CATHARSIS - Penelope

Rolling Stone
Fugindo dos conceitos mais maximalistas trazidos em seus álbuns anteriores, Penelope promete uma investigação visual sobre si mesma em “CATHARSIS”, seu quarto disco de estúdio. Ainda mantendo a essência pop que a levou a seus anos de ouro, sendo o gênero que definitivamente a consolidou no mercado, a cantora, compositora e produtora tenta se despir das máscaras que vinha vestindo em sua personalidade artística. “Ruin” é uma cápsula dessa ideia; Penelope parece sonhar em acabar com todas as características que ela ainda carrega de seu passado a fim de descobrir quem ela realmente é no presente. “Alibi” segue esse caminho, trazendo detalhes da relação deteriorada da cantora com seu pai. A faixa possui suas nobres intenções, mas é ofuscada por atos falhos do eu lírico ainda se mostrando relativamente indiferente às narrativas que conta, parte de uma personalidade blasé trazida pela cantora em todos os seus projetos. “Everyday Mediocrity” relata a frustração pessoal em um eu lírico parte da comunidade LGBT que quer um relacionamento comum como o de outras pessoas que conhece, e “Pretty Isn’t Pretty” remete aos inalcançáveis padrões de beleza dos quais ela mesma quer se desfazer, ao mesmo tempo que não quer, por imaginar que deixará de ser tão apreciada se não for pela sua beleza. As duas faixas possuem propostas mais sociais e, apesar de suas abordagens superficiais em seus refrões, cumprem bem os requisitos. “Hidden Mistakes” revela mais sobre o passado familiar de Penelope e a forma como ela precisou assumir um papel de liderança em sua casa após um abandono parental; aqui, a catarse apresentada no título do álbum passa a fazer mais sentido, e é uma composição bem-vinda ao projeto. “Striptease” é um clamor intimista para que ela e o ouvinte possam se despir não só fisicamente como também emocionalmente. “Family Tree”, por sua vez, é uma faixa que segue moldes parecidos com os de “Hidden Mistakes”, mas funciona de forma menos efetiva porque o sonho de independência descrito pela cantora na faixa soa menos profundo e, portanto, menos sincero em alguns termos. O álbum só volta a trazer elementos genuinamente catárticos e ressoantes em “Ghost” e “Ending Credits”; a primeira discorre sobre a tormenta de sentir a falta de alguém que ela não soube apreciar devidamente em vida, e a segunda resume todos os temas do CD em busca de um amadurecimento emocional. O projeto visual do álbum, assinado pela própria artista, possui uma escolha fotográfica muito bem feita, mas igualmente pouco aproveitada em cenários diminutos e que limitam a liberdade criativa da ambientação. Em resumo, “CATHARSIS” é o álbum com proposta mais complexa da carreira de Penelope, e embora suas ideias soem genuínas em alguns momentos, em outros a profundidade peca por não parecer que há um esforço completo da artista em estar focada na expressão das emoções requeridas, algo que também transparece em seus visuais. Ainda assim, o resultado é nobre e deixará marcas positivas na carreira da artista, que parece enxergar potenciais cada vez maiores de trazer mais intimidade aos seus projetos musicais.
