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AKIRA - Noan Ray
82

The Line Of Best Fit

86

O terceiro álbum de estúdio de Noan Ray, \"AKIRA\", é uma jornada sonora que mergulha nas profundezas de sua alma artística, explorando temas pessoais e sociais com coragem e audácia. Inspirado pelo anime/mangá homônimo, o conceito do \"Akira\" como alguém que atingiu um estado de luz espiritual permeia o álbum, abordando questões como evolução pessoal, raiva, rejeição, fama e sexualidade. Noan Ray não hesita em enfrentar seus problemas e explorar as complexidades da indústria musical e de suas relações pessoais através de suas letras profundas e reflexivas. Embora o disco seja uma prova clara da ambição artística de Ray, algumas faixas podem parecer deslizar na progressão devido à falta de mais musicalidade na escrita das letras, como em ‘PROBLEMATIC STAR’, ‘CATCH THE BOY’ e ‘CALLING’. Talvez uma maior técnica na lapidação das ideias poderia ter proporcionado uma rolagem mais encorpada às músicas, complementando a atmosfera proposta pelo artista. Por outro lado, destaque-se a colaboração com Huan \'THE MODERN FALL OF ICARUS\', um dos pontos altos do álbum, onde a qualidade lírica, estrutura e dinâmica entre os artistas se destacam. Faixas como \'MIDNIGHT BLUE\' e \'RAIN\' também impressionam, refletindo o melhor do AKIRA nos aspectos líricos e estruturais, transmitindo a verdade do cantor de forma exuberante, como: \"Emoções e sentimentos infelizes, o céu brilha, mas não para mim, a noite grita, eu grito com a noite, eu quero o que é meu por direito\" em \'MIDNIGHT BLUE\'. O visual do AKIRA é uma extensão poderosa de sua expressão artística, cativando os espectadores com sua autenticidade e impacto nos contrastes das cores vermelho e branco. Com uma estética única e ousada, Ray incorpora elementos visuais que complementam a atmosfera do álbum. Sua imagem transmite uma sensação de individualidade e originalidade, refletindo a profundidade e a complexidade de sua música, principalmente quando o mesmo assume 100% da produção. Sendo assim, apesar dos pequenos deslizes, é evidente o compromisso de Noan Ray em entregar um trabalho de qualidade, refletido também em seu visual único e autoral. \"AKIRA\" representa mais um passo relevante em sua carreira, funcionando bem em suas principais métricas e deixando claro que ele está disposto a continuar arriscando e explorando diferentes estilos de composição, conceito e produção.

All Music

84

Em seu terceiro álbum de estúdio, \'AKIRA\', Noan Ray oferece uma obra única que promete conduzir os ouvintes por uma experiência sonora única e repleta de nuances emocionais. \"AKIRA\" marca a evolução artística de Noan Ray, consolidando sua identidade musical enquanto incorpora elementos juvenis e do mainstream de maneira sutil e eficaz. O álbum inicia com ares de mistério, fazendo uma imersão gradual em um universo sonoro que combina perfeitamente com a proposta alternativa de Noan Ray. A influência do anime/mangá homônimo é palpável, trazendo um toque de misticismo e poder à narrativa musical. o explorar o conceito do \"AKIRA\", Noan Ray utiliza essa figura mística como uma metáfora para alguém que atingiu um estado de claridez. Cada faixa do disco é como se fossem lugares diferentes do labirinto da mente do cantor, revelando seus medos e mágoas, mas também destacando sua busca por clareza e transcendência espiritual. Os grandes destaques do álbum sem dúvidas são \"RAIN\", \"TOKYO\" e \"MIDNIGHT BLUE\". São faixas que mergulham fundo nos momentos de crise de Noan Ray, oferecendo uma visão íntima de sua jornada como astro alternativo. Os temas são explorados com uma honestidade brutal, revelando a vulnerabilidade do artista. À medida que as canções progridem, testemunhamos uma transformação, um alívio espiritual que ocorre quando o cantor deixa para trás as angústias que o atormentam. Entretanto, algumas faixas acabam não entregando essa grandiosidade como \"AWARD\", \"PROBLEMATIC STAR\" ou \"JOAN OF ARC\", mas elas não são faixas ruins, em um outro trabalho tais canções facilmente se destacariam, mas em \"AKIRA\", elas acabam destoando das demais em padrão de qualidade. O visual do trabalho é ousado e criativo em seu conceito, com um encarte em divertido e jovial. Entretanto, o uso extremo da cor vermelha acaba se destacando até que demais, sendo muito forte, o que acaba por cansar os olhos de quem está olhando o encarte, mas a escolha de fotografia foi algo muito bem feito e pensado. \"AKIRA\" de Noan Ray desafia as fronteiras da música alternativa com muita ousadia e criatividade solidificando o lugar de Noan Ray no cenário musical, e proporcionando uma experiência auditiva que transcende as expectativas. Algumas faixas funcionam mais que outras, mas não dá para negar que o álbum deixa um impacto duradouro naqueles que se aventuram em seu conteúdo.

