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Music Of The Hills - Ridley Foster
89

AllMusic

100

“Music of the Hills”, o inesperado primeiro disco do cantor e compositor Ridley Foster, prova-se uma viagem por entre os pensamentos mais aleatórios, em um sentido positivo da palavra, e repletos de manias da mente de Ridley Foster. Em um primeiro momento, quando compramos a ideia do CD e levamos para casa, nos deparamos com o projeto visual, assinado pelo próprio Ridley em parceria com Tammy no HTML, que é essencialmente estonteante, com elementos psicodélicos e artificiais, mas que, combinados com os temas discutidos nas faixas, parecem como transcrições visuais e desenhadas de como a mente do artista funciona, sendo um acerto nesse aspecto. Na primeira faixa, que possui o mesmo nome do álbum, o artista promete não prometer que irá atender as expectativas de seu ouvinte, seja no que concerne a experiência do álbum em si ou seja quando os dois se conhecerem nos mais diversos contextos. Apresentando-se como uma pessoa imprevisível, Ridley parece se divertir enquanto cria mitos ao redor de si mesmo. “English Comedy” imerge mais ainda no senso de humor apresentado antes em doses menores; Ridley se utiliza da história nebulosa de sua família na atualidade para expor o que pensa sobre o caso. “California Love Sound” e “Greatest of All Time” soam como dois lados da mesma moeda; em uma, Foster se aproveita de sua visão quase niilista da vida para engajar nos mais diversos atos profanos sem medo de sentir o prazer deles, enquanto que na outra, ele sente um peso que não havia sobre suas costas antes: o de carregar as consequências dos atos causados por sua própria personalidade difícil. “A Gift from God” e “Rabbi Feldman” se complementam por serem ambientadas em um mesmo contexto religioso. A primeira menciona o quanto Ridley se sente afastado dos preceitos da religião que ele e seus antepassados seguiam, em uma bela reflexão lírica sobre se sentir desencaixado da cena; em outra, ele assume um tom mais observador, intercalando sua própria história com a de um líder religioso que ele conheceu e que foi desprezado por sua própria sociedade após descobrirem sua sexualidade e a rejeitarem dentro da religião ferrenha que foi imposta. “Fishes”, parceria com Danny Wolf, é um dos pontos mais incisivos nesse teor de problemas familiares expostos ao longo do álbum; ambos se encontram em sintonia enquanto demonstram tentativas de quebrar ciclos viciosos de parentes que preferem esconder suas insatisfações a se livrar delas. “Sun Girl” encerra o disco com uma composição de estrutura mais experimental, que olha mais para o futuro e contrasta com o resto do álbum por não se prender a situações descritas da atualidade.