TIME
Em CATHARSIS, seu quarto álbum de estúdio, Penelope parece finalmente ter encontrado uma forma de traduzir o caos interno em algo palpável — nem sempre harmônico, mas invariavelmente honesto. São 11 faixas que não se preocupam tanto com estrutura ou apelo comercial, e sim com o ato de dizer o que precisa ser dito, ainda que com falhas, tropeços ou repetições. Nesse sentido, o título não poderia ser mais apropriado: o disco é um exercício de exorcismo emocional, com momentos de clareza profunda e outros de desorganização confessional. A abertura com “Ruin” é certeira. Aqui, Penelope dá o tom: está pronta para se responsabilizar pelo que doeu, mesmo quando isso signifique admitir que foi ela mesma quem acendeu o pavio. Musicalmente, a faixa é minimalista, mas impactante — e essa contenção emocional também é uma das armas mais afiadas do álbum. “Alibi”, talvez a faixa mais conhecida do projeto, é tanto uma confissão quanto uma performance. Penelope brinca com a dualidade do eu, escondida atrás de desculpas e personas, mas não escapa ilesa da repetição conceitual e lírica que desgasta sua força. Ainda assim, o refrão é memorável e a produção pop bem costurada faz dela um destaque acessível. Já “Everyday Mediocrity” é uma das mais sensíveis do disco. O desejo por uma vida comum — casamento, filhos, rotina — ganha contornos mais dolorosos quando visto sob o olhar de alguém LGBTQIA+ num mundo que ainda dita quem pode sonhar com o ordinário. A letra é direta e doce, talvez até demais, beirando a superficialidade em certos trechos, mas conquista por sua vulnerabilidade genuína. “Pretty Isn’t Pretty” e “Hidden Mistakes” formam um díptico emocional. A primeira explora o peso de padrões estéticos com simplicidade e uma sensibilidade melancólica; já a segunda mergulha mais fundo, tocando em temas como abandono e identidade com um lirismo afiado. “Hidden Mistakes”, aliás, deveria ser a espinha dorsal conceitual do álbum — é aqui que Penelope parece entender plenamente o que quer dizer e como dizer. Em “Striptease”, a metáfora da nudez emocional é promissora, mas acaba sendo soterrada por uma estrutura reciclada e uma sensação de déjà vu que permeia boa parte do álbum. Já “Family Tree” é ambiciosa — às vezes até demais. Sua tentativa de abarcar abandono, rejeição e desejo de pertencimento em uma só faixa resulta em um tom por vezes confuso, mas ainda assim com momentos de brilho lírico. “Not Like You” é um desabafo que parece ter saído direto de um bilhete de raiva nunca enviado. Infelizmente, também é uma das faixas mais genéricas do disco: falta-lhe desenvolvimento e nuances para além da mágoa. “So Cruel”, por outro lado, oferece uma crítica interessante à indústria musical e seus jogos de poder — embora flerte com o superficial, entrega algumas imagens marcantes que mostram o olhar afiado da artista. É com “Ghost” que CATHARSIS atinge seu ápice emocional. Penelope transforma o luto em presença, o desaparecimento em companhia espectral. É uma composição frágil, mas segura, que equilibra o peso do tema com uma produção delicada. Se há uma canção que resume o espírito do disco, é esta: triste, confusa, mas cheia de desejo de permanecer. “Ending Credits” fecha o ciclo com ambiguidade e maturidade. Não é uma conclusão triunfante — e nem deveria ser. A sensação é de que Penelope ainda está em processo, aprendendo com o próprio caminho. O refrão poderia ser mais impactante, mas os versos compensam com reflexões sutis e bem construídas. Visualmente, o álbum não acompanha a força de seu conteúdo. A direção de arte carece de coesão — a estética parece ora subdesenvolvida, ora desconectada da narrativa emocional do disco. Isso não compromete o projeto, mas tira pontos de uma artista que já provou ter sensibilidade para os detalhes. CATHARSIS não é perfeito. Nem precisa ser. Seus erros — líricos, estruturais ou visuais — refletem justamente aquilo que Penelope tenta exorcizar: a bagunça da experiência humana. Ao final, o que fica é uma artista que, entre tropeços e acertos, continua evoluindo.