The Boston Globe

78

O grande cantor e compositor Noan Ray, faz seu grande retorno com o disco \\\"AKIRA\\\". O título do projeto é inspirado no anime/mangá de mesmo nome e o personagem é essa figura com poderes e que se vê ameaçado pelo governo pra uso de arma de guerra. Em abordagem, o cantor diz que, com este disco, busca esclarecer momentos de crise e estabilizar seu espírito, deixando-o mais leve e descartando anseios, problemas que o perseguia antes. O disco, em sua metade, demostra essa busca em resolver problemas e seguir em uma nova direção, canções como \\\"IMMERSIVE PARANOIA\\\", a canção de maior destaque, narra-se uma história de crise paranoica, mas ao mesmo tempo reveladoras ao fazer com que o eu-lírico consiga entendê-la e futuramente preveni-las; A lírica é incrível, com destaque o refrão e a ponte sendo os grandes ápices desta. Faixas como \"Bite My Lips\\\", com tom sexual bem apurado e com detalhes sufocantes, no bom sentido; A reflexiva \\\"Calling\\\", com participação de Marie Vaccari, deixa uma marca poética e ao mesmo tempo modeladora, ao concluir um sentimento bem sensível, que é a saudade, e ao decorrer da canção entender o conceito da palavra e desconstruí-la na forma que era um peso na história. \\\"Midnight Blue\\\", a faixa esperançosa e motivadora, traz versos um pouco clichês, no entanto um refrão magnífico que engradece o objetivo do eu-lírico. Em \\\"Rain\\\", há também esse ar de esperança, porém em seu maior tempo se aprofundando em um estado de melancolia, mas como dito, com uma conclusão de esperançosa. \\\"Tokyo\\\" e \\\"Catch the Boy\\\" também seguem esse segmento de narrar alguma forma de sentimento na busca por melhora, de conhecimento e responsabilidade, o espírito leve que se tinha como objetivo. Outrora, metade do disco não desperta esse caminho do conceito do disco, com canções que soam como rancorosas e até mesmo raivosas, Noan Ray adiciona ao seu projeto diss-tracks que vão contra essa busca espiritual que é vista na demais faixas; \\\"Problematic Star\\\", \\\"Flux\\\" e \\\"Awards\\\" soam como musicas de mixtapes, repercutindo como escritas em momentos de muita raiva, decepção ou rancor, que o único objetivo é colocar pra fora um desabafo do que resolvê-lo ou buscar uma conclusão sobre. \\\"Joan of Arc\\\" não segue o caminho das citadas anteriores, mas também não segue o caminho do conceito; É uma faixa que soa mais como uma canção libertadora pra Rubia, que se destaca em seus versos, que pra Noan Ray. O visual do disco, produzido pelo próprio artista, segue uma paleta de cores vermelha e branca, Noan em poses diferentes em cada encarte seguindo com um detalhe diferente de uma página a outra; Um visual simples, inspirado na estética do anime/mangá citado, que condiz com o conceito, mas não mostra uma ligação direta com a lírica. Por fim, Noan Ray consegue, em parte, da sua narrativa alcançar seu propósito, mas ao mesmo tempo se deixar perder por sentimentos que ainda o permeia; Ou seja, alguns são possíveis deixar mais leve, outros ainda não. É um disco maduro, mas não tão maduro como o cantor pensou que fosse, ainda sim inspirador e com uma lírica única e grandiosa.

