Solaris - Rubia

The Line Of Best Fit
Rubia surge com um conceito intrigante, uma viagem psicodélica e a volta para um passado nostálgico em seu extended play \"Solaris\". A latina entrega um criativo projeto que nos faz embarcar para esse lugar místico e desperta desejos por um cogumelo misterioso. Sentimental e divertido, Rubia entrega sua essência e nos convida para conhecer um pouco da sua mente e das suas memórias afetivas. A cantora inicia o extended play com a faixa título \"Solaris\". O eu-lírico observa seu passado e faz questionamentos íntimos. A culpa é um grande fardo para ele, invade a sua cabeça e não o deixa passar para os próximos passos. A letra é carregada de metáforas que são bem conduzidas. É impressionante como uma letra tão simples consegue transmitir sentimentos enormes. A segunda faixa, \"Walk On Spring\", carrega um lindo significado, a saudade de uma bela amizade de infância. O eu-lírico relembra todos os bons momentos passados ao lado dessa grande amiga e clama para a primavera ser eterna. A construção da faixa, por mais simplista, passa a melancolia da saudade de forma clara. \"1997, Mary\" é uma homenagem à mãe de Rubia. A faixa segue a atmosfera sentimental de todo o EP e narra um pouco dos traumas que essa mulher tão especial teve que enfrentar. Rubia demonstra uma cordialidade com sua mãe e a beleza de um amor incondicional. A lírica é emocionante, com um refrão cheio e carregado de melancolia. \"Lost Metropolis\", colaboração com o cantor Kaleb Woodbane, carrega uma premissa diferente e interessante; uma viagem psicodélica para uma cidade mística após o uso de cogumelos alucinógenos. Essa premissa da letra intriga bastante e a lírica não se perde. A letra é divertida, cheia de partes malucas, dignas do psicodelismo fantástico. Rubia e Kaleb possuem uma química perfeita e condizente com a faixa. Continuando na sua viagem psicodélica, \"Atlantis Parade\" finaliza o extended play narrando as descobertas íntimas de Rubia, questionamentos sobre um futuro incerto e a celebração de uma nova fase. O eu-lírico se sente livre e enxerga a vida como um mar de fantasias, muito por causa do cogumelo que o faz viajar. A faixa é divertida, como a sua anterior, e finaliza o projeto apresentando um ponto final à narrativa de nostalgia e busca de Rubia. O visual é perfeito, entregando uma fotografia intimista, mas com detalhes que acrescentam na arte final. Os desenhos que buscam retratar a viagem alucinógena são muito bonitos, passando a ideia de algo nostálgico. O encarte explora tudo que foi apresentado no EP, transmitindo uma beleza exuberante. Rubia entrega criatividade, qualidade e uma narrativa brilhante, mostrando que com uma ideia pequena, mas potente, ela consegue criar um ótimo projeto que não será esquecido em sua discografia.
AllMusic
Após uma estreia bastante barulhenta na indústria, Rubia apresenta. \"SOLARIS\", uma aposta descontraída da artista de relatos sobre sua experiência com alucinógenos em uma viagem pelo litoral da América do Sul. Com a promessa de um verdadeiro encontro psicodélico, a artista passeia entre o melhor da Bossa Nova e da música alternativa para entregar seu novo projeto. A faixa título, cujo abre o Extended Play, é um dialogo honesto e vulnerável, em que a artista confronta o seu antigo eu, e como as inseguranças daquela sua versão definiram muito quem ela é atualmente. A lírica possui uma leveza inegável e consegue manter o otimismo equilibrado com uma certa parcela de melancolia. Seguindo para a segunda faixa, encontramos \\\"Walk On Spring\\\", uma canção bastante nostálgica e bem escrita, nesse momento a artista faz um bom uso metafórico sobre qual estação do ano parece ser a sua preferida, a primavera, em um mix de lembranças tão doces que faz você visualizar tons pasteis nos cenários criados para esse momento. \\\"1997, Mary\\\", terceira faixa do compilado, traz o que talvez seja uma das letras de maior exposição da artista, relatando a vida de sua mãe de modo tão vulnerável e frágil, mas tão frágil ao ponto de tornar a canção em algo muito forte. Rubia se compadece tanto pelos acontecimentos ao longo da vida de sua mãe e entende que sua criação pode ser resultado de inseguranças geracionais, trazendo uma mensagem bastante inspiradora de superação. Em sequência chegamos a única colaboração com