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THE PAGAN MIRACLE - Alec Weaver
89

TIME

94

Modelando a sua imagem ao Rock com os singles “Preacher Man” e “Aristocrats”, Alec Weaver logo lançou “THE PAGAN MIRACLE” – seu segundo disco, que é mais centrado em si mesmo do que seu álbum de estreia e explora seus sentimentos com uma maior gama de detalhes e com viradas ousadas. “Nihilist Poetry” é bem brutal e ácida, aqui citando os conflitos e a dor que o eu-lírico enfrenta. Faixa bem pessimista e com um ar melancólico regando as raízes dos pensamentos, é uma excelente forma de iniciar o projeto. “Faith Healer Season” continua centrando os sentimentos de Alec no disco, mas aqui com a dualidade entre querer crer em alguém e buscar respostas para os conflitos gerais que ele está exposto. Aqui a questão de um vazio e dor emocionais são explicitamente vistos e com uma intensidade interessante, mesmo que em alguns momentos deslize nessa premissa (como na ponte). Carro-chefe do LP, “Preacher Man” cospe na cara do falso moralismo. Uma canção com uma estruturação intencionada em chocar o ouvinte, é basicamente o coração do disco; é descontrolada e destemida, e num sentido mais que positivo. “Leave Me to Die” relata o encontro de Alec com alguém que se conecta com os seus ideais, pensamentos e conceitos mais profundos. Uma faixa apaixonante e ao mesmo tempo intensamente dramática (em um bom sentido), ela explora muito bem o lado amoroso no disco, sendo um ponto muito positivo na tracklist. “Aristocrats”, em parceria com Kaleb Woodbane e MOE, segue um ar ousado parecido com o do carro-chefe do projeto, mas aqui centrando isso a uma parte mais focada na exploração da classe que opera em submissão a uma classe dominante. Aqui abordando a podridão por trás de um “sistema perfeito”, é uma canção que se destaca sem muita novidade, pois é uma parceria que casa do começo ao fim. “Solstice of June” toca os dois lados sensíveis de um romance; aqui iniciando na parte mais gloriosa e terminando na parte mais difícil e dolorosa, é a melhor canção do disco; combina a lírica das anteriores, assim como aplica conceitos com uma boa exploração deles. “Intermission: Hard Feelings” e “Painkiller”, em parceria com ZANE, trazem de volta a acidez do disco. Aqui lidando com o egocentrismo visto na atualidade, a canção se complementa com a mensagem geral do projeto de forma bem positiva, com uma lírica no ponto e a adição mais que certeira de ZANE. “The Gravedancer” explora a exaustão mental e a falta de uma visão mais ampla dos seus próprios sentimentos diante as outras pessoas, aqui lidando com a classe artística e o interesse das pessoas neles. É uma faixa muito boa, por mais que sejam visíveis alguns deslizes na sua composição num geral. “Savior Complex” fala sobre cansar de vez de lutar pelo que acreditava, citando então como lutar tanto pode ocasionar em um desgaste de si mesmo e no atenuamento de outros problemas. É uma canção que mescla a agressividade com o sentimentalismo, algo bem positivo, e então a faixa é muito boa no projeto e no aspecto geral. “Paréidolie (Revelation)” finaliza o disco com a mesclagem da tristeza em seu início com a esperança em seu final, com o fito de mostrar que o eu-lírico recuperou a sua própria narrativa e sua luta diante tudo que foi abordado e quase abandonado, aqui soando como uma síntese de realmente tudo que foi abordado, sendo então um ponto bem alto no disco. O visual, produzido por Alec Weaver, imerge o ouvinte na experiência do projeto; páginas muito bem editadas, uma abordagem visual de muito bom gosto e, num geral, gera em uma experiência visual bem única. Assim, “THE PAGAN MIRACLE” marcou a virada de chave na carreira do artista, que recebeu aqui tanto as suas maiores honrarias, tanto a validação de que sua luta jamais esteve perdida.