Variety

90

Após muita espera, Noan Ray lança oficialmente o seu terceiro álbum de estúdio, intitulado \"AKIRA\". O trabalho vem depois de um aclamado e vencedora de SCAD Extended Play e que mostrou ainda mais o potencial do artista como compositor. O conceito do trabalho é sobre o AKIRA ser uma pessoa que alcançou o estado de luz, alguém que emergiu espiritualmente. Diversos assuntos são abordados no projeto como amor, sexo, fama e muitos outros. O trabalho mistura do Alternarivo com o EDM e o Pop, sendo esse o primeiro trabalho de Noan com essa mistura de gêneros, que funcionam de maneira genuína e muito bem feita a todo momento, sendo um álbum muito bem no quesito sonoro. As melhores faixas do álbum são as canções: \"TOKYO\", \"MIDNIGHT BLUE\" e \"SILVER MOON/THE SUN\". As três canções possuem uma carga lírica muito grande e bem executada pelo artista, que mostra ainda mais o porque é um dos maiores nomes da nova geração no quesito composição. São canções diferentes mas que conseguem se conectar pela atmosfera criada por Noan Ray para o universo do álbum. \"TOKYO\" descreve a sensação de buscar um amor para pertencer algo, para cobrir um vazio interno e externo que temos dentro de nós a todo momento, onde muitas vezes sentimos atração e nos apaixonamos por uma pessoa apenas para ter algo que nos faria esquecer dos nosso problemas. Na canção, o eu-lírico se coloca como uma pessoa que sai pelas ruas de Tokyo vendendo o seu corpo, apenas para se sentir amado. Os versos da canção são extensos e bem descritivos, de uma forma boa e muito bem desenvolvida por Noan. O refrão é forte e contém uma maneira bem interessante de ser escrito, que deixa a canção muito boa e um futuro single com bastante potencial. \"MIDNIGHT BLUE\" fala sobre abandonar vícios que temos que nos fazem mal diariamente e que muitas vezes não sentimos, mas afetam a nossa vida e o nosso desempenho em diversas situações. Sendo uma canção de largar vícios e se prender a noite sozinhas, solitárias e escuras. Os versos e o refrão da canção são melancólicos e depressivos e conseguem transmitir a exata sensação que sentimos em momentos como esse, sendo um grande positivo não apenas no álbum, mas sim na carreira extensa de Noan Ray como compositor e artista. A última canção do álbum, \"SILVER MOON/THE SUN\" descreve a chegada desse ser de luz, um amor vibrante e o entendimento do seu lugar como pessoa no mundo em que vivemos. A canção termina de maneira bem simbólica e mostra como o álbum já tinha planejamento de ser um dos maiores da carreira do artista. Tudo na canção é extremamente simbólico e muito bem escrito, sendo o seu segundo verso um momento de grande destaque por ser algo forte, emocionante e muito impactante. Noan consegue transmitir sensações de maneira inexplicável e muito bem feitas, sendo um ponto muito grande do compositor. O único ponto negativo do trabalho sobre a parte lírica é sobre o tamanho das letras, onde em algumas canções os versos são extensos demais, deixando uma canção que tinha um enorme potencial, como algo que acaba criando um desinteresse do leitor. A melhor coisa para resolver isso seria fazer uma revisão maior em canções e cortar linhas que não sejam necessárias para o conjunto completo de uma canção, deixando assim o álbum impecável liricamente. O visual do trabalho é assinado pelo próprio artista é belo e consegue ser muito dinâmico para toda a atmosfera apresentada no trabalho. A nossa crítica vai para a capa, que acaba sendo um pouco menos atrativa do que o resto do trabalho visual. As páginas do encarte misturando o vermelho e o branco com fotos sensacionais foi algo que o artista acertou demais e conseguiu entregar um álbum belo visualmente, que mesmo com alguns pequenos erros consegue ter o seu destaque e esperamos que consiga um reconhecimento. \"AKIRA\" é um álbum complexo, com muitas camadas e canções extraordinárias, que conseguem transmitir os pensamentos de Noan Ray na sociedade e a forma que ele se enxerga perante ela. É um álbum interessante e que deve ser um grande competidor em premiações futuras, devido a sua enorme qualidade.