outro artista no EP, em \\\"Lost Metropolis\\\", Rubia convida o grandioso Kaleb Woodbane para dividir seus versos em uma canção que faz de fato a primeira viagem psicodélica prometida pela artista e muito provavelmente o primeiro suspiro genuíno do conceito proposto. Nesse momento, a lírica de Rubia parece estar muito mais robusta, talvez sendo inspirada pelo featuring da faixa, que é uma canção muito bem escrita sobre uma realidade bastante utópica que só é possível tendo a ajuda externa de alguma coisa, como um alucinógeno bem dizendo. \\\"Atlantis Parade\\\" a parada final, como dito pela artista, é a viagem que tanto esperávamos encontrar, aqui a linguagem figurativa é usada de forma bastante lúdica e facilmente é uma das faixas mais carismáticas do projeto, mantendo o nível de escrita bem executada e sendo um acerto digno para o conceito criado. Em síntese, temos um trabalho muito bem elaborado em que a lírica consegue ser tão protagonista quanto o seu visual, mas existem suas ressalvas como a falta de ambientação as praias da América do Sul que receberam destaque na descrição do album, ou as viagens psicodélicas que só encontramos de fato nas duas últimas faixas do extended play, já que as três primeiras faixas se deixam levar por questões do passado que precisavam ser expostas mas sem ligação direta com a viagem que inspirou a narrativa, o que fica subentendido. Talvez por esses e outros motivos, \\\"Atlantis Parade\\\" mereça seu devido destaque por ser uma das canções que melhor flerta diretamente com a proposta do EP. É preciso ressaltar que a apresentação do conjunto da obra é muito bem executada aqui, já que temos um visual que vai de encontro com a proposta lírica que realmente faz você vislumbrar cores pasteis. Mas assim como todo projeto, entre altos e baixos, \\\"SOLARIS\\\" é uma aposta inteligente da artista para não ser esquecida tão cedo na indústria.

Pitchfork
Após seu blockbuster debut album “Estrella Fugaz”, a latina Rubia está de volta com seu extended-play, o SOLARIS. Composto pela própria cantora, contém uma parceria com Kaleb Woodbane e é produzido por Rubia e PRAYOR. O projeto que em seu escopo narra uma viagem alucinógena pelos litorais sul-americanos, da o pontapé com a faixa-título “Solaris”, que aborda a culpa pelos erros cometidos no passado em uma narrativa em uma espécie de conversa com seus imbroglios, utilizando de metáforas com cores nos primeiros versos, ganhando um punch lírico no refrão com a abordagem da personificação de tal sentimento na narrativa. “Walk on Spring” é a segunda faixa do projeto e aqui, a latina repete mais uma vez o uso de cores. O laço da amizade amarra a faixa que, desenvolve o clima de verão ou de uma temporada feliz e colorida, sendo um salto lítico e temático muito interessante dentro do projeto. A faixa número três se chama \"1997, Mary” que é nada mais do que uma homenagem a mãe de Rubia. A sensibilidade lírica é muito bem presente aqui, onde a narrativa da canção não apresenta desvios ou fios soltos. É o tipo de canção que toca o coração mais duro ou a alma mais sublime. Ponto fortíssimo do compilado. \"Lost Metropolis\", é a única parceria do EP e, conta com Kaleb Woodbane. Aqui encontramos um teor lírico um tanto quanto mais ácido e “bittersweet”, propositalmente ou não, remetendo muito a sensação de estar lidando com os sentimentos conflitantes quando se está sob efeito de alguma substância. Poderia ser descrita como um sonho febril e psicodélico. “Atlantis Parade” é a última faixa e o único single do projeto. Não existiria faixa mais apropriada para encerrar a viagem narrada por Rubia até aqui. A faixa representa todos os estágios e sensações dessa experiência alucinógena, abordando a pergunta do que ainda está por vir. A parte visual é simples, mas muito polida digamos. Não existem elementos visuais muito inovadores ou ousados, mas bem encaixada a proposta. As cores e as fotos traduzem o “calor” do verão ao ouvinte. Talvez o “Solaris” seja o tipo de projeto que serve como catalisador de tudo que um artista estreante pode absorver de sua primeira era, mas ainda pode testar antes de seguir para um novo estágio. A aventura regada de entorpecentes é gentil e um pouco ousada até. O EP sem sombra de dúvidas servirá como mais uma lição a ser estudada por Rubia em relação ao seu futuro.

