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things i wish you said but you don’t - Emily Beer
83

Spin

80

“things i wish you said but you don\'t”, quarto álbum de trabalho da cantora e compositora Emily Beer, chegou tão repentinamente quanto sua criação aconteceu. Divulgando outro single, “the path”, Beer sentiu a necessidade de imergir em uma narrativa diferente e que não poderia esperar para ser desenvolvida; o resultado agora está nas mãos do público. Misturando os gêneros alternative, rock e folk, o álbum foi apresentado com a proposta imaginativa de como “tempos perfeitos passam a se tornar os dias mais cruéis”. O disco se inicia com a faixa “graveyard\'s roses intro”, onde Emily descreve a si mesma como um ser paralisado pelos acontecimentos negativos em seu relacionamento que acaba de chegar ao fim, enquanto reflete sobre como irá agir diante disso. É uma introdução que intriga o ouvinte a entender mais do que a artista está desabafando, cumprindo seu objetivo com sucesso dentro da história. “dust on your hands”, a segunda faixa, vê Emily comparando mágoas de antigos relacionamentos de seu novo parceiro a ter poeira nas mãos, resultado de passados romanticamente tenebrosos; é uma canção que expande o poderio lírico da artista e se mostra como um destaque altamente positivo dentro do álbum por tal motivo. Em “the innocent”, por sua vez, a cantora se coloca na posição de alguém que deu tudo de si a uma pessoa que parecia correspondê-la romaticamente até o momento em que não correspondeu mais e foi embora. Enquanto a situação em si seria motivo de revolta, Emily não parece disposta a vilanizá-lo para o resto do mundo, preferindo se manter como inocente para não queimar mais da história entre eles; o conceito é amplamente posto em prática de modo que o refrão sintetiza toda a canção, por mais que este seja relativamente extenso demais dentro da estrutura em si. “i wrote this song instead of talking to you”, quarta canção do álbum, é uma colaboração com a cantora e compositora Maddie Taylor e remove a inocência bancada na faixa anterior; aqui, as cantoras usam suas energias dentro de uma confissão em forma de música que talvez chegue em seus antigos amores de forma mais eficaz do que se elas simplesmente conversassem com eles – e o teor confessional de Emily e Maddie, mais afiada do que nunca em seu conteúdo, eleva a canção inteira para ares excelentes. “down the stairs”, logo em seguida, expande o teor dualista da personalidade da cantora na canção anterior e aqui, ela se apresenta de forma mais cínica ao seu antigo parceiro, apontando seus próprios atos maniqueístas em favor de deixá-lo totalmente afetado pelo fim do que eles tinham; é uma canção feroz, mas divertida ao mesmo tempo, sendo uma escolha potencial para futuro single, se possível aqui. A faixa seguinte, “jungle”, traz Emily em um momento mais retraído, onde ela se sente esgotada demais para continuar a desferir palavras de rancor contra seu antigo amor e prefere preservar a si mesma antes de se doar mais uma vez a tentar afetá-lo com seus sentimentos. A composição é uma das mais passíveis do público se identificar justamente pelo quanto a cantora se instrui a narrar situações que quase todo mundo parece ter vivido dentro do campo romântico de suas vidas, um ponto alto dentro do disco. “lucky ones”, sétima faixa do CD, a artista retorna a lembrar do relacionamento já terminado com um olhar menos pessimista e mais de gratidão pelos momentos vividos em si, para além de como o romance como um todo acabou por findar; é um dos momentos onde a maturidade emocional de Emily se reflete da melhor maneira em sua lírica, que antes afiada, agora dá lugar a algo mais calmo. Logo depois, temos “i wanna believe”, onde Beer parece disposta mais a olhar para si mesma após os acontecimentos das últimas canções e dar ao seu próprio estado emocional um teor esperançoso para o futuro, onde ela quer acreditar que tudo pode ser consertado e que ela poderá seguir em frente com seu coração remendado para novas experiências; a faixa continua o estado de maturidade introduzido em “lucky ones” onde o relacionamento fica mais em segundo plano frente a reflexões pessoais da artista, sendo também um momento positivo para o álbum em si por diversificar o teor da história já perto do final. Em “september to november”, nona faixa do disco e segundo single geral da era, a cantora se coloca em uma posição de insanidade por detalhes que seu antigo amor ainda parece lembrar dela mesmo após o tempo necessário para a cura de ambos ter passado; é uma faixa interessante quando se analisa como o refrão parece impactar mais do que os versos em si, sendo mais completo do que o que deveria ser a completude da história. “enough for me”, então, traz Emily frustrada consigo mesma por não sentir o tipo de amor que tem desejado por toda a sua vida; a lírica expande a insanidade da faixa anterior enquanto mede o otimismo e o pessimismo de Beer enquanto pessoa passiva de amar e ser amada, os lados bons e ruins, e é essa medição que torna a canção um ponto alto dentro da narrativa, trazendo uma pluralidade de versões da mente da artista. “mad woman” pode ser classificada como a faixa mais tematicamente diferente, mas não necessariamente fora de tom, dentro do álbum, por se tratar de uma relação de amizade com uma “mulher louca” que, na verdade, nada mais é do que uma extensão da própria Emily; ambas, desiludidas com o sonho americano, conforme dito no refrão, elevam a si mesmas a novos patamares. É uma faixa bem-vinda não só ao disco como também dentro da discografia completa de Beer, conhecida por seu foco em relacionamentos, ela traz um tema universal que se aplica muito bem dentro de sua própria história. Por fim, tem-se “emily\'s poslude”, uma faixa majoritariamente falada em vez de cantada; a musicalidade ao fundo da gravação de voz da artista traz uma aspereza à doce voz de Emily, que confessa os começos, meios e fins da história contada em todo o álbum, e por mais que pareça um encerramento meio fora da curva, é grandioso como as letras da cantora se mostraram ao longo do projeto. O álbum, visualmente, não corresponde às expectativas, porém; entre se situar na minimalista cadência do tema num geral ou a grandiosidade dos detalhes narrativos em cada uma das 12 faixas, o visual parece se manter numa média entre os dois extremos, e vislumbra algo inacabado, mas cheio de boas intenções, como em sua fotografia, que lembra distopias e traz um teor mais imaginário a uma narrativa tão realista como a que o ouvinte percebe ouvindo o CD inteiro. Emily Beer traz um projeto feito de forma repentina, mas que, quem ouve sem saber de tal contexto, poderia pensar que tudo foi milimetricamente calculado para ser a história totalmente não-cronológica de um amor cronológico que há tempos ela não sentia: o amor por si mesma.