Spin

83

Ridley Foster faz a sua estreia na indústria musical com o álbum “Music Of The Hills”, que contém 11 faixas e participações de Danny Wolf e Diablo. Produzido pelo próprio com o auxílio de Tammy, o projeto promete transcrever os pensamentos do artista sobre a vida, enquanto o mesmo busca por um futuro melhor. A primeira faixa é “Music Of The Hills”, que dá nome ao disco, e ela fala sobre uma busca por algo maior do que a vida em sua cidade, com um pretexto sólido de tudo isso. A faixa é interessante, com bons momentos e um refrão catchy. “English Comedy” traz uma composição ainda mais livre e sentimental, com bons tons líricos e uma ponte que entrega um ápice interessante. A faixa foca em encontrar a alegria em si mesmo, e isso é bem executado. “The Dagger”, parceria com Diablo, fala sobre o peso das escolhas, e a forma como se pensa que antes você poderia ter feito tudo diferente. A canção traz uma química interessante entre os dois artistas, que constroem uma boa canção sem se esquivar do que está descrito. “California Love Sound” é uma balada mais intimista que explora a luta entre o desejo físico e a conexão emocional em um mundo superficial. A letra traz diversos questionamentos, principalmente sobre a autenticidade nos relacionamentos. É uma composição menos forte do que as anteriores, mas ainda assim é interessante. “Greatest Of All Time” satiriza a quarta esfera do céu, abordando a frustração e autocrítica de Ridley. A quinta faixa do disco expressa a pressão sentida com o rótulo de sonhador e traz uma reflexão sobre a luta entre a ambição e a realidade. A canção traz uma composição bem dosada, com um refrão bem escrito e versos bem colocados pelo artista. “A Gift From God”, a primeira de uma trilogia de canções que vão seguir com o disco, reflete a quinta esfera do céu e narra a ironia de um povo sem nenhuma esperança, que reacende. Aqui, o artista faz uma crítica para a religião e seus preceitos extremistas sendo colocados em pauta para justificar o amor e a adoração. É uma composição feroz, sendo um grande destaque no disco. Marcando uma mudança no tom do disco, “Duster’s Shiva” descreve a ida de Foster ao shiva de um amigo de sua família que não tinha a melhor fama, mas a comunidade que o cercava parecia ignorar tudo isso por uma questão de tradição. Explorando uma dualidade bem forte, a composição é bem expressiva e entrega uma reflexão ao ouvinte. “Rabbi Feldman” entrega uma composição bem biográfica e literal, se destacando pela riqueza dos detalhes e finalizando a trilogia de canções. “Fishes”, com participação de Danny Wolf, é descrita por Foster como a sua forma de confrontar o peso emocional que surgiu quando uma família se encontra novamente depois de muitos conflitos e barreiras construídas. O conceito da canção é forte, mas a execução não se traz tanto choque ou supre as expectativas da forma imaginada. “The Last Picture Show” é uma balda que combina a parte retrospectiva e a parte introspectiva e, segundo o artista, é como um mergulho no passado e um retrato da luta entre o desejo de avançar e a dificuldade de deixar o passado ir. É uma composição simples, mas muito bem executada e emocionante. “Sun Girl” é a última faixa do disco, e é descrita como uma explosão de introspecção e surrealismo. A composição é mais resumida e direta, com pontos positivos e negativos que a completam. Finaliza o projeto de uma forma boa, mas poderia ser melhor. O visual, produzido por Ridley e Tammy, é simples e bonito, relembrando a estética dos anos 60/70 e um pouco da Pop Art, seguindo um bom segmento para o seu visual. Em síntese, “Music Of The Hills” é um projeto promissor e bem executado, que pode ter seus deslizes, mas funciona muito bem como um projeto de estreia.

