Smoke Blurs - Danny Wolf

Pitchfork
Após o aclamado “i wrote this instead of”, Danny Wolf lança “Smoke Blurs” — seu primeiro long-play lançado em uma gravadora. Um projeto que caminha e se desenvolve diante uma fase de ascensão do artista, Wolf utiliza da estética dos anos 70 e do vermelho neon para transportar o público até a sua linha de pensamento e seus sentimentos sobre um suposto amor “escondido”, que teve seus altos e baixos durante a sua primeira digressão. “Runaway”, primeira faixa do disco, retrata em base a relação de Danny com a sua família, e o seu desejo de simplesmente desvanecer-se diante eles para ser quem ele realmente é junto ao mundo. É uma canção muito bem escrita, que retrata até mesmo o impacto de tudo isso na sua vida: traumas, os “fantasmas” o atordoando… e isso a faz uma excelente faixa. “Losing It” possui um conceito bem interessante, como se fosse algo que retratasse bem o início de um ciclo vicioso e martirizante da relação alimentada. Por mais que isso seja verdade, é uma faixa demasiadamente repetitiva, o que acaba deixando-a num momento complicado… ainda mais com a faixa que veio antes dela. “Treacherous Road” entra em um momento parecido a anterior; é uma canção evocativa e muito sensual em certos momentos, mas o grande problema é a musicalidade que parece “quebrada” em alguns momentos, como no segundo verso. Mas o seu papel de mostrar de certa forma mais sobre esse “amor proibido” é interessante, só poderia ter sido melhor executada pelo artista. “Sinner\'s Lament” é apoteótica e visivelmente um acerto; tudo funciona muito bem, seja o seu conceito, seja a sua execução. É uma canção que traz os âmbitos sexuais e pecaminosos, e todo o arrependimento e a tristeza sentida por Wolf com toda a situação, onde ele se coloca abaixo do que merece. É excelente, talvez a melhor canção do disco. “Without Him” segue a ótima sequência com uma letra confessional, mas não tão profunda… algo que é muito positivo, por sinal. É a canção mais Pop e previsível no disco, mas isso não tira o seu brilho por mostrar a consciência de Danny em se inserir numa relação que por vezes soa como unilateral de um modo intenso, o que condiz com o conceito do projeto. “2019” segue algo mais focado no início daquela relação, mas o que traz a atenção é como a canção parece dizer mais sobre Danny do que sobre seu “amado”. E isso é um ponto positivo, pois ao mesmo tempo mostra características de ambos e enriquece a narrativa. É uma linda canção, com uma carga até mesmo inocente. “Guilty Saint” é dolorosa e muito piedosa de certa vista. Mas depois se vê que é uma faixa que diz muito sobre Danny e seu estado de saúde mental. Ele se doou demais para uma pessoa que não o queria do mesmo modo, mas nesse tempo ele se martirizou demais. E isso o machucou. É uma canção muito bonita. “Sometimes You Get a Song” funciona muito bem, e mostra aquele sentimento de indignação por não sentir que é justo. Justo de passar pelas situações vividas e ver que a outra pessoa não o compreendeu, não o amou, o fez pecar e chegar à exaustão… para nada. É uma faixa bem interessante, mesmo que nem tanto que as outras do disco. “I Don\'t Know Why I Wrote This, But” é a melhor canção do projeto; visceral, pura, confessional, reveladora e angustiante o suficiente para te fazer realmente a ouvir. Ela segue algo mais intenso que as outras, aqui falando sobre todos os seus fracassos amorosos e emocionais, servindo como um desabafo. São muitos versos e o refrão é substituído por um hook (gancho) para o acompanhar nessa extensividade. É a faixa mais experimental e a mais reveladora de Wolf, sendo uma surpresa muito boa. “Petter\'s Interlude” é uma parte muito bonita do projeto; Wolf e Petter, seu namorado na época, basicamente discutem sobre essa relação e se fortalecem. É o tipo de faixa que causa uma excelente intimidade ao trabalho, sendo um fragmento muito bem colocado no projeto, além dos excelentes