American Songwriter

80

Emily Beer nos mostra a força dos sentimentos em ‘things i wish you said but you don’t’, o seu quarto álbum de estúdio. Neste projeto, a artista apresenta aos seus ouvintes um clássico álbum de amor, retratando situações de desilusão amorosa, amizades, crises diversas e outros assuntos que rodeiam um amor caótico e que acaba de forma inesperada. Estes aspectos são refletidos em seu visual, considerando que as canções são focadas nos sentimentos e pensamentos do eu lírico, o encarte simples e contendo, em sua maioria, apenas a própria artista acabam por funcionar dentro deste contexto. Ainda seguindo a proposta de ser intimista, a artista consegue atingir este objetivo desde o primeiro momento quando em ‘graveyard\'s roses intro’ o eu lírico despeja toda a sua tristeza, solidão e insegurança, não demorando a apresentar seus ouvintes ao relacionamento que deu errado, plantando uma grande dúvida e o instigando a continuar consumindo o disco após revelar bastante, porém não em detalhes sobre o que aconteceu de fato. O primeiro choque na narrativa inicia-se em ‘dust on your hands’, que mostra ser uma faixa descompromissada e desconexa com o drama principal. A artista pode ter utilizado este recurso forma intencional, mas essa transição inicial da intro para ‘dust on your hands’ quebra um pouco do ritmo inicial do álbum. Ignorando este detalhe, ‘dust on your hands’ equilibra sensualidade, desejo e insegurança na medida certa, sendo um bom acerto para Beer neste início. Em ‘the innocent’ voltamos ao ponto de vista melancólico e entristecido da narrativa principal. Nesta faixa, o eu lírico utiliza cada mínimo verso para transmitir a sua dor e desespero por uma relação que terminou, marcado por partes que conseguem passar perfeitamente as sensações da artista, a exemplo de: ‘And even though the structure is in pieces, you\'re the only one I trust to tell me I\'m hurt / Now the marks have returned with the waves of the wind on the sand’. O ponto a ser observado aqui, e em outras faixas do álbum, é o tamanho excessivo dos versos, embora deixe clara a mensagem que a artista gostaria de passar, pode tornar a escuta cansativa e repetitiva. A parceria com Maddie Taylor em ‘i wrote this song instead of talking to you’ nos coloca novamente em desordem cronológica, mas sem destoar da faixa anterior, ponto muito positivo para a fluidez do álbum. O estilo das artistas é bastante semelhante, Maddie realmente agrega um frescor a faixa com seus versos e de quebra a colaboração carrega a melhor estrutura lírica desta primeira parte do álbum, embora não tenha a mesma interessante carga dramática de ‘the innocent’. Um dos grandes destaques do álbum, ‘down the stairs’ contém uma composição inteligente e afiada, storytelling de ponta e com poder de fazer o ouvinte imergir na cena, a perspicácia da faixa é tanta que a cada novo play é possível que novos detalhes sejam percebidos em seus versos. ‘jungle’, ‘lucky ones’, ‘enough for me’ e ‘i wanna believe’ retomam a perspectiva melancólica das canções. Embora ambas não tragam nada de novo para a compreensão em geral do álbum, a artista preserva o padrão das composições que observamos até o momento, com um destaque para o refrão de ‘jungle’, do qual traz várias das melhores metáforas do projeto. Chegando na reta final do álbum, ‘september to november’ surpreende como a melhor composição de todo o projeto junto de ‘down the stairs’. A faixa de número nove traz ótimos versos, bastante melódicos e bem estruturados, escritos de forma inteligente e sagaz, agregando carisma pelo eu lírico e gerando empatia. Além disso, é um grande respiro ao sabermos que o eu lírico está bem e seguindo a sua vida, consolidando a evolução e progressão da narrativa. O álbum é encerrado com ‘mad woman’ e ‘emiliy’s poslude’. A primeira é uma homenagem a uma grande amiga e, ao mesmo tempo, um pequeno conto dos fatos que cercaram esta relação, trazendo um dos versos mais interessantes e intrigantes do álbum em sua ponte: “And then I remembered how we were two, about the things of before / Now in front of her, I could relive how much I cried when you were gone”. A última é um grito de libertação da artista e uma certeza de que o pior em sua vida já passou, refletindo sobre as lições aprendidas durante o processo. Sem dúvidas, o encerramento ideal para o álbum. Para os próximos trabalhos, seria interessante a artista explorar mais o seu lado irônico e desafiador, presente em faixas como ‘down the stairs’ e ‘september to november’, além de um maior cuidado relacionado a estrutura lírica das suas canções. Por fim, pode-se dizer que a artista executou um bom trabalho em ‘things i wish you said but you don’t’, mantendo-se constante em todas as suas canções e tendo êxito em atingir o ouvinte com as diversas situações vividas.