TIME

89

Com uma grande chegada no mercado musical, Ridley Foster lança seu primeiro álbum de estúdio, intitulado \"Music Of The Hills\". O disco, em suas 11 faixas, passeia pela mente do cantor, abordando temas como religião, as relações humanas e a complexidade da existência. O projeto é extremamente contemplativo e foi escrito e produzido inteiramente pelo cantor britânico, com o auxílio de Tammy na produção. A faixa-título, \"Music Of The Hills\", abre o disco como uma chamada divina para o mundo mágico do cantor. A faixa transmite um sentimento de paz e parece beber fortemente da fonte da cultura hippie dos anos 70. É uma ótima canção para introduzir o ouvinte ao universo do disco. \"English Comedy\" é uma contemplativa faixa sobre o mundo místico, o prazer de conhecer os lugares fora de sua casa e a tristeza de estar longe de sua terra natal. Ridley canta que está feliz descobrindo o mundo e que as terras do rei já não acalentam seu coração. A lírica é bem descritiva, nos pondo a imaginar esse lugar fantástico que o cantor ama. Fazendo uma clara alusão ao drama shakespeariano \"Macbeth\", \"The Dagger\" narra o peso das escolhas e como a culpa nos persegue e se torna uma sombra das nossas ações. Ridley é acompanhado por Diablo, e juntos compõem uma faixa cheia de metáforas para a fama e suas escolhas erradas. A canção é iniciada com os versos de Diablo, porém sua lírica não possui tanta força para acompanhar as fortes linhas de Ridley nessa canção. \"California Love Sound\" tem como tema central a profundidade das relações amorosas em uma sociedade puramente carnal. Ridley explora essa complexidade de sentimentos em uma lírica contemplativa e metafórica, criando poemas em curtas sentenças durante os versos. O destaque vai para o segundo verso da canção, em que o cantor descreve como essa voluptuosidade das relações se desfaz rapidamente ao decorrer de um dia. Em sua quinta faixa, \"Greatest Of All Time\", Ridley abre seu coração e nos conta sobre o peso de ser descrito como um grande sonhador. Essa pressão que o próprio cantor coloca em suas escolhas e em seu percurso é o tema central da canção. A lírica é bem detalhada, com Ridley sendo bastante cru em seus sentimentos, o que traz um sentimento de aproximação do ouvinte com a faixa. \"A Gift From God\" é a primeira de 3 faixas relacionadas à religião no disco. Ridley reflete sobre o controle que essa religiosidade evoca sobre as pessoas e como elas cometem atos desrespeitosos, e até repugnantes, em nome de seu deus. Descrevendo uma batalha como ponto central da narrativa, o cantor escreve sobre a vida dessas pessoas que abdicam de suas trajetórias e colocam suas vidas em risco para servir ao que elas acreditam que lhes dará a eternidade. A faixa é irônica e muito bem escrita, sendo um certo ponto de destaque no disco. Em \"Duster\'s Shiva\", Ridley descreve com detalhes o shiva de um conhecido seu, Duster, que não tinha uma fama boa. O cantor utiliza a canção para refletir sobre como deixamos de lado o impacto negativo das pessoas após a sua morte, meio que imortalizando seu legado como uma boa pessoa, mesmo que ela não tenha sido. A faixa é bem descritiva, nos fazendo visualizar os cenários, os diálogos e o ambiente do shiva. Seguindo a narrativa da faixa anterior, \"Rabbi Feldman\" mostra uma outra face da comunidade que Ridley descreve nessa trilogia. O cantor fala sobre a vida de Feldman, um homem gay que foi julgado e humilhado pelas pessoas que o rodeavam. O cantor detalha a infância do rabino e mostra a hipocrisia das pessoas que o julgavam por sua orientação sexual. A faixa é bastante emocional e finaliza a sequência das três canções com uma ótima construção de narrativa. A colaboração de Ridley com Danny Wolf, a faixa \"Fishes\", narra um encontro familiar um tanto quanto complicado. Ambos os cantores submergem nesse drama familiar que parece não ter fim. A lírica não se destaca tanto perto das faixas anteriores, em algumas partes sendo até monótona demais, porém a facilidade de Danny e de Ridley de compor um bom ponto de vista, tão cheio de detalhes e nuances, impressiona. \"The Last Picture Show\" mostra um Ridley nostálgico e contemplativo. A faixa é como uma volta no tempo, em que o cantor rememora fatos passados de sua vida e reencontra pessoas que já partiram. A canção é meio agridoce, ao mesmo tempo que a lírica de Ridley é emocionante e muito bem executada, o conceito da canção se perde ao decorrer das sentenças. A última faixa, \"Sun Girl\", finaliza o álbum com um Ridley bem otimista sobre seu futuro. A canção é dedicada ao irmão e à sobrinha mais nova do cantor, e é cheia de metáforas que parecem querer capturar uma nova existência. O cantor é bastante subjetivo nessa faixa, mas a forma com que ele descreve, a organização de suas frases, torna a canção uma experiência única para cada ouvinte. Visualmente, o disco é bastante instável, mas essa instabilidade não é negativa, já que conversa bem com o conceito do álbum. O encarte é cheio de cores e detalhes minuciosos, como uma explosão criativa em cada página. A beleza do design hippie é bem visível como uma fonte de inspiração para Ridley. Por fim, \"Music Of The Hills\" é um passeio emocional e cheio de reviravoltas pela mente de Ridley Foster, que em seu primeiro projeto musical já entrega coesão e criatividade em um trabalho visivelmente bem executado.

