mas mostra a seriedade com a qual Anne Ritchie conduz sua carreira e prova seu potencial como uma artista maior do que vem sendo logo em seu primeiro álbum.