Pitchfork

92

Emily Beer lança seu quarto álbum de estúdio sob o título \"things i wish you said but you don\'t\". Mantendo sua presença no gênero alternativo, ela agora direciona sua atenção para explorar instrumentos mais pesados. O álbum gira em torno das complexas emoções de um relacionamento passado que, sem dúvida, deixou uma marca no coração da artista. A introdução, \"graveyard’s roses intro\", estabelece o tom desde o início, com versos muito bem escritos que deixam os ouvintes ansiosos para explorar o diário que a cantora compartilha. À medida que nos aprofundamos na história, fica claro que o projeto não se trata apenas do ex-companheiro, mas sim das experiências e reflexões da cantora, retratados de forma não linear. Isso resulta em uma experiência criativa e ousada, onde os sentimentos variam de solidão extrema a intensas discussões. Todas as faixas do álbum se destacam por suas próprias razões, mas o verdadeiro destaque está nas reviravoltas de \"september to november\", \"down the stairs\" e \"lucky ones\", em que cada uma oferece uma experiência única e cativante. As demais, \"i wrote this song instead of talking to you\" e \"the innocent\" exploram a solidão de maneira impactante, porém, surfam em uma temática semelhante, o que enriquece ainda mais as citadas anteriormente. Por fim, \"emily’s poslude\" encerra o álbum com chave de ouro, um belo desabafo sobre as experiências desse processo traumático. A notável força lírica de Emily Beer é indiscutível, e sua habilidade em criar letras profundas e cativantes é verdadeiramente impressionante. A escolha de optar por faixas mais curtas em comparação com seus trabalhos anteriores é um acréscimo significativo à sua trajetória musical. Essas faixas mais concisas permitem que ela explore as emoções de forma mais concentrada, entregando uma experiência intensa e impactante que ressoa profundamente com seus ouvintes, solidificando ainda mais seu lugar como uma das melhores do seu gênero. No entanto, seria interessante vê-la expandir sua expressividade para além das experiências amorosas e dramas de um coração quebrado. A artista demonstra um potencial significativo para explorar outras facetas de sua vida e emoções, enriquecendo ainda mais seu repertório e proporcionando aos fãs uma visão mais completa de seu ser. A capacidade de Emily em contar histórias e transmitir emoções poderia ser aplicada a uma variedade de tópicos e vivências, o que poderia levar sua música a novas alturas e conquistar um público ainda mais diversificado. Em questões visuais, o álbum é polido, com destaque para a escolha na tonalidade da cor azul na capa, que instantaneamente atrai a atenção. No entanto, ao explorar o encarte, somos apresentados a uma mistura de cores e ambientes que, embora talvez pretendessem representar a complexidade dos sentimentos abordados nas músicas, acabam por não criar uma harmonia visual convincente. Ainda assim, há pontos positivos a serem mencionados, como a tentativa de expressar a multiplicidade de emoções. Em última análise, o visual do álbum se esforça para capturar a profundidade das músicas, embora possa não atingir completamente seu potencial estético. Emily Beer demonstra uma habilidade notável na composição de letras profundas e cativantes, e isso é inegável em seu quarto álbum \"things i wish you said but you don\'t\". No entanto, é chegada a hora de explorar novos horizontes artísticos e temáticos. Emily tem demonstrado sua versatilidade técnica em faixas mais curtas e em sua ousadia ao abordar um conceito não linear. Os ouvintes estão ansiosos para ver mais de sua criatividade, buscando inspiração em diferentes tópicos e referências artísticas. Depois de uma trajetória notável na música, é o momento ideal para Emily Beer ampliar ainda mais seu repertório, surpreendendo e encantando seu público com novas facetas de sua talentosa carreira. Em última análise, o álbum tem o potencial de se destacar para além da critica especializada como um dos melhores do último ano.