The Boston Globe

80

Ridley Foster estreia com “Music of the Hills”, um álbum que oferece uma viagem musical rica em emoções, mas não sem falhas. O projeto, ao longo de suas 12 faixas, busca explorar conceitos profundos, como a busca pela espiritualidade e a reflexão sobre questões pessoais e sociais. Foster mostra seu talento em várias composições, embora alguns momentos deixem a desejar, especialmente em termos de coesão e impacto emocional. A faixa-título, “Music of the Hills”, abre o álbum com uma energia otimista, apresentando uma mistura interessante de influências folk e pop. A faixa funciona bem como introdução, dando o tom para a busca de Foster por algo maior na vida. No entanto, a sequência com “English Comedy” falha em manter o mesmo nível de envolvimento. A música, que explora temas de solidão e autodescoberta, soa superficial, carecendo de versos cativantes ou uma narrativa mais robusta. “The Dagger” eleva o álbum ao abordar as dificuldades da fama precoce, com uma colaboração marcante de Diablo. A química entre os dois artistas é palpável, e a canção captura a frustração e amargura que Foster sentiu ao se tornar famoso ainda jovem. Em contraste, “California Love Sound” oferece uma suavidade encantadora, combinando letras introspectivas com uma melodia mais leve. Embora essa faixa tenha um apelo mais emocional, ela pode ser um tanto previsível em comparação com as outras. “Greatest Of All Time” é uma reflexão sobre as expectativas e a frustração pessoal, uma das melhores faixas em termos líricos, com Foster admitindo sua dificuldade em concluir projetos e encontrar satisfação. “A Gift From God” também se destaca, com uma narrativa interessante sobre fé e a busca de respostas em meio ao caos religioso. A profundidade dessa faixa é louvável, embora a produção psicodélica possa não agradar a todos os gostos. Infelizmente, o álbum começa a perder força em “Duster’s Shiva”, que, apesar de uma proposta intrigante, acaba se arrastando. A faixa parece servir mais como um “filler”, sem o mesmo impacto das canções anteriores. Já “Rabbi Feldman” compensa essa queda, abordando a hipocrisia religiosa de forma sutil e poderosa, sendo uma das melhores faixas do álbum, tanto em termos de letra quanto de melodia. A crítica social é clara e eficaz, com um refrão memorável que eleva a canção a outro nível. A segunda colaboração do álbum, com Danny Wolf, em “Fishes”, infelizmente, não atinge as expectativas. A faixa é plana e não apresenta um crescimento narrativo que justifique a parceria. Foster parece perder o foco aqui, e a colaboração, que poderia ser um ponto alto, acaba soando como uma oportunidade desperdiçada. Encerrando o álbum, “The Last Picture Show” e “Sun Girl” trazem de volta a qualidade lírica de Foster. A primeira é uma faixa nostálgica e introspectiva, refletindo sobre a jornada pessoal do artista, enquanto “Sun Girl” fecha o álbum de maneira emocional e significativa, explorando como os acontecimentos de sua vida moldaram sua personalidade. Visualmente, o álbum é impecável. A identidade visual resulta em uma experiência visual rica, com cores e imagens que complementam perfeitamente as emoções e temas das músicas. Apesar de algumas páginas do encarte serem um tanto excêntricas, elas contribuem para a experiência imersiva. No geral, “Music of the Hills” é um álbum de estreia sólido, com mais acertos do que erros. Foster demonstra ser um compositor talentoso, especialmente em momentos mais pessoais e reflexivos. No entanto, o álbum sofre com algumas faixas que não conseguem manter o ritmo ou a profundidade emocional das melhores partes. Ainda assim, é um trabalho que certamente marca o início promissor de uma carreira a ser acompanhada de perto.