Spin
CATHARSIS, o quarto álbum de estúdio de Penelope, emerge como uma obra necessária e refrescante no panorama pop atual. Com seus quase 40 minutos distribuídos em 11 faixas, incluindo o já conhecido hit \"Alibi\", o álbum nos convida a revisitar memórias e sentimentos agridoces que ecoam na mente da artista. O álbum é um mergulho nas lembranças que a assombram, tanto pelas alegrias quanto pelas dores. Essa catarse pessoal se traduz em letras carregadas de emoção e sinceridade, por vezes cruas em sua honestidade, explorando temas universais como raiva, amor, abandono e morte, sob uma perspectiva íntima e reflexiva sobre o cotidiano. A faixa de abertura, \"Ruin\", cumpre perfeitamente a função de introduzir o conceito do álbum. Através de uma lírica imagética, Penelope revisita suas memórias, percebendo que a origem do \"mal\" que ela acreditava vir de outros reside, em parte, dentro de si. Em \"Alibi\", um dos destaques do álbum, Penelope explora a complexidade das relações e as diferentes personas que podemos assumir. A metáfora do \"álibi\" ilustra a fachada que mantém uma certa imagem para uma pessoa, enquanto a verdadeira essência se revela para outra. A faixa é cativante e inteligentemente construída, refletindo sobre a dualidade do ser, foi um hit super merecido, já que a canção se mostra como uma das melhores – se não a melhor – de todo o projeto, ou talvez da carreira inteira da Penelope. \"Everyday Mediocrity\" traz à tona um anseio por experiências comuns, especialmente sob a perspectiva de uma pessoa LGBTQ+. Penelope expressa o desejo de construir uma família e vivenciar momentos que, para muitos, são dados como certos. Enquanto \"Pretty Isn’t Pretty\" aborda a inevitável comparação estética e a pressão por padrões inatingíveis. Penelope reflete sobre como a constante avaliação externa pode transformar algo bom em algo insuficiente, gerando um desejo pelo que é irreal. \"Hidden Mistakes\" surge como uma peça chave que conecta-se a \"Everyday Mediocrity\", revelando as motivações por trás de certos sentimentos e aspirações. A canção discorre sobre a tomada de controle após um abandono parental, oferecendo um contexto mais profundo para as emoções previamente apresentadas. \"Striptease\" explora a dificuldade de Penelope em se conectar intimamente com as pessoas, revelando um medo de se entregar ao amor. A metáfora do striptease é utilizada para descrever o desejo de encontrar alguém paciente, interessado em conhecer sua essência sem pressa ou superficialidade. \"Family Tree\" trata da dolorosa sensação de não pertencimento. Penelope descreve o esforço para se encaixar em um grupo, imitando comportamentos e aparências, apenas para perceber a solidão de sua exclusão. Já a acidez de \"Not Like You\" expõe a raiva nutrida por Penelope em relação a alguém que repetidamente falhou em suas promessas e se mostrou trapaceiro. A faixa é a mais visceral e carregada de ressentimento do álbum, transmitindo a frustração de dar inúmeras chances a alguém que não as merece. Em \"So Cruel\", Penelope nos convida a uma reflexão sobre a crueldade presente tanto no âmbito pessoal quanto na indústria musical. A canção questiona a normalização dessa acidez e seus potenciais efeitos destrutivos. \"Ghost\" aborda a morte de uma maneira peculiar e carregada de saudade. Penelope expressa o desejo de que a pessoa amada que se foi se tornasse um fantasma, apenas para mantê-la por perto, mesmo que de forma assombrosa. A faixa revela a profundidade da perda e a dificuldade de seguir em frente. Encerrando o álbum, \"Ending Credits\", uma das favoritas, promove uma reflexão sobre as lições aprendidas ao longo da vida. Penelope questiona se o aprendizado é um processo contínuo e se ainda há muito a ser oferecido. A faixa finaliza o ciclo do álbum com uma nota de introspecção e incerteza sobre o futuro. E é mais um acerto vindo da cantora, em como ela se coloca em todo o projeto e encerra, mesmo que de uma forma quase melancólica, de um jeito perfeito. Visualmente, CATHARSIS se apresenta com cenários lúdicos onde Penelope figura solitária, o que pode ser interpretado como uma representação da sua jornada introspectiva e da exploração de suas próprias memórias e sentimentos. Essa simplicidade visual, embora possa não ser excessivamente elaborada, serve ao propósito de focar a atenção na carga emocional e na sinceridade das letras. CATHARSIS se porta como um álbum necessário no mundo pop por sua honestidade e capacidade de se conectar com o ouvinte em um nível emocional profundo. Penelope não busca floreios desnecessários, entregando canções que, em sua simplicidade, são diretas ao ponto e completamente perfeitas para se emocionar e, em certos momentos, até mesmo para se divertir com a acidez e a franqueza de suas letras. O álbum demonstra a força da vulnerabilidade e a capacidade da música pop de ser tanto reflexiva quanto envolvente.