Variety
Depois do grande sucesso de seu debut álbum, Estrella Fugaz. Rubia nos apresenta seu primeiro Extended Play, intitulado de Solaris. Com um conceito despojado e interessante que te leva a uma viagem de verão psicodélica a momentos marcantes do passado. A artista Argentina ousa e traz uma sonoridade que mistura o MPB com o gênero alternativo psicodélico que pode aprimorar a experiência de uso dessas drogas. A faixa-título abre o compilado de 5 canções, “Solaris”. A canção traz em seu conceito a revisitação do eu lírico com o seu passado, enxergando nele o sentimento de culpa que o assombrava, impedindo-o de dar novos passos. Liricamente a faixa começa de uma forma tíbia, o que é modificado ao chegar no refrão, o ponto alto da canção, onde a artista usa de uma escrita inteligente e cativante, seguindo assim até o final da faixa. “Walk on Spring” é a faixa seguinte, trazendo a saudade sentida da sua amiga de infância como princípio da canção, Rubia nos agracia com uma lírica delicada e meiga, nos fazendo aprofundar em seu laço de amizade e se deliciando com uma boa canção. “1997, Mary” é a terceira faixa do projeto, com um teor mais melancólico, Rubia traz a perda da inocência causada por traumas. A canção é um dos pontos altos do Extended Play, a Argentina traz com excelência um tema pesado, mas de uma forma empoderadora. Chegamos a faixa que traz de fato uma viagem psicodélica entre amigos. Rubia se junta ao premiado Kaleb Woodbane, viajando para uma cidade utópica onde encontram a felicidade, por naquele momento terem seus desejos mais irreais e improváveis atendidos. O verso do britânico é genial, elevando o conjunto da canção. A faixa escolhida para encerrar o EP, é “Atlantis Parade”. Em uma viagem alucinógena também tem o momento de indagações e auto conhecimento, e é sobre isso que essa faixa nos conta. Tendo um refrão poderoso e frenético e como ponto algo, a canção nos apresenta talvez os próximos passos da grande estrela latina em ascensão. O visual do Extended Play é polido e bonito, mas destoa um pouco do conceito. Mesmo com bonitos tons pastéis e uma suavidade gostosa de se olhar, não conseguimos viajar pelo mundo psicodélico, não passeamos entre as cores vibrantes e quentes, nem tão pouco sentimos a sensação de extravagância e excentricidade que em qualquer jornada psicodélica nos proporcionaria. “Solaris” é um projeto desafiador para a Rubia, nos trazendo uma nova visão sobre a artista. Mesmo com algumas músicas fugindo do conceito principal do projeto, o compilado de canções consegue entregar uma lírica forte e inteligentes, nos fazendo querer embarcar nessa viagem ao lado na miss simpatia da indústria musical. O primeiro extended play da Rubia é uma substância alucinógena não tão agressiva, que te fará ter uma viagem não tão obscura e pesada, te levando a uma camada doce e good vibes dentro do universo psicodélico.