Rolling Stone

90

Em seu álbum de estreia, Ridley Foster aposta em composições dramáticas e pontuais no \"Music Of The Hills\". O álbum mergulha no conceito dramatúrgico da divina comédia e entrega um projeto coeso e deliciosamente bem pensado. O álbum começa com \"Music Of The Hills\", uma música ótima para levantar o astral e funciona bem como faixa de introdução. A faixa explora a busca de Foster pela autossatisfação e sua busca por algo maior para a sua vida, e consegue entregar uma canção que se conecta diretamente com o ouvinte, sendo cativante na medida certa. Seguindo com \"English Comedy\", a música falta ambição. Apesar de ser uma música que não seja fraca, não consegue engatar uma conexão. A música peca em não ter versos atraentes, que faça a canção se tornar interessante. Em \"The Dagger\", Foster e Diablo cantam sobre as dificuldades e problemas internos causados pela fama durante a adolescência. A música expressa bem os sentimentos de ambos artistas, e captura toda a amargura de Foster ao ter que se transformar em alguém famoso ainda criança. A parceria entre os dois artistas funcionam, e os versos de Diablo são precisos. \"California Love Sound\" é uma canção que entrega um contraste em relação a anterior, onde apesar de versos mais intensos, consegue entregar uma sutiliza em seus versos que deixa a canção mais suave. Em seguida, Foster entrega uma boa canção reflexiva que demonstra seus bons dotes como compositor com \"Greatest Of All Time\". Começando a segunda parte do álbum, \"A Gift From God\"é uma boa composição envolvendo a fé de Foster, algo que não havia sido mostrado no álbum. A composição acerta em entregar uma história com uma narrativa interessante ao decorrer dos versos, e mantém o interesse do ouvinte. \"Duster\'s Shiva\" por outro lado é um pouco mais cansativa. O estilo de composição adotado juntamente com a narrativa acabou fazendo a canção se tornar desinteressante, e uma \"filler\" dentro do álbum. Em \"Rabbi Feldman\" aponta a hipocrisia dentro da religião de forma sutil, e a canção é uma das melhores do álbum. A canção foge do neutro, e soa sincera em cada verso escrito por Foster; destaque positivo para o refrão. Diferente de \"The Dagger\", a segunda parceria no álbum não é tão impactante quanto esperado da parceria com Danny Wolf. A música é plana, e não apresenta um crescimento no que está sendo contado mesmo com os versos de Danny, sendo uma parceria que poderia ter sido melhor aproveitada. Encerrando o álbum, \"The Last Picture Show\" entrega uma nostalgia satisfatória em sua composição, enquanto \"Sun Girl\" reflete sobre as acontecimentos da sua vida e como isso moldou sua personalidade, sendo uma ótima faixa de encerramento para o projeto. Visualmente o álbum entrega uma identidade visual única, e não apresenta falhas. As cores escolhidas tanto na capa quanto no encarte entregam uma boa experiência visual, e de certa forma marcante. Algumas páginas chegam a serem peculiares, mas de uma forma estranhamente boa. De forma geral, o \"Music Of The Hills\" é um álbum de estreia que apresenta mais qualidade do que defeitos e se porta como um bom álbum de estreia. As composições são sucintas, e em diversos momentos entregam emoção na medida certa, fazendo com que Ridley Foster suba um degrau em rumo a se tornar um dos artistas que serão lembrados por marcar a sua geração.