Billboard

75

Em \"Akira\", Noan Ray se aventura por sua mente e sentimentos; trazendo um disco interessante e repleto em temática. No seu terceiro full-length, o artista explora novamente situações pessoais e seus mais profundos sentimentos sobre os mais diversos tópicos. Seja falando sobre estar apaixonado ou sobre suas inseguranças. Ao longo de suas catorze faixas, somos introduzidos ao caleidoscópio de emoções e pensamentos do astro; além de presenteados com canções muito bem escritas e belas. Contudo, existem algumas coisas no álbum que acabam não funcionando tão bem. Seja nas tentativas feitas por Ray de evocar a personagem que dá nome ao trabalho, mas que acabam resultando em momentos sem muita conexão nas canções em que tais coisas são feitas. Ou em parcerias que não se encaixam muito bem, como é o caso de Alex Fleming em \"Catch the Boy\" e até mesmo em canções muito boas que não se alinham tanto com as outras, que nem a divertida \"Joan of Arc\" com a diva latina Rubia ou a extremamente sensual \"Bite My Lips\" com o grande rapper LUCX. Como pontos positivos dentro deste full-length temos \"Rain\", \"Immersive Paranoia\", \"Midnight Blue\" e \"Silver Moon/The Sun\" por serem muito bem escritas e se comprometerem com a linha temática. Mostrando toda a vulnerabilidade e o lado mais sincero do astro através de suas líricas. Em contrapartida, os singles \"Problematic Star\" e \"Award\" acabam se tornando as canções menos primorosas e que dificilmente se conectam com as demais dentro do registro, se assemelhando quase que a pontas soltas no projeto. Se distanciando demais da linha mais pessoal e intimista que se faz presente em muitas das outras faixas. Entretanto, em seus acertos, o disco consegue brilhar facilmente e isso é facilmente notável. Noan é um artista extremamente talentoso e versátil, seu disco é uma prova disso embora, em alguns momentos, ele soe meio perdido entre suas próprias ideias. Visualmente o disco é simples, mas é bastante bonito e tem uma produção muito bem trabalhada. Sua simplicidade na capa cria uma certa aura de misterio sobre o conteúdo do trabalho, sem nos preparar ou servir de prévia para algo tão cheio de conteúdo como ele é. Neste compilado nós vemos que Noan é mais do que uma estrela problemática, mas, como um todo, o mesmo acaba pecando ao não manter uma linearidade entre o raciocínio ou algo que conectasse cada uma das obras presentes neste material avaliado.