versos feitos por Petter. “Identity” pode ser perigosa pelo seu conceito, mas no final é uma ideia bem construída e executada. Não se destaca liricamente das outras canções e possuí alguns pontos que poderiam ser melhores, mas cumpre seu papel. “End of the Year” condiciona todas as canções com uma perspectiva por vezes martirizante, por vezes não. É muito bem composta e sua simplicidade é o que a faz brilhar, sendo um acerto. O visual, produzido por TAMMY, é muito bonito e traz diversos atrativos, como as luzes neon piscando nos banners e outros. Isso imerge com dificuldade no início o ouvinte, mas aos poucos é positivo. A capa e o encarte num geral são bem interessantes, mas poderiam ser menos “produzidos demais” no que se diz ao uso de efeitos para trazer o neon, aqui também podendo ser aplicado ao neon vermelho presente nas páginas de track, que chegam a incomodar um pouco de início, mas é compreendido o talento de TAMMY no seu empenho. Não é algo ruim, pois o trabalho é perfeito… apenas deveria ter sido um pouco mais polido nessa questão, talvez com uma sombra e algo do gênero. Num geral, “Smoke Blurs” é uma imensa estrada de dores e descobertas, por vezes que consegue se manter em seu conceito, mas em outras não tanto. Mesmo assim, é um álbum de estreia muito bonito e com muitas canções interessantes, algo que Wolf deve receber palmas pela assertividade.

American Songwriter
Depois de uma longa jornada de apresentação de sua real identidade, Danny Wolf lança seu debut album, agora oficialmente sob um selo por trás de seus trabalhos, o jovem artista disponibiliza \"Smoke Blurs\", um disco que por sua natureza traz a cor vermelha como representação e marca visual de sua era. Com a proposta de seguir a influência do Pop e R&B Alternativo em uma jornada nostálgica da década de 70, Danny descreve o album como um romance eminente, onde o artista detalha sua própria experiência em um relacionamento secreto e passageiro que esvaeceu como fumaça, grande causadora do borrão que nos impedem de ter uma visão limpa e genuína das coisas ao nosso redor. “RUNAWAY” abre o disco, mas o artista deixa claro que está longe de ser o que defini o restante das tracks. \"Acho que tenho que perder meu mundo para me encontrar\", é a frase que encerra a canção que consegue ser um bom equilíbrio de sentimentalismo em sua lírica e suspense em seu instrumental, usada para descrever o que eu lírico precisou passar para experimentar o que ainda será encontrado nas demais faixas. Em sequência temos “Losing It”, “Treacherous Road”, “Sinner’s Lamente” e “Without Him” em que “Sinner\'s Lament” prova porque foi uma excelente escolha do artista em lançar como single. Nessa primeira parte do disco fica notável a desenvoltura do artista em usar e abusar de metáforas que constroem muito bem a sua linha de raciocínio e conseguindo transformar algo bobo em algo elaborado, assim como descrito pelo próprio Wolf. Em “2019” conseguimos sentir uma atmosfera muito mais sombria e melancólica, de um local do eu lírico que começou a se incomodar com todos os aspectos desse relacionamento que pareciam estar errados. Mas a chegada de “Guilty Saint” definitivamente parece um acerto na narrativa, que mais parece um pico de energia entre a faixa anterior e a seguinte, “Sometimes You Get a Song”, que busca através entre os excessos algo que explique ou traga de volta uma sensação diferente do que a sentida naquele momento que estava durando mais do que deveria. I Don’t Know Why I Wrote This, But” é a canção mais pessoal e vulnerável do album, onde o eu lírico se expõe de forma totalmente voluntária, supostamente explicando alguns \"porquês\" e justificando algumas atitudes. E é exatamente nesse momento do disco o artista atinge um novo pico em seu conteúdo lírico. Chegando no que é construído para ser a última parte do disco, temos “Petter’s Interlude” uma espécie de dialogo entre o casal, Danny e Petter, onde