Billboard

88

Surgido por um anúncio de surpresa, Emily Beer lançou o seu quarto album estúdio intitulado \\\"things i wish you said but you don’t\\\". Sempre com seu apego e consolidação no gênero alternativo, que aqui também está presente, agora a cantora tem como foco explorar mais o rock e assim abranger sua capacidade com a versatilidade. O disco possui como enredo principal uma explosão de sentimentos sobre um antigo relacionamento que, provavelmente, tenha marcado a vida de Beer; A sua concentração está voltada em retratar esse relacionamento e traduzir seus sentimentos em cada faixa. A intro \\\"graveyard’s roses intro\\\" diz muito sobre isso apenas no seu pontapé inicial, com versos marcantes e bem escritos, faz-se impossível não comer todas as suas unhas de ansiedade pra abrir esse diário sobre o que Emily Beer retratou e quer o exibir. Ao adentrar-se nessa história, percebe-se que o projeto aqui não é sobre o ex-companheiro e nunca foi, e sim sobre o que passou na cabeça da cantora, de forma não cronológica, momentos dispersos, momentos vividos e realistas, e momentos de pensamentos profundos de \"E se for assim?, inspirados nesse relacionamento, mas ao mesmo tempo nela mesma; Apesar dessa mistura de etapas, onde vai de um sentimento de solidão extrema pra uma briga fervorosa, a forma como a cantora trata com cuidado todas as canções, a escrita, o conceito, faz com que essa \"desorganização cronológica\", na verdade, transforme numa experiência arriscada, mas criativa; Canções como \\\"september to november\\\", \\\"down the stairs\\\" e \\\"lucky ones\\\", são reviravoltas espetacularmente bem escritas, é possível imaginar uma série com cada episódio um pedaço do que o eu-lírico está vivendo, são as canções de maiores destaques e, provavelmente, as maiores já escritas em toda sua discografia. Ademais, em meios a um encontro em um desencontro, o disco também apresenta, mesmo que minimamente, abordagens que se assemelham em algumas faixas e traz um sentimento parecido que já retratado, como, por exemplo, a solidão é o sentimento mais pontuado aqui e pode ser encontrado nas canções \\\"i wrote this song instead of talking to you\\\", \\\"the innocent\\\" e, até mesmo, na incrível \\\"september to november\\\", ao fazerem alusões a este tópico em seus versos e pode-se, também, encontrar vestígios nas demais, o que traz um sensação de repetitividade, mas não de forma brusca que, de certa forma, atrapalhe a experiência gravemente. Assim como foi introduzido perfeitamente, a faixa \\\"emily’s poslude\\\", também, fica responsável pelo encerramento do projeto de forma eficientemente; É ousada, é uma mistura de sentimentos, tanto na lírica quanto no instrumental, e resume toda a experiência que neste foi retratado. O visual foi feito pela incrível TAMMY, onde há um foco na cor azul, chama atenção pela capa e contra-capa e o cenário preenchido com esta cor, no entanto, ao adentra-se no encarte, há uma mistura de cores e ambientes que, visualmente, não combinam; Poderia acentuar que a intensão seria retratar a mistura de sentimentos em analogia as imagens, mas mesmo assim essa combinação acabou não ficando tão atrativa como desejado, mesmo tendo seus pontos positivos. O quarto album de Emily Beer é lírico, a sua essência é lírica, é um diário e a intensão é expressividade, escrever, retratar, transmitir e isto é feito da melhor forma possível; Apesar da divulgação tímida, o disco tem potencial de ser um dos seus maiores destaques da sua discografia, mas seria preciso uma atenção maior da cantora de levar todo esse trabalho para o público. Um grande disco precisa ser visto.