Los Angeles Times

95

“Music Of The Hills” oficializa o início da discografia do cantor inglês Ridley Foster, que nos convida para uma jornada de muita revelação e circunstâncias traduzidas e interpretadas com base no conceito de “A Divina Comédia” criado por Dante. O visual do projeto é assinado pela grandiosa Tammy, que acerta em mais um trabalho rico em detalhes e polimento. “Music Of The Hills” faixa título, e também a faixa de abertura, chega com bastante ânimo, ao desafiar a realidade trágica e incentivar que você dance e cante em meio ao caos. Tudo isso em forma de homenagem ao movimento da contracultura e à busca por uma beleza que transcende a vida urbana. É uma jornada simbólica em direção ao Paraíso de Dante, refletindo uma busca por algo mais elevado e espiritual. Em sequência encontramos \"English Comedy\" conectada à primeira esfera do Céu, a música explora a sensação de traição e a felicidade encontrada na solidão. A faixa se destaca pela sua introspecção e pela reflexão sobre a sensação de pertencimento em lugares inesperados. As faixas “The Dagger” e “California Love Sound” abordam respectivamente temas que abrangem desde culpa e ambição até amor e desespero, em melodias de tirar o fôlego, o lírico destrincha sobre a complexidade das decisões pessoais, sendo a quarta faixa uma representação da terceira esfera do Céu. \"Greatest Of All Time\" é uma faixa que chama atenção por sua lírica, sendo apresentada como uma sátira da quarta esfera do Céu, a música se aprofunda em demonstrar como os sonhos e expectativas são o que mantém Foster vivo, e acerta em ser um momento de reflexão sobre a falta de realização pessoal, como quando ele diz “nunca fui bom em terminar o que comecei”, além de tecer uma avaliação pontual aos sentimentos de inadequação. Abrindo graciosamente a trilogia “Chelsea Trilogy”, \"A Gift From God\" carrega muito conteúdo lírico ao abordar a ironia da guerra em nome da religião e a adoração da morte como um caminho para o poder eterno. Reflete a quinta esfera do Céu, homenageando aqueles que deram suas vidas por Deus. A segunda parte da trilogia, \"Duster\'s Shiva\" relata a passagem de Foster ao shiva de um amigo da família, cuja má conduta é ignorada por conta da tradição, que sempre parece proteger aqueles que são colocados em certas posições sociais e morais. A música é uma crítica à hipocrisia e à complexidade das normas sociais em contextos religiosos e se destrincha em relatar como a predestinação pode ser um fardo. Finalizando a trilogia, chegamos em \"Rabbi Feldman” a qual aborda a história de um rabino homossexual ostracizado pela comunidade. Baseada na sétima esfera do Céu, a música reflete a vida dedicada a Deus e a luta contra a exclusão social, inspirada pela perda do personagem, o qual foi obrigado a viver uma vida infeliz de julgamentos dos quais eram proferidos por pessoas revestidas pelo ódio encoberto pela religião. A canção tem um dos melhores desenvolvimentos em narrativa do álbum, com uma lírica que flui agradavelmente. Chegando na terceira e última parte da narrativa geral do disco, a qual recebeu o título de “The Twentieth Symphony”, temos \"Fishes\" como primeiro ato do encerramento, sendo uma canção que narra um encontro perturbador entre familiares distantes, inspirada pela esfera celestial dos santos e da visão beatífica. A música explora temas de reconciliação e a complexidade das relações familiares ao mesmo tempo em que se aprofunda em uma atmosfera bastante conturbada e esotérica, o que pode ser traduzido como a representação da realidade de uma parte dos ouvintes/leitores que se identificarem com as histórias narradas ao longo da faixa. \"The Last Picture Show\" simula a experiência da nona esfera do Céu, com uma balada introspectiva sobre a infância e o crescimento pessoal. A faixa é um reflexivo olhar para o passado e uma meditação sobre a jornada de vida de Foster como um todo. Chegando no grã finale do album, nos deparamos com \"Sun Girl\", a faixa final é uma homenagem ao irmão mais novo e à sobrinha. A música simboliza a jornada espiritual de Dante e a busca por significado além da existência física, combinando elementos alegóricos e líricos sobre a experiência de viver e encontrar beleza na vida, finalizando uma jornada narrativa muito bem planejada e executada. O álbum “Music Of The Hills” é uma exploração profunda e multifacetada das esferas celestiais e da experiência humana, uma hora singular e outrora plural. Cada faixa contribui para uma narrativa coesa que abrange temas de busca espiritual, culpa, amor, e reflexão pessoal. A combinação de metáforas culturais e referências literárias enriquece a experiência auditiva, proporcionando uma análise introspectiva e filosófica da vida e da arte como um todo. Ridley demonstra seu talento lírico para contar histórias realmente envolventes.