Spin

81

Após o seu aclamado último lançamento, o ótimo EP \'things that hurt in my soul at the opera\' Noan Ray se encontra pronto para lançar seu terceiro álbum de estúdio. \"AKIRA\" marca a definitiva entrada do cantor na cena alternativa, explorando uma gama diversificada de gêneros que permearam sua carreira pregressa. Iniciando pelo seu visual assinado pelo próprio cantor, \"AKIRA\" apresenta altos e baixos. Apresentando uma tipografia impecável e um design diversificado, com uma fotografia num estilo muito divertido e jovial, mas com um tom vermelho extremamente forte e chamativo num aspecto negativo que, por mais que converse com o encarte, acaba tornando a exibição do trabalho um pouco dolorosa aos olhos, permitindo respirar somente quando chega em seu final A abertura do álbum se dá com \"Catch The Boy\", uma colaboração com Alex Fleming. Ambos os artistas compartilham suas experiências de enfrentar momentos difíceis após os ápices de suas carreiras. Noan se destaca ao narrar esses eventos, mas Alex não fica para trás, contribuindo de maneira significativa para a narrativa. \"Tokyo\", a segunda faixa coescrita por Fleming, mergulha nos relacionamentos efêmeros de Noan, utilizando a cidade de Tóquio como cenário A emotiva \"The Akira Ballad\" se destaca ao contrastar com as duas primeiras canções, abordando as próprias falhas e sensações de vazio na vida romântica de Noan. Embora estruturalmente dependente da narrativa criada anterior, a faixa revela uma faceta intrigante do artista. \"AWARD\" revela uma perspectiva mais narcisista, abordando os prêmios e reconhecimentos na carreira de Noan. No entanto, a mensagem acaba não se sustentando, perdemdp a importância real desse tema para o artista. O impactante lead single \"FLUX\" mantém o aspecto apimentado introduzindo na faixa anterior, abordando a sensação de ser usado e desconsiderado após o fim de um relacionamento, apresentando uma narrativa rancorosa e abrangente. \"Rain\" mantém a atmosfera autodestrutiva, incorporando uma autocrítica sobre a perda da personalidade de Noan, oferecendo uma visão mais íntima e esperançosa de sua jornada de autodescoberta. A vulnerabilidade atinge um ápice em \"Immersive Paranoia\", explorando reflexões internas e a descoberta de que ser amargo não é uma solução. A colaboração com HuaN em \"The Modern Fall of Icarus\" destaca-se como uma das faixas mais polidas do álbum, proporcionando uma narrativa única sobre um relacionamento comparável à queda de Ícaro. \"Joan of Arc\", colaboração com a talentosa Rubia, direciona a narrativa para a liberdade, destacando-se pela abordagem não convencional da estrutura e pela ponte cinematográfica. \"Problematic Star\", segundo single da era, expõe as questões de Noan sobre a integridade artística na indústria musical, tornando-se liricamente intrigante pela curiosidade em relação às inspirações e à visão do artista sobre o show business. \"Bite My Lips\", colaboração com LUCX, traz uma abordagem direta à busca por uma relação sexual intensa, apresentando uma atmosfera erótica que se destaca pela sua desconexão em relação à narrativa. A última colaboração do álbum, \"Calling\", com Marie Vaccari, destaca-se pela dinâmica conversacional entre os artistas, oferecendo uma potencial escolha de single futuro. A penúltima faixa, \"Midnight Blue\", é estrategicamente posicionada, explorando a promessa de Noan de se libertar dos vícios e reforçando sua independência. \"Silver Moon / The Sun\", encerrando o álbum, entrelaça duas narrativas de maneira intrigante, proporcionando uma conclusão reflexiva e apropriada. \"AKIRA\" é um projeto que navega pelas diversas facetas que moldam Noan Ray. Apesar da inconsistência entre as temáticas apresentadas, o trabalho mostra que o artista ainda é dono de uma grande criatividade que funciona muito bem quando aplicada em suas letras, mas com um visual que deixa a desejar em sua execução.