AllMusic
Após um período desde o lançamento de seu último álbum, Penelope nos apresenta \"CATHARSIS\", seu quarto disco, com onze faixas em sua tracklist. \"Ruin\" abre o álbum com uma composição completa e muito bem explorada, em linhas que falam como a artista se tornou a vilã de sua própria história, causando assim, a sua queda, causada por ela mesma. \"Alibi\" retrata o relacionamento da artista com uma pessoa, em que ela se sente, muitas vezes, na obrigação de mascarar a realidade e viver uma vida dupla, rompendo relações com quem um dia foi seu refúgio em momentos difíceis. A canção apresenta um grande refrão, apesar de alguns erros que comprometem o funcionamento de seu pré-refrão, tornando-o repetitivo. \"Everyday Mediocrity\" faz um desabafo importante sobre o desejo de viver um amor comum, mas que, sendo uma pessoa LGBT, acaba se tornando algo inalcançável. É uma faixa linda e emotiva, que traz emoção do início ao fim. \"Pretty Isn’t Pretty\" faz um desabafo sobre a comparação que a artista faz consigo em relação a outras pessoas, onde já tentou se reinventar para ser aceita, mas que acabou se perdendo nesse processo, deixando de ser si mesma. \"Hidden Mistakes\" traz um relato sobre o abandono paterno sofrido pela artista, em uma linguagem direta e emocionante, principalmente em seu refrão, que traz consigo a melhor parte da faixa. \"Striptease\" explora a dificuldade da cantora em se conectar com as pessoas, mas aqui, apresenta a mesma estrutura das canções anteriores, causando um pouco de falta de criatividade na faixa. \"Family Tree\" disserta sobre o sentimento de não fazer parte de algo, especificamente de uma família, os versos da canção são bem construídos, porém, o primeiro verso não acompanha o ritmo de qualidade das outras linhas. \"Not Like You\" aborda a ira da cantora contra alguém que a traiu e que, no passado, foi muito próximo dela. A canção apresenta uma linguagem mais direta, mas não empolga devido à ideia desgastada e à falta de desenvolvimento ao decorrer da canção. \"So Cruel\" faz uma reflexão sobre as pessoas da indústria em geral, trazendo versos curtos, mas que, apesar disso, cumprem bem as ideias passadas pela cantora na descrição da faixa. \"Ghost\" aborda o luto da cantora por uma pessoa muito especial, utilizando a metáfora de transformá-la em um fantasma como forma de superar a dor. Todos os versos da faixa são bem desenvolvidos, tornando-a, até o momento, a melhor música do disco e com muito potencial para se tornar um single no futuro. \"Ending Credits\" fala sobre tudo aquilo que Penelope aprendeu em sua vida, levando como uma lição para o futuro. É uma bem escrita, apesar de um refrão que não impacta como os outros versos. O visual do projeto, assinado pela própria Penelope, acaba não tendo um cuidado, com um encarte que possui fotos que não combinam com a estética explorada, além de uma capa com erros visíveis de execução. No geral, Penelope apresenta um álbum com erros recorrentes e canções com estruturas idênticas, não trazendo aquela ideia inovadora que somos acostumados com os trabalhos da cantora, em um visual pouco desenvolvido, abaixo do esperado para o nível de produtora que a artista é.