Los Angeles Times

75

Retornando aos holofotes com seu quarto álbum de estúdio, a cantora norte-americana Emily Beer apresenta \\\\\"‘things i wish you said but you don’t\"\\\\. Trabalhando pela primeira vez com o Rock, a artista, por meio de suas redes sociais, descreveu o projeto como \"único\", \"agressivo\" e \"desafiador\". Em uma composição atmosférica e cheia de contrastes, \\\\\"graveyard’s roses intro\"\\\\ é responsável por introduzir o álbum. Narrando o declínio de um relacionamento, vários detalhes são apresentados de forma extremamente descritiva. \\\\\"We planted roses of love in a vast garden\"\\\\ e \\\\\"I looked for the golden stars along the way and I was already reaching the edge of the cliff\"\\\\\\ trazem como proposta a ideia de começo e fim. O verso dois, como um todo, exagera em suas referências, fazendo com que toda a melancolia exposta pela cantora soe um tanto confusa. Contudo, Beer soube criar uma introdução única e poética. \\\\\"dust on your hands\"\\\\ recorre a artifícios melodramáticos para narrar o anseio de Emily em ser apenas \\\\\"mais uma\"\\\\. Com versos recheados de metáforas, a faixa utiliza de situações extremas para enriquecer sua carga dramática. \\\\\"What if our new house is on fire?\"\\\\ e \\\\\"Would you still stay? You\'d just watch me die\"\\\\ exemplificam isso. Nota-se o empenho da artista para criar uma narrativa que aprofunde a sensação de dor e insegurança do relacionamento, contudo, alguns fragmentos podem soar demasiadamente exagerados. \\\\\"And you\'ll watch me die\"\\\\, \\\\\"Dying trying to be good all the time\"\\\\, \\\\\"To try to make up for how you saved me\"\\\\ são versos que não fazem sentido e não enriquecem a música. Ditando uma nova diretriz ao long play, \\\\\"the innocent\"\\\\ surge como um verdadeiro hino para ser cantado em estádios lotados. De maneira honesta, a cantora exibe uma composição nostálgica, narrando o término do relacionamento que permeia o álbum. Se permitindo ser vulnerável e deixando as firulas de lado, a artista consegue criar uma faixa emocionante, trazendo à tona uma forte reflexão sobre a dor e o luto. Quando se fala sobre sentimentos, o fim de uma relação pode ser caracterizada como uma \\\\\"morte\"\\\\ e Emily sabe muito bem disso. Com um pouco mais de sete minutos e um instrumental digno de uma produção épica, a faixa se consagra como um clássico instantâneo na discografia da norte-americana. Anunciada como o primeiro single do projeto, \\\\\"i wrote this song instead of talking to you\"\\\\, colaboração com a popstar Maddie Taylor, fala sobre coisas que nunca foram ditas. Vocábulos como: \\\\\"labirinto\"\\\\, \\\\\"queimar\"\\\\ e \\\\\"fogo\"\\\\ novamente são vistos. Nota-se um certo vício de Beer por tais palavras, o que torna a leitura um tanto repetitiva. Pecando pela falta de individualidade, o verso de Taylor não acrescenta muito para a faixa, fazendo com que a parceria entre as artistas se torne monótona. Há de se elogiar o visual minimalista e etéreo, com uma belíssima fotografia de Emily vestida de anjo. A ideia de desabafar é interessante, mas falta polimento. Uma rápida revisão poderia ter evitado o uso excessivo de certas palavras – que já foram vistas