American Songwriter

82

No seu bem divulgado segundo álbum de estúdio, Alec Weaver tece uma narrativa que se nutre de alegorias cristãs para revelar um embate entre moral e arbitrariedade, emoção e razão, religião e indivíduo. The Pagan Miracle desponta como um dos trabalhos mais comentados do ano 8, elevando a carreira de Weaver a um novo patamar de reconhecimento. Ao primeiro contato, \"Nihilist Poetry\" abre o álbum com metáforas grandiosas, que se desperdiçam pela falta de direcionamento - algo que não é exclusivo desse ponto. Em seguida, \"Faith Healer Season\" rapidamente realoca o disco nos trilhos, trazendo um refrão cativante ao passo que também tem êxito em transmitir sua mensagem - é a melhor de toda a tracklist. Um acerto da lírica de Alec foi não se ater somente a uma militância inflexível na conceituação do seu LP, trazendo canções de amor que são muito bem implantadas como \"Leave Me To Die\", \"Solstice Of June\" e até mesmo seu carro-chefe \"Preacher Man\", as quais promovem um respiro entre reflexões mais profundas. \"Aristocrats\" se alinha com a primeira música por outro espectro, pecando pela obviedade quase agressiva de sua letra. É aí onde se revela o maior defeito do disco: as intenções são audaciosas, mas nem sempre se revelam em ideias concretas bem encadeadas, principalmente quando o compositor se debruça mais explicitamente sobre críticas sociais. Essa mácula também aflige \"Painkiller\", mas a parceria com ZANE leva a melhor entre as duas presentes em The Pagan Miracle. Por fim, \"Savior Complex\" e \"Paréidolie (Revelation)\" fecham a experiência com boas notas, principalmente a última faixa, cuja amálgama final reúne bons trechos de todo o disco e é uma escolha feliz para o seu encerramento. Quanto ao visual do long-play, não é novidade que Alec Weaver é um produtor extremamente primoroso, e em seu próprio trabalho não seria diferente: aqui, ele apresenta um material de grande excelência, desde a escolha de fotografias até o tratamento das imagens, o que revela horas de trabalho minucioso sem se perder com firulas e exageros gráficos, algo que comumente ocorre. A única ressalva nesse âmbito é que o encarte poderia ter uma maior unidade em sua estética, ainda que seus elementos consigam arranjar suas distinções e se casem de forma coesa no fim das contas. De modo condensado, The Pagan Miracle é um disco intenso ao qual por vezes falta substância. No entanto, ainda que não acerte o alvo a todo tempo, Alec Weaver compensa seus momentos menos auspiciosos de modo visceral e inspirador - colocando-se como um artista disposto a agir pelo seus ideais, mais à flor da pele do que nunca, com uma virtude blindada de questionamentos.