TIME

82

‘AKIRA’ é o terceiro álbum de estúdio de Noan Rey. Com a premissa de baseada no anime/mangá de mesmo nome, o projeto vem ao mundo para mostrar diversas facetas e histórias de um eu lírico tridimensional. O visual é bastante simples e focado na imagem do artista em si, o que por um lado combina com a parte mais introspectivo e reflexivo do projeto, mas falha em conectar-se com mais elementos de ‘AKIRA’ e sua miscelânea de acontecimentos observados ao longo da escuta. O álbum se inicia em boa forma com a faixa ‘CATCH THE BOY’, em parceria com Alex Fleming, marcando o primeiro contato do ouvinte com a essência do álbum, sendo uma súplica de ajuda e um grito de dor diante das diversas situações passadas pelos artistas e que podem ser observadas em faixas seguintes. A faixa ‘TOKYO’ segue o tom instaurado pela primeira faixa, com forte melancolia, dessa vez, com toques sensuais. A alma atormentada e solitária do eu lírico volta a ser o foco em cada verso da canção, que se mostra robusta em expressão dos sentimentos e criar um cenário único de luzes, ruas e perdições na mente dos ouvintes, sendo muito bem-sucedida em transmitir a sua mensagem e continuar a construção do complexo “Akira”. Em ‘THE AKIRA BALLAD’ o eu lírico fala sobre a tristeza em machucar o seu amado. Diante desta temática, o artista entrega os melhores versos do álbum até este momento, com lindas e dolorosas passagens, a exemplo de: ‘I shattered you into so many pieces, but if you want, I can help you rebuild/ Recover from an enemy, reconcile with me’. Aliás, toda a ponte da faixa se mostra espetacular, inclusive superando o próprio refrão da canção – que não é ruim – apenas não é um dos destaques vistos aqui. ‘AWARD’ quebra a sequência de decepções e tristezas construídas durante as três últimas faixas, dando espaço para uma escrita afiada e irônica, discorrendo sobre a indústria e os seus tão controversos bastidores. Noan mostra a sua versatilidade ao conseguir compor uma ótima faixa mesmo em um estilo totalmente diferente, entregando o melhor refrão do álbum juntamente de versos inteligentes, intrigantes e questionadores, dos quais levam o ouvinte a refletir sobre o que verdadeiramente é a fama e quais são os seus efeitos. A quarta do faixa do álbum é ‘FLUX’, que pega carona no ritmo agressivo de ‘AWARD’, mas não mantém a inteligência e a perspicácia da antecessora. A canção é bem direta e com remetente único, onde o artista expõe toda a situação vivida através dos versos. É uma boa música, mas o caráter extremamente pessoal empregado na letra pode causar problemas de conexão e empatia com o ouvinte, carecendo de passagens sutis e mais metafóricas. ‘RAIN’ e ‘IMMERSIVE PARANOIA’ seguem a jornada de dor instaurada em ‘FLUX’, a primeira de uma forma mais esperançosa e a segunda afundado no caos e constatações sobre as decisões do eu lírico e os rumos de sua vida. Neste momento é importante ressaltar a necessidade de polidez maior nas faixas, o cantor coloca toda a sua alma e consegue passar exatamente o que está sentindo ao ouvinte, mas peca em estrutura lírica, com alguns versos se mostrando demasiadamente longos e menções que começam a se repetir, apenas reafirmando o que já observadas por várias faixas seguidas. Um exemplo positivo de polidez é faixa ‘THE MODERN FALL OF ICARUS’, evidenciando uma boa execução de sua estrutura lírica e configurando como uma ótima colaboração, coesa e que faz sentido dentro do contexto do álbum. Noan e HuaN encontram a sincronia perfeita nesta canção, sendo a ponte, curta e extremamente metafórica, o grande ponto alto da música. ‘JOAN OF ARC’, em parceria com Rubia, abre o momento de liberdade do disco em uma faixa dançante e sensual. De forma geral, a faixa é a mais fraca em termos de composição e estrutura do projeto, os versos são idênticos em questões de temática e não se diferenciam entre si, por exemplo, o verso 1 soa bastante parecido com o refrão e a ponte é longa e detalhada, assim mesmo não enriquece o conteúdo da faixa. ‘BITE MY LIPS’ surpreende pelo seu caráter direto e abertamente sexual, Noan se junta LUCX para expor os seus desejos mais íntimos e acerta ao falar de relações sexuais de uma forma mais direta e explícita. ‘PROBLEMATIC STAR’ retoma a agressividade vista em ‘AWARD’ e o alvo certo observado em ‘RAIN’, novamente enfatizando o poder e genialidade do próprio artista. Em faixas assim, é possível observar a essência do disco em si, considerando que AKIRA tem a proposta de um ser quase místico e de grandes poderes. Dentre as últimas faixas, há um grande brilho e criatividade em ‘MIDNIGHT BLUE’ e ‘SILVER MOON/THE SUN’, expondo uma faceta mais calma e sólida do eu lírico, sendo que ‘MIDNIGHT BLUE’ entrega belos versos em partes como: “She said I look attractive with tears on my face / Setting my entire face on fire, leaving my dark ties with desire”. Enquanto isso, a última faixa é bastante criativa e inova em sua estrutura lírica, ao unir dois tipos de narrativa em apenas uma canção. Por fim, em ‘AKIRA’, Noan enfrenta problemas pontuais de execução em suas canções e carece de mais solidez e polidez para as suas canções. Mesmo assim, estes pontos não apagam a sua grande habilidade de composição e expressão dos seus sentimentos, o que torna ‘AKIRA’ um projeto extremamente marcante e com uma identidade única.