Pitchfork
A experiência de “CATHARSIS”, quarto álbum de estúdio da cantora, compositora e produtora Penelope, passa pela ideia de revisitar todos os pensamentos que assombram a artista a ponto de fazê-la querer compor sobre tudo o que a faz entrar em modo catártico quando entra em um estúdio de gravação. Ela mesma comenta, no encarte do disco, sobre como se sente mais livre como artista e como pessoa após o processo de desenvolvimento deste projeto, e por vezes, suas intenções são visíveis, e em outros momentos, ainda soa como se houvesse uma persona por trás de toda a pessoalidade projetada e promovida nas músicas. “Ruin”, faixa de abertura do álbum, se conecta quase que diretamente com a ideia da Penelope vista em seu segundo álbum, “BOMBSHELL”, mas reverte a narrativa para contar sobre como sua versão atual sonha em “matar” a anterior para se curar de traumas que se sucederam após o sucesso. A composição já demonstra uma maturidade pouco vista em trabalhos anteriores da cantora, sendo um começo promissor para o novo álbum e uma ótima escolha de single. “Alibi”, segunda faixa e lançada anteriormente como lead single da era, retrata a relação conturbada de Penelope com seu pai e o modo como ela não pretende mais vincular sua vida e os destinos desta à vida de seu progenitor; apesar da ideia profunda e sentimental, sua execução peca pelos rodeios em volta da mesma metáfora e pela falta de conexão entre o “álibi” do título e as intenções descritas nos versos e no refrão. “Everyday Mediocrity” retrata o anseio do eu lírico em ter uma relação estável com direito a casamento como qualquer outra pessoa; o ponto de vista vindo de dentro da comunidade LGBTQ+ é nobre, e a falta de profundidade dos versos chega a trazer um pouco da sensação de superficialidade dentro do tema, mas a faixa funciona em seus méritos abrangentes. “Pretty Isn’t Pretty” demonstra o modo como a compositora lida com o momento em que deixa de se tornar uma pessoa que as outras pessoas elogiam o tempo todo, sua corrida contra o ostracismo e suas reflexões sobre não ser mais o centro das atenções quando se trata de beleza, tudo isso em uma letra que busca pela sensação de se dar socos no estômago do ouvinte quando sua simplicidade seria sua maior aliada. Em “Hidden Mistakes”, Penelope se revela em camadas que certamente deveriam ter sido incluídas em “Alibi”, no modo como ela discorre sobre como sua família começou a ruir após um abandono parental e em como ela processou as informações que aconteciam ao seu redor. É uma ótima faixa e destaque para o álbum e seu conceito catártico como um todo. Já em “Striptease”, ela clama por uma intimidade emocional antes da física com uma pessoa nova em sua vida; sua colocação dentro da tracklist é ótima, mas seu desenvolvimento retrocede os avanços da letra anterior criativamente. “Family Tree”, por sua vez, possui um dos conceitos mais complexificados dentro do álbum, demonstrando diversas metáforas sobre não se sentir pertencente a uma família ou comunidade e receber diversos tipos de sabotagem até não se sentir mais bem-vindo; trata-se de uma composição que varia entre o estelar em certos momentos e o confuso em outros, resultado da tentativa de enfiar diversos temas em uma única faixa. “Not Like You” encapsula todos os sentimentos raivosos da cantora direcionados a alguém que não a valorizou no momento certo; motivada por esta raiva, Penelope chega a se cegar no desenvolvimento dos versos, que pouco trazem algo de substancial à narrativa. “So Cruel” traz uma reflexão dentro do eu lírico, uma artista que se indaga sobre a crueldade das palavras dentro da indústria musical. O ponto de vista é interessante, apesar de reduzido a pensamentos superficiais nos primeiros versos. “Ghost”, uma das non-singles mais celebradas do ano atual na indústria, é também uma faixa que merece toda a glória direcionada a ela; Penelope apresenta sua versão mais íntima ao discorrer sobre seu dilema com o luto e o modo como ela não parece saber processá-lo após focar demais em tantos outros temas. Sua visão aqui é mais específica e detalhista do que em faixas anteriores do álbum, o que a coloca como um grande destaque do projeto. “Ending Credits” revela que a cantora sente-se aliviada, com um peso tirado de seus ombros, após todas as confissões de catarse apresentadas no disco; seu refrão peca pela falta de originalidade, mas seus versos compensam por mostrar o processo de amadurecimento de Penelope como personalidade dentro dos universos construídos em suas faixas. Visualmente, o trabalho de produção de “CATHARSIS” possui ideias ótimas, mas que, unidas no processo de acabamento, acabaram por se desconectar, como a justaposição das imagens da cantora em fundos que não necessariamente condizem com a narrativa ou com as escolhas fashion feitas por ela; apesar disso, ainda é uma experiência eletrizante de folhear o encarte e encontrar as letras, costume pouco adotado em outros álbuns recentes. “CATHARSIS” soa como um álbum despretensioso em seu início, totalmente encabeçado por seu conceito de revelações pessoais que se alterna entre bem feito e pouco desenvolvido entre uma faixa e outra e termina como uma prova de que Penelope se encontra em constante evolução como artista, restando apenas a missão de abraçar mais do que ela consegue alcançar artisticamente no futuro.