Spin
Rubia lança seu extended play SOLARIS com a intenção de levar o ouvinte a uma viagem psicodélica inspirada por aquela que ela mesma teve durante um passeio com seus amigos. Os visuais, produzidos pela própria artista em parceria com PRAYØR, evocam essa narrativa com maestria, optando por uma paleta de cores claras, quase em tons pastéis, mas ainda com forte presença do laranja - cor evocativa da estação do ano que a artista certamente queria incluir em seu projeto. O EP se abre com a title track, SOLARIS, que já subverte as expectativas do ouvinte de cara com suas letras reflexivas, que certamente o fariam pensar que se trata de um projeto triste se não fosse pelos visuais floridos. \"Você poderia ser a mais brilhante / Mas as versões de si sempre te sabotaram\" certamente habita em corações partidos pela crueldade da vida mundo afora. WALK ON SPRING, a faixa seguinte, é dedicada às memórias cultivadas por Rubia com uma antiga amiga - é um tanto cruel lembrar que amizades já foram mais simples antigamente, e as promessas que Rubia faz sua amiga fazer são uma evocação dessa sensação de medo de que tudo mude demais para se manter vivo. 1997, MARY é o título que mais instiga ao depararmos com a tracklist do EP. Trata-se de uma homenagem à mãe da artista, e a como as adversidades a imergiram em uma espiral de insucessos, mas em como o fruto de algumas dessas dores (a própria Rubia) estará sempre lá para apoiá-la - \"Enquanto todos caem no esquecimento da ignorância / Você reluz com a beleza da bondade que te renegaram\". LOST METROPOLIS, colaboração com Kaleb Woodbane, é a faixa que mais resgata o conceito apresentado no encarte e na produção do EP. Cantada totalmente em inglês, a faixa mergulha no conceito de explorar os pensamentos tidos após a ingestão de alucinógenos, e cada verso é uma alucinação por si só, mas tudo faz sentido dentro de sua própria bagunça. ATLANTIS PARADE é uma parada final na viagem alucinógena, a parada final do extended play e talvez uma das faixas mais misteriosas da carreira de Rubia. Ela finalmente se sente sem direção, mesmo tendo chegado ao seu destino; entretanto, sua autoconfiança nos versos faz com que pensemos que tudo está sob controle. SOLARIS é um projeto feito por uma artista tomando o controle sobre suas próprias sensações em um momento onde todos os pensamentos surgem ao mesmo tempo dentro dela mesma.

Billboard
Com o \"Solaris\", Rubia trás uma proposta diferente já vista até então: a artista mergulha em seus sonhos mais profundos, ou dizendo melhor, memórias mais profundas e conta uma história alucinante sobre seu passado e presente, fazendo o ouvinte entender melhor sobre todas as principais experiências que formaram a personalidade de Rubia. É uma proposta diferente, e Rubia consegue aplicar de forma intensa e majestosa. Suas composições são cativantes e transparecem toda a emoção que a artista almeja transmitir. Começando pela faixa título, \"Solaris\" é uma faixa inteligente, onde cada verso mesmo que poucas palavras sejam usadas, lhe causam uma nostalgia simbólica; como se voltássemos no tempo com a cantora e conseguíssemos ver a cena reproduzida como em filmes. Em seguida, \"Walk on Spring\" é uma faixa doce, bem composta e transmite uma emoção de Rubia que precisávamos sentir, e artista soube transmitir isso na música. Seguindo para as músicas finais, Rubia caminha mantendo um bom nível de composição nas faixas \"1997, Mary\" e \"Lost Metropolis\", sendo a última citada a melhor música do projeto. Em \"Lost Metropolis\", a artista entra no seu estado de extâse e mergulha de vez no seu estado alucinático ao lado de Kaleb, com uma composição inteligente e que não se torna monótona através dos versos, o que poderia ter acontecido; mas os artistas conseguirem trazer versos diversificados, que não se combatiam entre si, mas agregavam juntos uma boa composição. \"Atlantis Parede\" encerra o álbum em boa forma, com uma composição boa para final de álbum, onde dá um ponto final para a viagem e mostra que Rubia está pronta para seguir em frente. Seu visual é encantador, a fotografia das imagens produzidas por Kaleb são incríveis, dando uma leveza ao álbum; que talvez não fosse o forte do álbum. A proposta alucinante do álbum talvez exigisse um visual menos sofisticado e mais exibido, digamos assim; onde apesar de bonito e bem trabalhado, deixa um ar de o visual não casa 100% com a proposta do álbum, onde mesmo que a proposta seja transmitir suas memórias de forma sincera, algo parecia estar faltando. De fato, podemos concluir que Rubia é uma artista que chegou para ficar e seus trabalhos vão apenas crescer, já que em \"Soloris\" a artista mostrou ser uma ótima compositora, criativa e não tem medo de ousar nos seus conceitos e composições para demonstrar o seu talento. Rubia é alguém que definitivamente precisamos ficar de olho, e esperando seus próximos lançamentos quando apenas um extended play deixou um gostinho de \"queremos ABSOLUTAMENTE mais!\".