Pitchfork

79

“AKIRA” é o terceiro álbum de estúdio do cantor e compositor Noan Ray. Lançado em novembro do ano 11, o projeto vê o artista se utilizando da cena alternativa para brincar com vários gêneros com os quais ele mesmo já trabalhou previamente em sua carreira, e liricamente, Noan parece estar em busca de transcender a si mesmo para além das adversidades e sentimentos falhos em sua vida. Ao longo do projeto, nota-se o quanto ele expande os assuntos que trata e o modo como trata, algo intrigante já de cara. O álbum se inicia com “Catch The Boy”, parceria com Alex Fleming e uma escolha interessante de se abrir um CD logo com uma faixa contendo outro artista; ambos discutem como se sentiram em suas piores fases logo após momentos de ápice nas carreiras, e por mais que Noan se sobressaia na sua descrição dos acontecimentos, Fleming não fica para trás, e entrega sua versão da história buscando agregar à narrativa, sendo, como dito há pouco, uma introdução interessante de se acompanhar dados os contextos. Em “Tokyo”, segunda faixa do projeto, Noan (em uma faixa co-escrita por Alex Fleming) mergulha a si mesmo em relacionamentos erotizados e passageiros para esquecer uma paixão que ainda o consome por dentro, usando a cidade de Tóquio como pano de fundo para isso; o conceito é bem orquestrado nos versos e torna a faixa um dos destaques de “AKIRA” logo na primeira vez que se ouve pelo modo como Noan Ray sente tudo ao mesmo tempo na faixa. “The Akira Ballad”, contrastando com as duas primeiras canções no modo como o artista expõe seus sentimentos, reduz as batidas por minuto em favor de confissões de erros próprios e sensações de que algo falta na vida romântica de Noan. Estruturalmente, a faixa não possui um brilho próprio, dependendo da narrativa já mostrada para se sustentar, mas ainda se mostra como uma faceta intrigante rumo ao coração de Ray. “AWARD”, por sua vez, traz uma personalidade mais narcisista do cantor no sentido de como ele reflete sobre os prêmios e reconhecimentos que ganhou ao longo de sua carreira, em como o showbiz se importa mais com o “barulho” do que com o “conteúdo”, conforme dito no refrão; a ideia é bem executada nos dois primeiros versos e nos hooks, mas se perde a partir do verso 3 quando se torna claro como o assunto não parece ser de magistral importância para Noan em si – algo importante na hora de fazer o público acreditar em suas palavras. Em seguida, temos “FLUX”, lead single do projeto e apresentada como a primeira vez que Noan Ray compôs uma “diss track” para uma pessoa específica; a letra se aprofunda em como o artista se sentiu usado, psicologicamente e fisicamente, por outro alguém que o tratou com desdém após o fim do relacionamento entre ambos e que levou toda a pureza que Noan sentia em si mesmo. É um tema difícil para artistas na hora de se sentar e colocar tudo em versos, mas Ray faz com maestria e entrega o melhor que um lead single para um álbum como “AKIRA” poderia ter em sua essência rancorosa e abrangente. “Rain” continua a aura autodestrutiva, mas traz uma autocrítica a como o cantor sente que “sua personalidade deixou seu corpo”, um sintoma de possíveis dissociações, mas imergindo em uma lírica mais intimista do que nunca para colocar, também, esperanças de que um dia ele recupere a si mesmo. É um dos momentos dentro do álbum onde Noan assume a história mais do que o personagem de Akira, e o refrão, mais impactante ainda com a voz distorcida, também entrega mais um ponto alto dentro do CD. “Immersive Paranoia”, faixa seguinte, traz Noan ainda mais vulnerável, onde ele continua as reflexões internas de “Rain” e finaliza com a descoberta pessoal de que “ser azedo não é uma boa forma de lidar com tudo”; a faixa flutua entre momentos de destaque e momentos ligeiramente médios, sendo sua extensão um fator negativo para a empolgação do ouvinte ao longo de sua duração. “The Modern Fall of Icarus”, colaboração com o cantor e compositor HuaN, é uma das faixas mais bem polidas dentro do álbum, com os artistas se dividindo em momentos de confissão pessoal quanto a um relacionamento comparável à queda de Ícaro enquanto incluem detalhes que tornam a