American Songwriter

92

Em “Music of the Hills”, primeiro álbum de estúdio do cantor e compositor Ridley Foster, somos levados a um cenário que mistura o utópico, o distópico, o real, o imaginário e o desejado dentro do emaranhado de pensamentos que definem o primeiro grande manifesto musical do artista. A faixa-título é a que abre os trabalhos da experiência de ouvir o CD; Ridley se permite ser uma tela que exibe as projeções do ouvinte sobre o que ele está prestes a falar no decorrer das faixas, apenas para desmistificar todas as expectativas e oferecer um convite a um isolamento artístico, em uma faixa bem construída e que serve de ótima introdução. “English Comedy” explora mais a solitude do artista, porém de forma mais leve; Foster menciona um afastamento de sua família com o propósito de se imergir em si mesmo e descobrir do que gosta no mundo, tendo seu seco senso de humor como trunfo lírico. Canções como “California Love Sound” misturam o sádico, o sério e o lúdico numa busca pela conciliação entre todos os elementos que tornam histórias de amor valiosas de serem contadas, o que inclui o sexo e o sentimento, e tal papel sonhador também é levado para a faixa seguinte, “Greatest of All Time”, que discorre sobre o quanto essa característica de devaneios do compositor também significa sua ruína em alguns momentos, que se tornam apenas uma “grande sala de espera” para que a realidade o atinja. “A Gift from God” utiliza-se de elementos psicodélicos em sua produção sonora para cativar o ouvinte em uma composição mais profunda sobre a confusão entre os propósitos de uma pessoa religiosa dentro de uma religião que pouco justifica as atrocidades que comete. “Rabbi Feldman” toma esse conceito e o aplica na prática dentro de uma das faixas mais dirigidas por uma narrativa fixa dentro do álbum, onde Ridley praticamente anula sua personalidade para contar a história de uma pessoa boa e religiosa que foi ostracizada pelos seus até a morte por sua natureza dentro da comunidade queer. “The Last Picture Show” é uma das faixas mais enigmáticas em sua construção; munido de referências quase que surrealistas, Ridley reflete sobre sua jornada pessoal como um limbo entre o que ele não quer mais ser e o que ele ainda não sabe que precisa ser. “Sun Girl” encerra a tracklist do CD mantendo a aura da faixa anterior; aqui, o compositor brilha em frases mais curtas e, ainda assim, totalmente indiretas para dar a visão embaçada do futuro que ele almeja para si e para suas pessoas amadas. Os visuais do álbum, assinados pelo próprio artista em parceria com Tammy no HTML, abusam do psicodélico e da saturação das imagens incluídas no encarte, dando um ar de utopia criativa necessário para o bom casamento entre a narrativa das faixas e a apresentação visual de sua produção. O que “Music of the Hills” deixa no ouvinte como impressão final é a ideia de que Ridley Foster sintetiza bem suas ideias após muitas reflexões que ele facilmente parece digerir e resumir em versos que não se perdem em si mesmos, dando uma personalidade única ao personagem que ele constrói sem rodeios e que faz dele um observador nato e preparado para o que quer fazer musicalmente.