Billboard
Em seu quarto disco, Penelope se despe de qualquer medo e entrega um registro intimista e bastante confessional – num Pop bem menos extravagante e ruidoso do que os trabalhos que a catapultaram, resultando no emblemática \'CATHARSIS\'. Deixando para trás todo e qualquer vestígio da aura glamourosa e megalomaníaca da Charmy, aqui a artistas se permite ser ela mesma e faz o maior desafio de toda diva Pop: se mostrar vulnerável. Num apanhado lírico que revolve ao redor da vida de sua criadora, essa jornada tem início com Ruin – numa ode às suas memórias que lhe atormentam. A canção cumpre bem o papel de opening track, dando um ar intrigante ao registro. Apesar de em alguns momentos pecar pelo excesso. Alibi, o lead single do disco, vem em sequência e, infelizmente, acaba por ser uma das mais fracas do registro porque aqui vemos a Penelope tentando construir camadas e mais camadas de complexidade para a letra e chegando a lugar algum, sendo que se ela apenas abrisse o seu coração teria um efeito mais prático. Everyday Mediocrity continua o full e traz agora o desejo da artista de ser amada e viver a emoção de um relacionamento amoroso, é uma letra bem mais simplória em comparação com as anteriores entretanto consegue passar a sua mensagem de forma clara e eficiente. Pretty Isn\'t Pretty é o primeiro highlight desse trabalho e fala das inseguranças da artista quanto a sua imagem e seu próprio corpo, é uma canção que causa facilmente uma identificação e é muito bem construída. Hidden Mistakes lida com questões como abandono parental e suas consequências, é uma boa track contudo sentimos que, assim como Everyday Mediocrity, se a artista se apronfundasse um pouco mais em seus sentimentos ambas as faixas poderiam brilhar mais. Striptease vem como o segundo destaque neste registro, com a Penelope clamando por uma conexão maior e mais profunda – ela não quer ser apenas a razão dos desejos sexuais de alguém. A letra é muito bem construída e consistente. Merecia ser o lead single, com certeza. Family Tree mostra uma Penelope querendo pertencer a uma família que não a recebe tão bem assim, a obra apesar de possuir uma premissa interessante acaba caindo nos mesmos vícios da maior parte do projeto – é uma canção que não se desenvolve muito, acabando por se repetir em variados momentos, e não havendo uma entrega sentimental aprofundada. Not Like You e So Cruel trazem consigo o ódio como tema. Na primeira temos a Penelope sendo meio que difamada por um \"amigo\" e revoltada quanto a isso, enquanto na segunda é a artista refletindo sobre a maldade no meio da indústria musical. E, novamente, são canções que teriam um impacto maior se a artista se permitisse ser verdadeiramente vulnerável e aprofundasse de fato em suas emoções – fugindo até mesmo da repetição. Ghost chega trazendo a melancolia e o peso do luto, aqui é um dos poucos momentos em que a artista de fato se deixa ser livre e é sincera; fazendo com que essa seja o terceiro e último destaque do trabalho. Ending Credits encerra o disco e é uma reflexão da própria artista sobre sua vida até o estágio atual, é uma canção interessante e que ligeiramente foge das manias que permeiam a parte majoritária deste lançamento. Liricamente as 11 obras aqui presentes, num geral, são boas e tem premissas interessantes, todavia caem em repetições e não progridem muito narrativamente, além de não terem tanto aprofundamento emocional. Visualmente falando, a fotografia é bela, porém alguns detalhes da produção poderiam ter um cuidado maior porque acabam dando um aspecto muito grande de artificialidade; fazendo com que alguns elementos não soem como se, de fato, estivessem ali. Por exemplo, na capa, alguns ajustes da edição acabam dando a impressão que o rosto da Penelope foi inserido em um outro corpo e que isso não foi feito de uma forma cuidadosa ou caprichada. Apesar disso, é um visual bonito e bem conceitual. Em suma, CATHARSIS é um bom material e traz uma abordagem até então inédita na carreira de Penelope. Entretanto a artista é comedida demais sobre suas emoções em sua própria catarse.