The Line Of Best Fit

92

Após o grandioso e aclamado \"Natural Causes\", a espera pelo próximo conjunto de Alec Weaver era enorme, após o assertivo sucesso de \"Aristocrats\" e o período pandêmico de auto-reflexão do cantor, temos a grande obra pagã intitulada \"THE PAGAN MIRACLE\". Para inicio, o conceito do álbum é um acerto e sua grande paráfrase é um ponto a se invejar, a forma como Weaver amarra sua narrativa é de encher os olhos e nos deixa ansiosos para conferir todo o seu desenvolver. Começando por “Nihilist Poetry”, a faixa funciona como um livro introdutório, abrindo seu primeiro capítulo e apresentando toda a narrativa que virá a seguir, não é novidade alguma em como os versos do britânico carregam um sentimentalismo único, e nessa faixa esse ponto não deixa a desejar nesse sentido, de forma alguma. “Faith Healer Season” é um momento de grito para ecoar em todos os cómodos de uma casa vazia, Weaver discorre por toda a canção que talvez sua descrença em um Deus que o deixa para padecer em troca de uma salvação e um paraíso até então distante, mas ele não canta em seus versos com fúria, ele é singelo e sentimentalista em todo o âmbito. Chegando ao primeiro single da era, intitulado \"Preacher Man\" temos um momento de raiva, quando você sente que pra ser ouvido precisa de um ato de rebeldia, Weaver tem referencias fascinantes sobre a cultura religiosa o que engrandece toda a narrativa criada entorno da canção e seu álbum em si. “Leave Me To Die” é um grande potencial single da narrativa, entretanto a identificação nessa faixa é o que engrandece toda sua narrativa, um amor proibido, sem certo e errado, moral e ética conflitando e tudo que você quer é se sentir vivo e lúcido com alguém ao seu lado, a grosso modo esse é o conceito da canção, discorrido em metáforas e palavras de encher os olhos, uma narrativa cativante e certamente certeira em meio as turbulências que foram discorridas até então no \"THE PAGAN MIRACLE\". Carregando até então o maior sucesso da era, \"Aristocrats\" é geniosa, um grande destaque na narrativa, indo um pouco contra a maré criada no álbum mas ainda sim sem perder a continuidade da narrativa e sua inteligência pelos versos, a forma que é discorrido sobre a sociedade em seus versos é como uma grande obra literária com as palavras certas no momento certo, e é uma canção onde a colaboração não se sobressai ao artista principal, tudo se encaixa como um quebra-cabeças de pequenas peças que juntas formam uma obra linda. “Solstice of June” narra de forma muito limpa um amor se esvaindo, como uma mudança de estações, Weaver estava apaixonado, seus conflitos por um momento haviam cessados, mas quem pode prever uma perda? Nem mesmo o autor da canção, a primeira parte é romântica, invejável, um amor de cinema, já a segunda parte é cruel, avassaladora e dolorosa, um crime fatal e sem julgamento. \"Painkiller\" é a faixa mais diferente de toda narrativa e também de toda a carreira do rockstar britânico, com a junção de ZANE, temos versos aqui ainda não vistos pelo cantor, ácido, preciso como um atirador de elite e muito certeiro em suas palavras, uma composição rica em detalhes e principalmente em agressividade. Em “The Gravedancer” vemos o continuar daquela agressividade de sua antecessora, com uma carga enorme de fúria, Weaver está novamente dizendo ao amado de faixa atrás tudo que ele pensa mas não de uma forma muito amável. “Savior Complex” é a faixa de maior reflexão do álbum, aqui tem uma sinceridade única e novamente a chave para um canção poderosa, boas rimas, storyteller e uma narrativa de fácil identificação, a canção consegue ser um notório destaque, cremos que por isso foi uma das canções escolhidas a serem single. Encerrando toda a narrativa temos \"Paréidolie (Revelation)\" o começo aparenta ser uma canção triste e solitária, mas no decorrer é como um despertar, um ponto e virgula numa história que terá novos capítulos, a perspicácia em encontrar seu milagre e reconhecê-lo é engrandecedor, e trazer um fragmento das faixas do álbum ao final da track deixou ela como um grande resumo de tudo que ocorreu, muito bem colocado. O rockstar britânico Alec Weaver teve um salto evolutivo enorme mas sem perder as suas raízes melodramáticas e metafóricas, no que se diz respeito ao visual, como sempre a capacidade do cantor em deixar qualquer um boquiaberto com seus visuais e referencias são enormes, para quem achou que a releitura da Santa Ceia em \"Aristocrats\" era o seu ápice, certamente irá trocar de ideia vendo tal visual do álbum, um show renascentista e principalmente bíblico. \"THE PAGAN MIRACLE\" não é só um álbum introspectivo ou até mesmo de cunho religioso ou algo do tipo, ele é mais, um grande livro, uma história de amor proibido, auto descobrimento e principalmente um ponto de evolução notório na carreira do britânico.

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