The Line Of Best Fit

85

O cantor novato britânico, que vem chamando atenção da mídia com sua personalidade musical única, lança oficialmente seu álbum de estreia intitulado \"Music Of The Hills\", retratado como tendo influência os sons da natureza e do verão europeu, o cantor vai tratar seu vida em várias temáticas, que vão religião à reconexão com a natureza. Introduzindo o disco com a faixa \"Music Of The Hills\", já mergulha intensamente em metáforas, demostrando um acervo poética do cantor logo de primeiro, porém estas em maioria das linhas soam exageradas e até se perdem em seus significados, fazendo com o ouvinte não tenha clareza das mensagens transmitidas; É com certeza um convite pra uma viagem pessoal, mas o exagero acaba por dificultar este caminho. No entanto, em \"English Comedy\", canção que sucede, põe limites em sua imaginação lírica, soando mais linear, fácil de entendimento, com um premissa muito criativa e muito pouco abordada; Muito se fala na indústria sobre a procura do amor, da companhia, e Ridley acaba encontrando em sí mesmo a felicidade, o entretenimento, a sua liberdade. \"The Dagger\", um grande destaque lírico, mostra a capacidade lírica do cantor em organizar suas ideias de forma progressiva; A cada verso, a canção te deixa ansioso, suga sua atenção, hipnotizante, expondo mais uma habilidade lírica de Ridley. Seguindo \"California Love Sound\", a sutileza em forma de canção, emocionalmente contagiante e mostra uma lado sobre jovens e suas obsessões, principalmente da pornografia; A indústria nos dias atuais tem trazido inúmeras canções sobre sexo de forma superficial, ouvir um jovem cantor, em seu álbum de estreia, quebrando essa pauta saturada e abordando de uma forma tão sensível e refletiva, é gratificante. \"Greatest Of All Time\" acompanha esse ambiente sensível e traz consigo a questão sobre sempre está se cobrando por objetivos grandiosos e não conseguir lidar com as falhas, de forma pessoal, Ridley traz o ouvinte pro seu lado como um grande contador de histórias. A religião tem sido, muitas vezes, percussora de grandes atos de sofrimento, dor, cobranças pra jovens, em \"A Gift From God\" é uma reflexão sobre isso e a cereja do bolo ao citar Geena pra julgamento em seu final, traz um ponto criativo que conecta essa grande guerra social e o sacrifício. \"Duster\'s Shiva\", outro destaque lírico e com uma premissa incrível, Ridley fala sobre como a sociedade, em muitos momentos, faz vista grossa pra comportamento problemáticos por causa de algum semblante que tal pessoa tem consigo, e o cantor faz isso de uma criatividade fora do normal, usando dualidade, usando uma escrita mais rígida e desafiadora. Retornando ao teor crítico religioso, \"Rabbi Feldman\" é a canção menos rica de metáforas e dualidade do disco, sendo mais direta em seus trechos e, como dito, fazendo breves críticas sobre o uso da religião na prática da homofobia; Ser mais direta não traz problema no resultado final da canção, que soa como um roteiro de terror e suspense muito bem feito. No entanto, \"Fishes\", em colaboração com o talentoso Danny Wolf, soa repetitiva, apesar da sua premissa muito chamativa, não há um aprofundamento e o objetivo é óbvio, junto a repetição se torna uma letra fraca. Em \"The Last Picture Show\" é como se o eu-lírico sentasse no cinema pra assistir seu passado, pode soar clichê, mas a forma como o cantor escreve a torna uma canção especial e muito importante pro disco neste estágio. Finalizando com \"Sun Girl\", assim como a faixa introdutória, o cantor aqui também decide terminar assim como começou, com uma chuva de metáforas, no entanto, aqui fazem sentido; São muito bem aplicadas e conseguem transmitir emoções, que depois de uma grande jornada do ouvinte, nada mais justo entender todas esses sentimentos e com uma mensagem encorajadora, ou seja, não é apenas sobre Ridley, mas pros ouvintes, uma conversa entre eles sobre positividade. O visual creditado pelo próprio cantor e a produtora Tammy, traz um visual estranho que, apesar na lírica vagar por vários momentos, emoções e sentimentos, as canções se ligam por uma questão pessoal, uma visão e uma forma de escrita única; Aqui, no entanto, o visual transmite uma sensação de bagunça, mistura de cores que não fazem sentido, que vai de uma página mais recatada, simples, à o mais psicodélico possível, é extremamente não atraente e muito menos criativo. Por fim, apesar do visual estranho e o susto da faixa introdutória do disco \"Music Of The Hills\", o album já é um grande candidato pra o melhor disco lírico em seu ano; Não apenas pelas grandes canções que assim o tem, mas pela forma como Ridley traz ideias inovadoras, criativas, formas de escritas única, personalidade, isso logo em seu disco de estreia, o que é algo inacreditável; Como nem tudo é perfeito, o visual se perde, mas a lírica brilha, o conjunto completo se resulta numa grande estreia encantadora e imperfeita.

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