definitivamente a narrativa que inspirou esse compilado perdeu total força, sendo essa a primeira parte de uma nova etapa da vida do artista que se vê com a necessidade de comprovar sua inocência diante de falsas acusações a seu respeito, e tudo isso é constado na faixa “Identity”, single promocional que conta a versão de Danny acerca das controvérsias que levavam o seu nome no título. Por fim o album encerra com “End Of The Year”, que curiosamente consegue ser a melhor escolha para encerrar o album que evolui de uma situação vivida pelo artista que se fez necessária para a experiência de relacionamento fracassado até chegar na reafirmação de sua identidade. Danny sem duvidas é um dos compositores mais promissores da indústria no momento, mas \"Smoke Blurs\" é de longe a melhor forma de fazer justiça ao seu talento com a escrita. Entre canções bem construídas com metáforas, temos conceitos que não fogem do costume na indústria, mas é exatamente nisso que entra a desenvoltura do artista em fazer algo comum em único. É inegável o cuidado e empenho na apresentação visual do album. Danny em colaboração com Tammy conseguiram inovar no conceito de como se vende um material com qualidade visual impecável e polida. De modo geral, é uma excelente segunda \"primeira\" impressão do artista perante a indústria, e não existe a hipótese de questionar a evolução que Wolf irá apresentar em seus próximos projetos, tendo em vista tudo o que já foi apresentado até aqui.

Spin
Danny Wolf apresenta ao mundo seu debut álbum após meses importantes no início de sua carreira, meses esses frutos da mixtape \"i wrote this instead of\". Conceitualmente o projeto, com título de \"Smoke Blurs\", não é inovador. Falar sobre amores mal sucedidos é algo corriqueiro entre os lançamentos na indústria. Entretanto, é um tema verdadeiro e que causa fácil conexão com quem lê as letras de Danny. É notável a dedicação do artista em apresentar uma história com uma gama de detalhes e sentimentalismo, este por sua vez em alguns momentos exagerados. De modo geral, o álbum funciona mais como um expositor de ideias que talvez careciam de mais tempo para se tornarem maduras e funcionais. Quanto ao conceito visual descrito no próprio texto explicativo do disco, se espera encontrar inspirações nos filmes dos Anos 70, mas o que vemos na verdade é um visual ligado ao subgênero \"noir\" dos anos 40/50 — exemplo claro, o filme The Batman de 2022, o qual o visual do projeto empresta muito dos tons avermelhados da película. Agora, se isolarmos o conteúdo lírico apresentado podemos nos dar de cara com alguns ciclos viciosos do lado compositor de Wolf. Algo facilmente notável em suas canções é o fato dele usar repetições para reforçar a ideia de estar \"preso\" ou \"enfeitiçado\" em alguém, o que em alguns momentos funciona de forma formidável. Mas, em outros pontos, causa uma leitura maçante do disco pela repetição de ideias parecer uma falta de habilidade de preencher os versões com ideias e frases novas. Como um todo o trabalho é mais um na temática \"corações partidos\", como já citado no texto, tendo sim algumas características próprias, mas ainda assim emprestando muito do \"mais do mesmo\" que trabalhos nessa temática podem se apoiar. Quando chegamos em \"Petter\'s Interlude\", descrita como ponto de virada no disco, na canção seguinte, \"Identity\", voltamos ao mesmo sentimento causado pelas músicas que vieram antes da interlude, não fazendo sentido essa (Identity) vir após a interlude. A única faixa que realmente se destaca do resto e traz algo novo para o trabalho é \"End of the Year\" que mostra habilidades de composição de Danny mais desprendidas dos padrões que estamos acostumados, e que há nas outras canções do disco. Ainda assim, o projeto é um bom início para o artista, agora que tem apoiado de sua gravadora, Innersound. Queremos poder acompanhar o crescimento e amadurecimento artístico em seus próximos passos.