The Boston Globe
SOLARIS é um extended-play lançado no dia 12 de Janeiro de 2023, sob o selo da Millenium Music, com os gêneros da Música Popular Brasileira Alternativa e totalmente escrito por Rubia e Kaleb Woodbane, com a produção em parceria da artista principal com PRAYOR. O início da obra vem com a faixa-título \"Solaris\" quem tem como principal tópico a culpa. A faixa faz parte das canções de altos e baixos, mas aqui ao contrário, baixos e altos, iniciando de forma morna e com jogadas previsíveis, brincando com a psicologia das cores de maneira datada, porém, mais a frente, as acrobacias líricas elevam a partir do refrão, idealizando a personagem da canção como uma grande personalidade, velada pela sua culpa, mas que busca tomar um pouco de atenção de si própria. \"Walk on Spring\" deveria se chamar Walk on Colors, por que todos os versos giram ao redor de paletas e tons pastéis. A amizade e a saudade sãos os pontos chaves desta música e a execução é boa, pois as jogadas nostálgicas criadas por Rubia fazem sentido e fecham o contexto de maneira clara, mesmo com a ideia da Primavera não acontecendo, de fato. A terceira faixa, \"1997, Mary\" assemelha-se de forma percentual com a canção de Sana Dawn Thomas, \"Red Lipstick\", em seu conceito. A diferença é que por aqui a visão da beleza e a visão materna se dão a sujeitos diferentes. Nesta faixa, finalmente Rubia atinge a excelência comparada as faixas anteriores. Tão bem polida e feita, a faixa é sucinta em contar sobre a perda da ingenuidade pós traumas, mas com um tom positivo e empoderador, contando uma história linda por trás de Mary e como esta a definira, em outro momento, com uma mulher que amadurecera. A realidade da semelhança está presente em mais uma faixa, sendo \"Lost Metropolis\", em parceria com Kaleb Woodbane, a irmã mais nova de \"Walk On Springs\", que aqui está mais rebelde, por falar abertamente sobre uso de alucinógenos. A amizade volta à tona numa jornada psicodélica e a lírica desta faixa entrega muito e tudo para o que veio, com destaque para Kaleb, em um verso avassalador. O refrão de \"Atlantis\" entrega muito e talvez o que pode estar por vir no futuro da carreira de Rubia. Dizendo que sua próxima e última parada é Atlantis, Rubia está mais feliz do que nunca, num amadurecimento em sobriedade, pós embriaguez, carregada de metáforas limpas e precisas, numa estonteante poesia desta menina de pés a fios de seda. A produção visual é simples, minimalista e um tanto infantil. As flores aquarelizadas e até um cogumelo mal tridimensionalizado aparece em uma das faixas, porém a tipografia um tanto hippie traduz o final da jornada de Solaris, as duas últimas faixas, retomando com o vetor do espiral colorido aplicado a booklet, na ideia de estar em uma ilusão e relembrando a primavera inexistente de \"Walk on Springs\". O EP de Rubia é um projeto caracterizado como um entorpecente doce, fácil de usar e que demora pra fazer efeito, levando você a usa-lo mais e mais vezes, mas nem sempre usando-o da mesma forma, deixando de lado determinadas versões, ou faixas, e mesmo acontecendo perfeitamente em 60% do disco, o restante é material para molde, favorecendo o futuro da carreira da artista latina, em rumo ao rigor. É um trabalho californiano.
Los Angeles Times
Após uma estréia fenomenal na indústria, em busca do sucessor de “Estrella fugaz”, Rúbia nos leva a uma viagem psicodélica, dentro da sua nova proposta de trabalho mais reclusa dos meios mainstreaming, usufruindo do Bossa Nova e o alternativo, como sua posse sonora, “Solaris” é possivelmente o novo frescor do verão latino. Em sua abertura com a faixa-titulo, “Solaris” trilha em uma breve alusão da sobriedade, e ao mesmo tempo, uma busca de lucidez na cabeça do eu-lírico. Embora sirva-se mais como interlúdio, ou uma track de diálogo, é válido revigorar o quão prazeroso as composições de Rúbia são, talvez por ela manter a genuidade e praticidade em suas líricas, a torna tão especial e alvejada pelos críticos da música, e a track “Solaris” não se distância disto, pelo contrário, trouxe os ares da Rúbia de “Estrela Fugaz” em encontro a uma nova Rúbia, mesmo que a própria ainda não a reconhecesse. A faixa a seguir “Walk On Spring” registra como uma das canções mais significativas do parâmetro dentro das canções da música latina, “Walk On Spring” é revigorante em todo o seu aspecto sonoro e lírico, é uma narrativa que guia o ouvinte a um sentimento etéreo, canções sobre