anteriormente em outras músicas. Descrita como uma canção fervorosa \\\\\"down the stairs\"\\\\ se destaca pelo ressentimento. É uma letra direta, sem rodeios, onde o eu-lírico da obra demonstra todas as suas angústias. Já em \\\\\"jungle\"\\\\, uma canção que em tese deveria acalmar o ouvinte, mais uma vez mágoas são expostas. É uma faixa mórbida e que reitera tudo o que já foi visto no álbum. Falta frescor, aprofundamento, novas ideias. Até aqui, Beer tem criado uma ótima narrativa, que derrapa em algumas faixas repetitivas e maçantes. \\\\\"lucky ones\"\\\\ desponta como um sopro de nostalgia. Destacando-se pela ótima composição, a encenação de conflito ganha novas metáforas que são utilizadas no intuito de enriquer a narrativa de amores impossíveis. Já \\\\\"i wanna believe\"\\\\ entrega um dos pontos altos do LP. Focando em si mesma, a artista apresenta uma tocante reflexão sobre escolhas. Em uma belíssima composição, o eu-lírico dialoga com versos lúdicos, repletos de arrependimento, que demonstram todas as desilusões de uma vida apática. É uma faixa bem pessoal e comovente, onde Beer finalmente expõe as consequências de um relacionamento destruivo. De volta a narrativa, \\\\\"september to november\"\\\\ é responsável por criar todo o contexto do relacionamento. A faixa fala sobre fatos até então desconhecidos, explorando as circunstância que se conheceram e em como a artista lida com isso em tempos atuais. Aproveitando-se, outra vez, de sua \\\\\\\"insanidade\"\\\\, Emily clama pela autossuficiência em \\\\\"enough for me\"\\\\. A faixa, que não consegue se distanciar de temas que já foram abordados no início do álbum, peca pela composição desinteressante. É tudo muito autodepreciativo, não agregando nada de novo ao álbum. A penúltima faixa, \\\\\"mad woman\"\\\\, soa como um filler. No intuito de criar uma homenagem, a cantora narra memórias com sua amiga enquanto as intercala com versos sobre seu trágico relacionamento. Talvez, uma tentativa de expandir a narrativa, mas que acaba soando confusa. \\\\\"emily\'s poslude\"\\\\ encerra o projeto com uma gravação feita durante sua turnê por Londres. A faixa funciona como um desabafo, um relato sincero sobre todas as suas experiências, consequências, traumas e todo o seu processo de cura. É honesto e nada piegas. O visual, produzido pela própria Emily, é simples. As fotografias possuem um viés mais alternativo e funcionam ao explorarem uma atmosfera íntima. No entanto, quando se pensa na carga emocional que envolve a obra, esperava-se uma abordagem um pouco mais dramática. Vale ressaltar o trabalho soberbo de Tammy no que abrange a parte digital. Em \\\\\"‘things i wish you said but you don’t\"\\\\, uma experiência sufocante, fúnebre e cheia de nuances poderia ter sido conduzida com um pouco mais de leveza – a agressividade nem sempre precisa ser levada ao pé da letra. Através de uma lírica honesta, a artista acerta ao expor seus dramas pessoais, mas peca ao desenvolvê-los de forma repetitiva. Apesar de possuir uma narrativa difícil de se conectar com o ouvinte, é um álbum ousado e que certamente define Emily Beer como uma das artistas mais profundas da atualidade.

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