canção única dentro de sua própria história. Em seguida, “AKIRA” segue sua jornada com mais uma colaboração: “Joan of Arc”, desta vez, uma parceria com a cantora Rubia. Girando a narrativa na direção da liberdade, a faixa se inicia com os versos da própria Rubia, em uma estrutura pouco vista em canções do tipo, mas que se mostra crucial na construção da cena descrita: uma mulher se libertando na pista de dança e um homem que a observa e tenta decifrar o que ela está vivendo dentro de si enquanto se liberta para o mundo. A ponte é a parte mais cinematográfica da faixa, sendo também seu ponto alto e elevando a canção inteira para o público entender que foi uma escolha bem acertada como single de divulgação. Partindo para “Problematic Star”, lançada como o segundo single da era anteriormente, vemos Noan em versos direcionados não necessariamente a outra pessoa, mas a um conjunto de pessoas e situações dentro da indústria musical que o fizeram questionar se integridade artística ainda valeria todo o esforço por ela; no refrão, Ray reassume o valor que tem pela própria arte enquanto parece desprezar o resto do mundo (ou, pelo menos, os alvos desconhecidos em questão), finalizando a faixa mais liricamente intrigante não só pelo teor de curiosidade pelas inspirações como também pela visão do artista sobre o show business. “Bite My Lips”, canção seguinte, é uma colaboração com LUCX e, liricamente, é direta ao ponto: os artistas querem uma relação sexual com mais fervor do que nunca, dispostos a entrarem em um jogo de poder na cama implícito para seus alvos, mas que ainda os satisfaçam internamente. É uma escolha curiosa de inclusão dentro do álbum por não ter o mesmo detalhamento e acabamento das faixas anteriores, sendo até um pouco desconexa da narrativa, mas que acaba entregando versões mais eróticas dos cantores de forma agradável ao ouvinte. “Calling” se apresenta como a última faixa colaborativa do disco, sendo uma parceria com Marie Vaccari, o nome mais óbvio da lista de colaboradores por sua trajetória inigualável na dance music; aqui, a natureza descritiva das narrativas contadas retoma seu rumo, e Noan, por um lado, reconta como não irá mais esperar pela pessoa amada decidir o que quer ou quem quer, enquanto Marie tenta convencê-lo do contrário, com versos mais diretos dentro de uma parceria que funciona muito bem pelo teor conversacional entre as frases, sendo uma potencial escolha de single para o futuro. A penúltima faixa do CD, “Midnight Blue”, traz referências propositais a outros momentos dentro da narrativa de “AKIRA” com a conclusão de que o artista promete se livrar dos vícios adquiridos ao longo da jornada, enquanto reforça sua independência e resiliência diante das adversidades. Muito se fala sobre o poder de uma faixa final de um álbum, mas aqui, Noan também dá importância ao poder de uma penúltima canção dentro de seu respectivo projeto, sendo uma música essencial para refletir antes de concluir a história. Por fim, o artista traz “Silver Moon / The Sun”, que mistura duas narrativas em uma estrutura intrigante, mas que não impede o ouvinte de entender como Ray repensa pessoas que conheceu e que gostaria de manter em sua vida depois que estas viram seu melhor e seu pior, sendo uma conclusão adequada para tudo o que ouvimos até aqui. Visualmente, o álbum também possui momentos altos e baixos; enquanto a tipografia e o design são impecáveis do começo ao fim, das descrições ao encarte bem estruturado e diversificado, o forte tom de vermelho na página geral pode assustar ouvintes de primeira viagem em um primeiro momento, podendo uma amenização em sua força melhorar a impressão deixada, mas que não apaga o brilhantismo do visual como um todo, produzido pelo próprio Noan Ray. “AKIRA”, em suma, é um projeto que perpassa por várias das personalidades que tornam seu criador quem ele é e o que representa; por mais que a disparidade entre as camadas de Noan Ray se reflita em algumas canções, umas mais instáveis que outras, o resultado geral cumpre o que promete: o retorno do cantor à cena musical com um álbum à altura de sua criatividade.

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