companheirismo tem-se criado força no mercado fonográfico, e isso é um fato, no entanto, a maneira que a dona do sucesso “Para ti” desenvolve em “Walk On Spring” possui um tom de total transparência em conversa a saudades, é uma obra singela, os primeiros versos é sem dúvidas, um dos grandes atrativos da canção. “Walk On Spring” é uma das grandes apostas para “Track Of The Year” nas premiações futuras, e tenhamos dito. “1997, Mary” não perde-se os holofotes, embora com um teor mais melancólico, a faixa traz temáticas indispensáveis em discussões atuais, a abordagem sobre a perda da inocência em meio da amargura. A composição por si já é atraente, entretanto, a maneira em como foi construída em um plano de terceira pessoa é preciso valorizar um pouco mais, afinal, é deveras complexo um artista sair bem sucedido em estruturar uma composição que saia do seu campo de visão/vivência, aderindo a percepção de um demais, é algo que deve-se acentuar nesta avaliação do disco. A penúltima faixa “Lost Metrópolis” agora Rúbia não está mais só nessa experiência alucinógena, ela trouxe consigo o renomado compositor norte-americano Kaleb Woodbane, para dissertar a eterna busca da felicidade em meios mais obscuros. E de fato, além de uma colaboração imprevisível para o mercado, é uma música que nos toma a atenção por completo, arte dentro de “Lost Metrópolis” é o sinônimo ideal para se identificar. Embora já comentado dentro da avaliação a criatividade e a fluidez lírica de Rúbia dentro de seus materiais, é preciso complementar que Kaleb Woodbane não fica para trás nos poucos momentos individuais que ele participa da música, o que torna uma participação além de inédita, instigante e, dentro da construção conceitual da faixa, “psicodélico” por deixar-nos envolvido a todo instante, prestando atenção nos máximos detalhes desta longa experiência bem sucedida, a princípio. E por fim, e não menos importante “Atlantis Parade” é como uma espécie de crise existencial e reflexivo de quando os narcóticos por fim, reduzem a estimulação no cérebro da eu-lírica. Neste momento, é visível que Rúbia buscou um encerramento mais do que o ideal para o projeto, em uma breve analogia, diríamos que a artista pousou-se na praia e depara-se ao horizonte questionando-se “O que virá a seguir?”, embora esteja levemente sob efeitos dos entorpecentes, a música salienta a construção de sua carreira como um todo, e da importância de seus méritos conquistados por ninguém mais que, ela mesma. O refrão de “Atlantis Parade” é o melhor dos refrões apresentados no “Solaris”, isso não é uma abertura dizendo que os demais são ruins, porém, o desta canção em específico, deixou-nos mais sentimentais e próximos da letrista. Partindo para a análise estética, o visual de “Solaris” é o “Novo Big Deal” da industria, em palavras mais esclarecedoras, a polidez e riqueza estética através de usufruir de fotografias mais precisas e translúcidas, são detalhes enriquecedores que o mercado precisava trabalhar mais, e agora com Rúbia entregando exuberância nos valores simbólicos da simplicidade em “Solaris”, outros demais poderão seguir tal exemplo. Outro lado em favorecimento a estética, foi-se a paletas de cores de tons pastéis que recheou uma experiência vívida e expansiva, a soma dos detalhamentos de pinturas/desenhos minimalistas na obra nos remeteu ao movimento brasileiro Tropicália, onde o conceito e o produto, é o enriquecedor do material como um todo, assim como a tipografia, cujo a mesma aplica uma identidade não só única como imersiva na proposta geral do projeto, as produções do disco consta com a assinatura da própria argentina, em colaboração ao espetacular diretor de artes português, Prayor, e não há questionamento de que: É uma das maiores execuções harmoniosas para um Extended Play, constando a aparência e a desenvoltura da ideia. No geral, “Solaris” registra-se como uma uma grande pegada de Rúbia nas areias do mercado fonográfico, embora seja entregue para a sonoridade latina, é visível que a artista não se tem pés enraizados nesta direção musical, Rúbia em tão pouco tempo de carreira tem-se tornado um símbolo de mudanças, e que a premissa de “inconstância” que o projeto “Solaris” aborda não trata-se somente de algo abertamente negativo, e sim que há uma exponência em meio da tão sagrada busca do “eu interior”. Utilizando-se como fórmula : aventura, resiliência e autoconhecimento, a argentina por fim, entregou um dos maiores discos nos últimos tempos.